O cristianismo e a bíblia, erradamente, vem ensinando que todo espírito manifestante é mau. A exceção é dos Espíritos de Deus e de Jesus. E, com a instituição da Santíssima Trindade, oficializada e transformada em dogma no Concílio Ecumênico de Constantinopla (381), é claro que o Espírito Santo dela é também visto como bom.
Mas, como os leitores desta coluna já sabem, pela Bíblia, ele é uma espécie de substantivo coletivo que designa todos os espíritos humanos. “Não sabeis vós que vós sois templo de um espírito santo…?” (1 Coríntios 6: 19). Observe-se que Deus é um, e o espírito santo é outro. Quando Paulo disse isso, os teólogos ainda não tinham instituído a Trindade e nem a ele.
Respeitemos os chamados padres da Igreja e suas ideias teológicas, mas eles não eram infalíveis. E quem não concorda com o fato de que os teólogos de hoje sabem mais sobre Deus do que eles? E os teólogos antigos, mesmo os que tenham sido santos e até canonizados pela Igreja, eram seres humanos imperfeitos como todos nós o somos. E, portanto, tinham também seu ego aflorado, com sua vaidade e seu orgulho, pois todos que estamos reencarnados aqui nesse nosso mundo somos dominados pelo nosso ego. Em outras palavras, como se diz, todos nós temos culpas no cartório! Além do mais, no passado longínquo, a Igreja era unida com os imperadores que davam apoio às ideias que os teólogos dela criavam. Eu me referi a ela, porque, naqueles tempos, só ela existia. Mais tarde, os protestantes tiveram também apoio de reis, e eles até tiveram, igualmente, suas fogueiras inquisitoriais. O espanhol Miguel Servet (1511-1553), teólogo, médico e advogado, morreu na fogueira, por ordem de Calvino, por dizer que a Trindade era até uma blasfêmia contra Deus.
Se os teólogos do passado, com sua teologia, cometeram o absurdo de aceitar o erro da Inquisição, como coisa correta e não um erro e, pois, agradável a Deus, não nos é surpreendente que tivessem também mais outras ideias erradas como se fossem verdades intocáveis e até inspiradas por Deus!
E foi com ideias filosófico-teológicas semelhantes às que inspiraram a Inquisição, que consideraram todos os espíritos manifestantes como sendo demônios maus, quando demônios (“daimones”, no grego da Bíblia – NT) e no grego das demais obras escritas nos mesmos tempos em que ela foi escrita, são as almas ou os espíritos dos desencarnados. De acordo com essa visão errada dos teólogos sobre os espíritos humanos, é o caso de se lhes perguntar que Deus seria esse deles que só criou espíritos humanos maus?
Mas o pior é que muitos líderes religiosos cristãos ignoram mesmo ou fingem que ignoram o que são demônios na Bíblia, e continuam ensinando erradamente esse assunto para seus fiéis. E isso, hoje, é o que é, realmente, a grande mentira sobre a Bíblia e os espíritos!
PS: Recomendo “Modigliani – Mistérios a um toque de Amor”, de Alex Ribeiro do Prado, Ed. Chico Xavier.
Autor: Jose Reis Chaves