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A Bíblia e as Teologias

A Bíblia e as Teologias

A Bíblia é, inegavelmente, o livro mais respeitado, mais lido e, conseqüentemente, o mais vendido do mundo. Mas poucos sabem que a Bíblia é, também, o livro mais polêmico do mundo. Isso porque são muitas as correntes teológicas usadas na interpretação de seus textos.

Existem hoje mais de 200 igrejas evangélicas espalhadas pelo mundo afora. Há uma certa unidade entre elas, sim, mas são muitas, também, as divergências.Na Igreja Católica há, igualmente, hoje, uma pluralidade de idéias entre os teólogos, embora, geralmente, poucos sejam os que entram em choque com os seus superiores hierárquicos, pois se esforçam para manter a sua unidade em torno das diretrizes do Vaticano.

O estudo bíblico norteia-se por dois princípios básicos muito conhecidos, ou seja, a Hermenêutica e a Exegese. A Hermenêutica estabelece normas bastante rígidas para isso, tais como fatores culturais, ambientais, históricos, antropológicos, psicológicos e de época relacionados com os autores sagrados e os povos bíblicos envolvidos nos episódios. Já a Exegese caracteriza-se por determinar técnicas e normas para a interpretação dos textos, prendendo-se, às vezes, à letra, mas permite uma interpretação, também, por vezes, muito alegórica.

Assim, se a Hermenêutica é mais ligada a recursos científicos para a interpretação da Bíblia, já a Exegese envereda-se por um caminho de uma interpretação mais liberal.

E é com a Exegese que surgem as complicações mais sérias, pois baseia-se nos Dogmas instituídos ao longo dos séculos da História da Igreja , em concílios ecumênicos, encíclicas papais e em certas tradições orais do Cristianismo Primitivo, ensejando, assim, o surgimento de acirradas polêmicas, heresias e novas igrejas discordantes dos princípios dogmáticos.

Os Dogmas constituem, pois, um problema crucial para a Igreja e as outras suas co-irmãs. Primeiro, porque foram instituídos, às vezes, às pressas, e em épocas de mentalidade muito atrasada da Humanidade. Segundo, porque lhes foi dado o caráter de serem intocáveis, porquanto seriam verdades emanadas de Deus para os bispos participantes dos chamados Concílios Ecumênicos.

Como um dos maiores erros de todas as religiões são os seus exageros, não estaríamos aqui diante de um exemplo desses erros, que vêm prejudicando seriamente a Igreja e o Cristianismo, de um modo geral, há séculos? Por que, pois, não se reverem certos Dogmas que, ao invés de conquistarem mais almas para o Rebanho de Cristo, vêm afastando-as desse Rebanho, e levando-as para a indiferença religiosa, quando não as arrastam para o materialismo e o ateísmo? E a tendência é de um agravamento dessa situação, à proporção que vai evoluindo a mentalidade das pessoas, com o maior nível cultural que vão adquirindo.

E uma coisa é certa. A Igreja e o Cristianismo, como um todo, afastaram-se muito daquele Cristianismo Primitivo, o verdadeiro Cristianismo, pois que ainda não se havia contaminado pelas idéias teológicas, que, muitas vezes, não só estão distanciadas da mensagem de amor e desapego do Mestre da Galiléia, mas, não raramente, até se chocam contra essa mensagem mais importante da Bíblia.

Mas há outros aspectos bíblicos com que nem sempre se sintonizam as Teologias Cristãs. Por exemplo: O Livro de Atos dos Apóstolos, a Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios, principalmente em seus Capítulos 12 e 14, e outras passagens das Escrituras Sagradas que registram uma grande quantidade de fenômenos espirituais (mediúnicos), e, no entanto, pouco ou quase nada os teólogos falam sobre isso, pelo menos de público. E entre alguns carismáticos, afirma-se que os fenômenos que acontecem com eles é Espiritismo puro. Aliás, o próprio termo carismático (carismata, do Grego) significa médium., uma pessoa que está em estado alterado de consciência., isto é, em transe.

E vamos a um exemplo desses fenômenos: Em Atos, 16, 9, São Paulo tem uma visão de um homem macedônico. Trata-se da materialização de um espírito humano, de que se afirma até de que nacionalidade ele era, ou seja, a Macedônia. E acrescente-se a isso que, para muitos teólogos europeus, entre eles o Pe- François Brune, representante do Vaticano para Transcomunicação (contato com os espíritos via eletrônica), anjos na Bíblia são espíritos de luz de pessoas falecidas. Aliás, todos sabemos que a palavra anjo, tão comum na Bíblia, antes de mais nada, é espírito.

Por fim, no original hebraico do Velho Testamento, temos três tipos de profetas, sendo um deles navi, isto é, o profeta que, quando profetiza ,está incorporado por um espírito que fala através do corpo do profeta. E, no entanto, os padres e pastores nunca nos dão essa informação. Seria ignorância deles sobre isso, ou intenção de ocultarem essa verdade? Cremos tratar-se de ignorância deles, mas não de muitos de seus professores, que julgam inconveniente passar para eles esse detalhe.

Até quando vamos ter as Teologias Cristãs em contradição com verdades importantes da bíblia?

(Para maiores detalhes sobre esses assuntos, recomendamos aos leitores os livros “A Face Oculta das Religiões” (adotado pela USP), de nossa modesta autoria, Ed. Martin Claret, e “A Bíblia à Moda da Casa”, de Paulo da Silva Neto Sobrinho).

José Reis Chaves

E-mail: escritorchaves@ig.com.br