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De Herodes a Pilatos

De Herodes a Pilatos

Jesus Cristo, o maior dos missionários descidos à Terra, teve de caminhar de
Anás a Caifás, de Caifás a Pilatos, de Pilatos a Herodes e, novamente, de
Herodes a Pilatos, pois, todos eles desejavam a sua morte, mas nenhum deles
queria assumir a responsabilidade.

Três deles: Anás, Caifás e Herodes eram judeus. Pilatos era cidadão romano e,
indubitavelmente, foi o que menos demonstrou interesse na condenação do Meigo
Nazareno.

O povo judeu suspirava pelo advento do tão esperado Messias e, quando este
surgiu no cenário do mundo, encontrou no seio desse povo inimigos figadais,
dentre eles o principal dos sacerdotes e os escribas, homens que decidiam sobre
os assuntos pertinentes à religião. Os fariseus, homens de razoável projeção na
época, também fizeram causa comum com os que combatiam as novas idéias trazidas
por Jesus Cristo.

O povo israelita desfrutou de um status bastante significativo, quando
esteve sob a orientação dos profetas. As admoestações dadas por estes, faziam
com que esse mesmo povo sofreasse os seus desregramentos e caminhasse por uma
senda mais segura e consentânea com a vontade de Deus; no entanto, logo que
Samuel desencarnou e Saul foi proclamado o primeiro rei daquela nação, teve
início uma fase muito conturbada, agravada sensivelmente quando os sacerdotes
passaram a exercer hegemonia, relegando a plano secundário a atuação dos
profetas.

Inegavelmente, profetas não foram somente aqueles assim denominados, ou seja,
os doze profetas de Israel. No tempo de Jesus, também houve profetas e
profetisas, haja vista o caso de Simeão e Ana, narrados em Lucas (2;25-38); no
entanto, esses medianeiros não exerciam ascendência sobre o povo; por isso, no
julgamento de Jesus Cristo, a ação dos sacerdotes se fez sentir em toda a sua
intensidade. Os sacerdotes não podiam admitir que Deus contemplasse, com os dons
da profecia, homens rudes e aparentemente apagados no que tangia ao conhecimento
das Escrituras.

Profetas sempre existiram na Terra. Deus jamais deixou que seus filhos
ficassem desprovidos da sábia orientação desses homens dotados de dons
mediúnicos; as vozes desses intermediários, entre o Céu e a Terra, tinham eco no
seio do povo. Depois, essas mesmas vozes praticamente silenciaram, não obstante
o fato de algumas terem admoestado os próprios reis e governantes, como foi o
caso do profeta Natã, que não trepidou em advertir o rei Davi, pelo fato de ter
cometido um assassinato e um adultério. (II Samuel, 12;1-10)

Quando do advento de Jesus Cristo, teve início uma intensificação no processo
de intercâmbio com os Espíritos, que perdurou cerca de três séculos, pois os
primitivos cristãos mantinham constante intercâmbio com os Espíritos do Senhor.
Logo que o Imperador Constantino deu início ao processo de secularização do
Cristianismo, dando margem à criação de um corpo sacerdotal e de numerosos
bispados, começou a cessar a interferência dos profetas (médiuns), no
encaminhamento das coisas de Deus.

Cristo encontrou numerosas dificuldades no desempenho de sua santificante
missão. Ele teve que enfrentar os mandatários da época, os detentores dos
poderes político e religioso, sendo obrigado a caminhar de Anás a Caifás, de
Caifás a Pilatos, de Pilatos a Herodes e, novamente, de Herodes a Pilatos, tudo
isso com o objetivo de demonstrar a incongruência das instituições humanas, que
tudo fazem para que as coisas dos homens tenham prioridade sobre as coisas de
Deus.

Quando do advento de Jesus Cristo, teve início uma intensificação no
processo de intercâmbio com os Espíritos

(Jornal Mundo Espírita de Maio de 1998)