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Elegia a um homem simples e bom

Elegia a um homem simples e bom

 

Dois de abril de mil novecentos e dez nasce na Terra Francisco Cândido
Xavier. Mais um espírito vindo do espaço para aprender, crescer, lutar pela sua
evolução e acertar suas contas com a vida, com a lei de causa e efeito.

Apenas isto? Hoje somos seis bilhões de almas na Terra, mas não era apenas
isto. Com Chico Xavier, nascia a mais perfeita antena psíquica dos últimos
séculos. Ainda mais do que isto: nascia um homem bom, humilde, iluminado. O
homem que espantou o mundo literário com o seu 1º livro – Parnaso de Além
Túmulo. Através de seu lápis, versejaram os maiores poetas luso-brasileiros.
Guerra Junqueiro, João Deus, Augusto dos Anjos, Auta de Souza e centenas de
outros literatos que vieram para somar nesse esforço extraordinário de provar a
continuidade da vida.

Os livros foram se materializando e chegaram a mais de 400. 75 anos de
mediunidade consoladora. 75 anos de vida pública irrepreensível. Com certeza ele
foi o “Homem Amor”. Quantas mães foram à Uberaba em desespero em busca de
notícias de seus filhos amados e receberam mensagens consoladoras com a tinta
feita com as lágrimas da saudade.

Herculano Pires, escreveu um comentário para a publicação de O Livro dos
Espíritos no 30º aniversário da LAKE dizendo que o homem (Kardec) debruçou-se
sobre o abismo do incognoscível para interrogá-lo, ouvir as suas vozes
misteriosas, arrancar-lhe os mais íntimos segredos. Podemos dizer que Francisco
Cândido Xavier adentrou o abismo e foi intérprete dos seus moradores para os
homens da Terra. Ainda mais, Chico foi a ponte que permitiu aos espíritos de
todas as condições virem até nós e contarem como vivem, o que fazem e falar dos
seus amores, temores e esperanças.

O guerreiro da Luz (guerreiro incapaz de ferir ou magoar) deixou a armadura
física e partiu para o mundo que ele conhece tão bem, pois nesses últimos anos
ele vivia aqui entre nós, e também no mundo dos espíritos. Repouse um pouco
guerreiro. Suas armas, o AMOR E A VERDADE também descansam, a espera de que você
as empunhe novamente, para ajudar a construir um mundo melhor, de paz, harmonia
e bondade.

O coração de Francisco Cândido Xavier parou no início da noite do domingo.
Coração que pulsou ao compasso do amor durante 92 anos. Todas as horas da vida
de Chico Xavier foram de ouro, ornadas com sessenta brilhantes côncavos, que ele
preencheu com muito amor. Se pudéssemos lhe dar um presente, Chico, te daríamos
uma sonata de amor escrita na pauta do arco-íris e executada pelas estrelas.

Nosso coração chora, mas com certeza o mundo espiritual está em festa. Uma
estrada de luz se abre de Uberaba ao infinito. Nas duas margens uma multidão de
espíritos o saúdam. O perfume do vaso de alabastro com que aquela mulher ungiu
os cabelos de Jesus de Nazaré num banquete, toma conta do ambiente. Do coração
de Jesus irradia-se uma luz opalina que envolve o medianeiro. Adeus, Chico. Em
nosso coração fica a saudade.