Incorporemos o espírito de cidadania
Delinquência e prostituição, gravidez precoce e sonhos desfeitos ainda na tenra
idade. Esse é o quadro triste e vergonhoso que invade os lares das melhores famílias
e atinge também crianças pobres e abandonadas no Brasil.
A luta pela sobrevivência as obriga a catarem nos lixões e nas ruas, desorientadas
e famintas, o pão de cada dia.
Em qualquer lugar, onde haja pessoas que possam comprar alguma coisa, lá estarão
elas vendendo de tudo um pouco. Até mesmo o próprio corpo, frágil e mal formado
em sua estruturação física e psicológica.
São todas crianças em fase escolar, desejosas de brincar e crescer naturalmente,
com direito a sonhar com um amanhã mais promissor em suas vidas. Os pais, em sua maioria, são simples reprodutores
da natureza, inconscientes de suas responsabilidades morais numa sociedade de homens
mais esclarecidos.
Companheiros espíritas menos esclarecidos tentam justificar tudo isso alegando
que as nossas crianças, socialmente excluídas, experimentam um processo cármico
reparador.
Não devemos aceitar essa visão simplista sem o devido questionamento de causa
moral dos problemas sociais que assolam a Pátria do Evangelho.
Todos nós temos o dever cristão de amparar e proteger essas crianças “jogadas
no mundo”, estendendo-lhes os benefícios da educação em todas as suas formas de
manifestação social, moral e espiritual.
Não esqueçamos também de orientar e apoiar os pais que, diante da solicitude
de vida, pedem apenas condições dignas de sobrevivência, sem quaisquer constrangimentos.
Façamos a nossa parte incorporando o verdadeiro espírito de cidadania, trabalhando
por uma sociedade mais justa e igualitária, sem impingir culpas a quem quer que
seja. Conscientizemos as famílias carentes de pão, trabalho, educação e fé racional
que o destino de suas vidas está sob o império do livre arbítrio de suas atitudes
e escolhas pessoais.
Trabalhemos com respeitosa demonstração de caridade e humildade pelos excluídos
sociais desse gigantesco País, um belo menino adormecido em berço esplêndido…
(Publicado no Correio Fraterno do ABC Nº 362 de Março de 2001)