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Jesus

O Espiritismo nos mostra Jesus como um Espírito criado como nós, simples e
ignorante, pois Deus não seria soberanamente justo se criasse seres
diferenciados. Todos temos de passar pelo processo evolutivo, tendo o mesmo
ponto de partida, o mesmo ponto de chegada.

Jesus fez, portanto, sua evolução intelectual e moral; não sabemos onde, nem
como, nem quando, mas já era perfeito antes da Terra existir.

Talvez haja Espíritos que, tendo feito sua evolução na aceitação da lei do
Bem, não tenham tido tantas dificuldades como nós, Espíritos rebeldes,
necessitados de viver em mundo de expiações e provas. Jesus pode ter sido um
deles.

Através dos Evangelhos, vemos Jesus como um Espírito divino pela sua
superioridade espiritual, pela sua vivência no amor, pelas vibrações balsâmicas,
amorosas que irradiava e continua irradiando, as quais podemos sentir sempre que
o mentalizamos, que meditamos em suas lições, no seu viver.

Jesus é a luz que brilha na Terra, indicando o caminho da paz e da
felicidade, tão almejadas pelos homens.

Quando começamos a perceber a beleza, a sublimidade da sua mensagem e do que
ele representa para todos nós, sentimo-nos tão distantes desse Irmão Maior, que
pensamos jamais conseguir o que ele conquistou.

Vemos nos seus ensinos, procedimentos e atitudes, valores tão estranhos aos
da humanidade em geral, ainda hoje, que pode-se pensar ter sido ele, aqui na
Terra, um ser muito privilegiado por Deus ou muito ingênuo e sonhador, desligado
da realidade deste mundo.

No entanto, se pararmos para refletir sobre a caminhada evolutiva da
humanidade, vemos que sempre houve homens diferenciados, que procuraram nos
diversos campos do conhecimento, do saber e da vivência no amor, estimular,
impulsionar os homens para o progresso no Bem. Muitos ficaram restritos a
determinadas regiões e não mais lembrados. Muitos outros fazem parte da história
da humanidade.

Jesus, todavia, destaca-se como sendo o maior, bem acima de todos os homens,
envolvendo com seu amor e sua sabedoria toda a Terra e seus habitantes. “Eu sou
o caminho, a verdade e a vida e ninguém vai ao Pai senão por mim” (João, 14:6),
ou seja sem a vivência das leis morais que ele viveu como ninguém.

E é graças a esse Amor Irradiante que nos envolve e nos penetra
sustentando-nos, inspirando-nos, que continuamos, após dois mil anos de sua
vinda na Terra, estudando seus ensinos, tentando compreendê-los e praticá-los,
porque ele nos revelou que nós também podemos atingir seu grau evolutivo: “Em
verdade, em verdade vos digo que aquele que crê em mim, fará também as obras que
eu faço, e outras maiores fará…” (João, 14:12).

Jesus demonstrou-nos que só a solidariedade, a fraternidade, o perdão, a
indulgência, a caridade, o amor são os sentimentos que levam a inteligência a
agir no bem, individual e coletivamente.

Inteligência sem amor, sem sentimentos nobres, tem levado os homens a se
destruírem porque essa inteligência estimula o orgulho e o egoísmo, fonte de
todos os males existentes entre os homens.

Jesus foi o exemplo maior da inteligência e do amor na Terra. Tinha em si
conhecimentos profundos das leis físicas e morais, pois era um Espírito
perfeito, não com potencial em desenvolvimento, mas com um grau de evolução que
lhe permitia dizer: “Eu e o Pai somos um” (João, 10:30). Fez os chamados
“milagres” porque conhecia a constituição de todos os elementos físicos e
químicos, sabia combiná-los para os fins desejados “Segundo a definição dada por
um Espírito, ele era médium de Deus” (A Gênese de Allan Kardec, cap. XV item 2).

Viveu mantendo sempre a mesma postura diante dos poderosos, do povo simples,
dos que o amavam e dos que o ridicularizavam. Atendeu a quem o procurou, não
buscou nem forçou ninguém. Demonstrou amor a todos os homens. Não perdeu tempo
com querelas ou discussões. Fez o que veio fazer: ensinar a lei do amor a todos
os homens.

Jesus foi um revolucionário, no sentido de viver no mundo material com os
valores espirituais sublimados na sabedoria e no amor. Por isso seus ensinos
provocam, quando entendidos e aceitos, uma necessidade interior, uma convicção
do valor do bem, do progresso. E essa mudança interior exige luta intensa, não
com os outros, mas consigo próprio. Daí, suas palavras: “Esforçai-vos por entrar
pela porta estreita…” (Lucas, 13:24).

Demonstrou, claramente, que seus discípulos deveriam manter sempre a mesma
atitude no bem, independente do meio, da situação, do acontecimento e das
pessoas.

Viver no mundo, participar das coisas do mundo, buscar aprender com as
experiências deste mundo, concorrer para o bem de todos, sabendo todavia, que
somos seres espirituais, provisoriamente vivendo na Terra com o objetivo de
evolução constante, no desenvolvimento de nós mesmos.

Viver no mundo sem prendermo-nos aos valores materiais, usando de tudo que a
Terra nos oferece para benefício do ser eterno que somos.

Jesus é nosso modelo, nosso guia!

(Jornal Verdade e Luz Nº 179 de Dezembro de 2000)