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A Justiça Divina

A Justiça Divina

O conceito de Céu e Inferno sofreu grandes modificações com o advento da
Doutrina Espírita. Já não se entende mais por ser Céu uma região onde a
felicidade plena impera e o Inferno um lugar de atroz sofrimento. A cada nova
existência aprendemos que a vida vai seguindo, triunfante, em todos os domínios.
A matéria vai assumindo estágios diversos de fluidez e condensação. Cada
espírito permanece em determinado momento evolutivo sendo portanto o Céu o
estado de alma que varia conforme a visão interior de cada um e o inferno
traduzido por uma vida de provações extremadas e dolorosas, com a certeza
absoluta de que há algo melhor, podendo-se concluir, que tanto a felicidade
quanto a infelicidade após a desencarnação, é inerente ao grau de
aperfeiçoamento moral de cada Espírito. As dores e sofrimentos que cada um de
nós experimenta são dores morais e estão diretamente relacionadas com os atos
praticados. Nada, portanto, é gratuito. Tudo é conseqüência da Lei de Causa e
Efeito. As imperfeições que não conseguimos corrigir na vida corporal refletem
na alma e no espírito, sendo pois a felicidade um resultado imediato de nossa
perfeição, isto é, nossa purificação do espírito.

Temos então a percepção clara de que a felicidade ou infelicidade depende de
nosso grau evolutivo e das virtudes e progressos que alcançamos, que nos dão a
possibilidade de adquirir o bem que nos falta, sendo de cada um o mérito de sua
evolução. Não há uma única imperfeição que não acarrete uma funesta conseqüência
para a alma, assim como não há sequer uma única qualidade, por menor que seja,
que não seja fonte de uma satisfação. Pode-se dizer portanto que a soma de penas
é proporcional a soma de nossas imperfeições e a dos gozos referentes a
somatória de nossas qualidades. O futuro é aberto a todas as criaturas. A elas é
dado, através do livre arbítrio, a possibilidade de, despojando-se de todo o
mal, adquirir o bem através de virtudes e progressos, sendo isto conseqüência da
vontade própria e aberto a todas as criaturas.

O inferno está em toda parte , onde quer que haja almas sofredoras; e o céu
está, também, na mesma proporção em toda parte onde há almas felizes. Deus
faculta os meios de melhoria. Oferece em cada reencarnação um planejamento
coerente, de amor e justiça, onde cada qual tem a chance de progredir. Como cada
pena equivale às faltas cometidas nas existências pretéritas, devemos nos
esforçar para aproveitar ao máximo as experiências adquiridas em cada
existência. Sendo portanto a felicidade impessoal, o sofrimento existe em
diferentes graus e gêneros, traduzindo as penalidades espíritas em três
princípios:

  1. O sofrimento é inerente à imperfeição;
  2. Toda imperfeição traz consigo o próprio castigo com conseqüências naturais
    e inevitáveis, assim sendo a moléstia pune os excessos e da ociosidade nasce o
    tédio sem que haja necessidade de uma penalidade específica para cada falta do
    indivíduo.
  3. Podendo todo homem libertar-se das imperfeições pela própria vontade,
    pode, igualmente, anular os males consecutivos e assegurar futuras felicidades
    através de boas obras, de boas ações.

A justiça Divina dá “A cada um conforme a sua obra”, embasada que é no
princípio da ação e da reação.

A Lei do Progresso dá a toda alma o direito , a possibilidade de adquirir os
benefícios que lhe falta. O bem e o mal que fazemos dependem das qualidades que
possuímos. A liberdade, sendo qualidade essencial da alma humana dá ao homem a
responsabilidade da dignidade e da moralidade, sendo pois estas duas noções,
liberdade e moralidade, inseparáveis.

Sabemos, entretanto, que há males que ocorrem na nossa vida em que não
concorremos para que aconteçam, aí sim, vemos diretamente o efeito das coisas
que praticamos em vidas anteriores. O que se nos parece injusto por nada termos
concorrido para um mau efeito, nesta existência, não o é porque é reflexo de
imperfeições da vida pretérita, tais como por exemplo, acidentes que não podemos
impedir, os reveses da vida financeira, a perda de entes queridos, e até os
nascimentos com enfermidades, que certamente não foram adquiridos nesta
existência. O hoje é o conjunto de experiências vividas no passado e o amanhã é,
igualmente, o resultado de nossas ações do hoje.

Deus nos dá a possibilidade da prática do bem e do mal. Deus nos dotou do
livre arbítrio e dependendo do que fazemos temos a reação equivalente.
Paralelamente a isto há o que chamamos de fatalidade que é o resultado das
provas que escolhemos, enquanto espíritos, ao reencarnar, para sofrer esta ou
aquela provação à nossa evolução. É portanto responsabilidade nossa, de cada um
de nós, as nossas aflições, os nossos infortúnios.

Não resta a menor dúvida que ao construirmos o nosso hoje aliando o produto
de nossas experiências ao crescente desejo de fazer o bem, de exercer as
qualidades morais existentes em cada um de nós, com o intuito de evoluir,
teremos, certamente, mais venturas, pois não há sofrimento sem causa e efeito
assim como não há ação sem reação.

De que forma poderemos, então, na mesma existência, suavizar nossas faltas e
nossas desventuras? Que precisaríamos fazer para seguir adiante evolutivamente e
reparar, nesta mesma existência, faltas cometidas? Este é o caso em que o
arrependimento, a expiação e a reparação, constituem as três condições
necessárias para apagar os traços de uma falta assim como suas conseqüências. O
arrependimento, que é o reconhecimento verdadeiro, próprio do infrator, daquele
que cometeu a falta, embora seja o primeiro passo para a reparação , amenizando
a expiação, somente abre as portas da reparação e reabilitação. Só a reparação
propriamente dita, entretanto, é que pode anular a causa. A reparação consiste
em fazer o bem àqueles a quem havíamos feito o mal. Quem não repara seus erros
por má-vontade ou fraqueza, haverá de, em outra existência, conviver com as
mesmas pessoas em condições voluntariamente escolhidas de modo a fazer-lhes o
bem tanto quanto o mal que se tenha feito. A reparação de nossos erros, quando
não é feita em uma existência, é levada a outra existência, só sendo efetivada
com a aceitação cármica, pelo perdoado.

Após a expiação de erros passados, aí sim vem o resgate, que acontece sempre
que praticamos o bem em compensação ao mal praticado, sendo humildes, quando
fomos orgulhosos; caridosos quando fomos egoístas, úteis quando tivermos sido
inúteis e assim sucessivamente.

Concluímos, portanto, que o perdão deve ser um ato contido de absoluto
sentimento, puro, sem ostentação ou orgulho, sendo uma forma de reconciliação.
Só assim ele aproveita o que nos ofendeu, sendo a generosidade do perdão um
benefício àquele que perdoa.

(Publicado no Boletim GEAE Número 313 de 6 de outubro de 1998)

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