Amilcar Del Chiaro
A adoração a Deus é encontrada em todos os povos e épocas, em formas e rituais diferentes. Desde os selvagens mais atrasados, que adoram as manifestações da natureza, ou se prosternam ante ídolos de pedras ou metais, até ao mais civilizado, que refinou a adoração, o homem tem dentro de si, na intimidade da alma, a idéia de Deus. Foram, e são muitos e diversificados, os modos de adoração, que vai desde os mais cruentos, aos mais requintados, como a mentalização e a meditação. As religiões, inclusive as cristãs, construíram seus templos e as suas regras de adoração. Até se tem procurado construir templos ecumênicos, onde todas as confissões religiosas poderiam oficiar seus cultos, mas por ora são apenas tentativas ou ensaios. A questão da adoração é muito antiga, e deu oportunidade de acontecer um dos mais belos diálogos do Evangelho. Foi quando Jesus de Nazaré conversou com a Mulher Samaritana: – Rabi! Onde devemos adorar a Deus? Em Jerusalém como afirmam os Judeus, ou no Monte Garazim, como mandam nossos pais? – Mulher! Dia virá, e já está próximo, onde os verdadeiros adoradores adorarão ao Pai em verdadeiro espírito. O espírita adora a Deus? Sim! O Livro dos Espíritos tem um capítulo dedicado à lei de Adoração, por isso adoramos a Deus de toda a nossa alma e coração, apaixonadamente. Mas para isso o espírita não precisa comparecer a templos de qualquer espécie. A rigor, nem mesmo a centros espíritas, muito menos a cenáculos, tabernáculos ou similares, mesmo, ou quando se adjetivam de espíritas. Precisamos entender que adorar a Deus não é rezar o tempo todo, nem se consagrar ao celibato, fazer jejuns, não comer este ou aquele alimento, ler constantemente a Bíblia, fazer o Evangelho no Lar metodicamente, seguir as regras de pureza, doar cestas básicas ou a sopa do necessitado. Todas elas ajudam, mas não realizam o ato de adoração. Adorar a Deus é amar e respeitar a sua criação, valorizar a vida, defender o meio ambiente, defender os direitos humanos de todos, distribuir a renda com justiça e magnanimidade, trabalhar pela paz. Adorar a Deus é ver a sua presença divina nos olhos de todos os homens, amar o próximo como a si mesmo. A lei para o espírita é a de justiça, amor e caridade, que ensina que o primeiro e maior direito do homem é o de viver, e por isso não pratica nenhum ato que possa lesar o seu próximo. Pelo seu conhecimento, pela sua consciência, o espírita adora a Deus num templo sim, o universo. Este é o único, além do coração do homem, digno desta adoração. Seu altar é a consciência do homem que sabe, e não apenas crê. Ali ele sacrifica o que realmente pode ser agradável a Deus, ou seja, Sacrifica o orgulho, o egoísmo e todo o cortejo das inferioridades humanas.