Vamos dar um rápido passeio pelo Livro Terceiro, de O Livro dos Espíritos —
As Leis Morais — destacando alguns pontos, começando pela Lei de Adoração:
aprendemos com a Doutrina Espírita a não ter medo de Deus, portanto, nossa
adoração não é para aplacar a sua ira, mas a submissão consciente e pacífica da
criatura ao seu criador, e se o adoramos, é porque o amamos. Também não o
adoramos exteriormente, com pompas e ouropéis, mas no coração, no sentimento.
Na lei de destruição aprendemos que ao morrermos, apenas o invólucro material
perece. O espírito escapa do casulo e levanta o seu vôo para a espiritualidade.
Quem poderá entender melhor que os espíritas as palavras de Paulo de Tarso:
“Semeia-se corpo animal e nasce corpo espiritual”?
Na Lei do Trabalho vem a sentença sábia: O limite do trabalho é o das forças
do homem. Aquele que não pode sustentar-se deve ser cuidado pela sociedade. A
falta de trabalho é um flagelo. Sim, é um flagelo talvez superado somente pelo
egoísmo da humanidade.
Na Lei de igualdade fica demonstrado que Deus não criou as classes sociais.
Todos somos iguais perante Deus, e Kardec eleva a mulher à sua verdadeira
condição. Homens e mulheres tem os mesmos direitos, mas funções diferentes.
Mesmo que para alguns pareça modesta as condições das funções, há 145 anos era
uma posição avançadíssima.
As leis morais profliga o aborto, a eutanásia, a escravidão, o domínio do
homem sobre a mulher e chama a atenção dos pais e educadores para a necessidade
da educação moral, formadora do caráter e de bons hábitos, e não apenas a
instrução.
Mas nos deleitamos com a Lei de Justiça, Amor e Caridade, onde os espíritos
afirmam que o primeiro direito natural do homem, é o de viver. Para nós é um
hino de amor, um grito de alerta, antes mesmo da existência de entidades que
defendem os direitos humanos. O direito de viver compreende a dignidade da vida.
O livro afirma que ninguém pode atentar contra a vida de outrem. É fácil
compreender, que não se trata de atentar com uma arma ou com agressão, mas
atenta-se contra a vida de outrem, com a má distribuição da renda e dos bens da
terra. Com a justiça morosa, e as vezes imoral em relação aos fracos e
oprimidos.
A Doutrina Espírita é viril, corajosa, revolucionária. Ao nosso ver, erram os
que pregam uma doutrina de submissão, dizendo que os que sofrem hoje, gozaram e
abusaram ontem. É esta sociedade injusta e opressora que fabrica as
“candelárias” os massacres de presos, as revoltas das FEBEMs, as torturas, às
ditaduras, os crimes bárbaros.
Não pregamos a violência, mas a coragem de dizer a quem erra, que ele é o
responsável pelas conseqüências. A coragem de mostrar a hipocrisia dos que
desvirtuam um mandato, outorgado pelo povo, para exercê-lo em favor do povo, e
não de si mesmo ou do seu corporativismo.
Cremos que já é hora dos espíritas aperfeiçoarem a sua assistência social,
que é importante, com mudanças sociais. Viver não pode ser uma concessão dos
mais fortes, e sim um direito natural. Fazer aos outros o que queremos que nos
seja feito, ainda é uma regra de ouro para a humanidade.