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Léon Denis, um nome inesquecível

Léon Denis, um nome inesquecível

 

Fixo os meus olhos no calendário sobre minha mesa.
Hoje, dia 13 de abril de 2.000, exatamente, neste mesmo dia, ano de 1.927, na
cidade de Tour, (França), aos 81 anos, desencarnava o nosso inesquecível Léon
Denis. Podemos dizer que Léon Denis, contemporâneo de Kardec, foi o expoente
máximo no campo da filosofia espírita. Além de possuir uma cultura multifária,
dominava, com maestria, todos os seguimentos da nossa doutrina. Possuía um
estilo poético ao escrever e valia-se de uma lógica tão profunda que os seus
escritos, até hoje, inundam de luz os nossos caminhos. Podemos colocar Léon
Denis no mesmo plano do nosso mestre Kardec. Nestas circunstâncias, em sua
homenagem, justa e merecida, vamos, á vol d’oiseau(1), traçar os seus dados
biográficos. Para os amigos que já o conhecem, vamos recordar juntos, para os
amigos que ainda não o conhecem, nesta oportunidade, vão ter o prazer de tomar
conhecimento dos passos deste astro de primeira grandeza no cenário do
Espiritismo.

Vejamos: Léon Denis, francês de nascimento, reencarnou em Foug no dia 1º de
janeiro de 1.846. Descendente de uma família honrada, no entanto, muito pobre.
Denis cursou apenas escolinha primária e daí por diante, amigo dos livros,
passou a ser um autêntico autodidata. Converteuse muito jovem à Doutrina
Espírita. Para ajudar a família, desde menino, trabalhava em indústria
delaminação, como operário, e, com os dedos feridos pela agressividade do
trabalho, compulsava diariamente as páginas do “Livro dos Espíritos”. Nunca se
apartou deste livro que foi o seu farol de luz eterna, em toda sua existência.
Pelo seu trabalho na divulgação da Doutrina que tanto o empolgou, pelo grande
amor devotado ao próximo, foi cognominado – “Apóstolo do Espiritismo”. Deixou
inúmeras obras doutrinárias que, já decorrido mais de um século, permanecem, até
hoje, como das mais atuais para o conhecimento do ser humano. Os livros de sua
lavra, foram todos assinados somente por ele. Os biógrafos de Denis relembram
que ele contou sempre com a assistência de dois eminentes mentores espirituais:
Jerônimo de Praga e Joana D’Arc. Léon Denis foi além de exímio escritor, também,
emérito orador. Foi representante do Espiritismo em conferências, em congressos
internacionais, em que fluía a sua oratória de grande tribuno, dando
continuidade ao trabalho do seu amigo Kardec, como legítimo missionário do
Espiritismo.

Oratória: “Nunca teve a humanidade mais necessidade de uma doutrina que a
ampare e console nas horas trágicas. O Espiritismo oferece o seu raio de luz a
todas as almas entenebrecidas pela tristeza e pelo desespero; ele derrama o
bálsamo consolador sobre todas as feridas”.

Durante a sua existência, Léon Denis foi muito amado não só pelo povo da
França, como também, pelos países irmãos e em especial pelo nosso Brasil. Foi
grande amigo do nosso Dr. Bezerra de Menezes. Quando do falecimento do Dr.
Bezerra de Menezes, em 11 de abril de 1900, Léon Denis assim se expressou:

“Sua morte é um luto não somente para o Brasil, mas para os espíritas do
mundo inteiro”.

Os livros escritos por Denis levam a doutrina Kardequiana para os pontos mais
longínquos. Nos seus livros magníficos, lemos e sentimos: do socialismo às
questões científicas em que a dor humana se desenvolve; da procura da razão, da
pergunta e da resposta de que cada um de nós precisa. Sim, meus amigos, Léon
Denis foi um mundo. Um mundo de ensinamentos, um mundo de filosofia, filtrando
as mais sábias lições para comandar a bússola dos nossos destinos.

Em 1.855, publicou o seu primeiro livro: “O Porque da Vida”; em 1.889, veio a
lume: “Depois da Morte”; em 1.898, nasceu: “Cristianismo e Espiritismo”; em
1.903, publicou: “No Invisível”, (um verdadeiro tratado de mediunidade).

Depois sucessivamente: em 1.908, “O Problema do Ser, do Destino e da Dor”; em
1.910, “Joana D’Arc, Médium”; em 1.911, “O Grande Enigma”; em 1.919, “O Mundo
Invisível”; E, Sua última obra: “Catecismo Espírita”.

Léon Denis foi, também, articulista da “Revista Espírita”, criada por Allan
Kardec.

Após uma existência de rígida disciplina, de rígidos trabalhos, da mais reta
conduta moral, Léon Denis veio a falecer no dia 13 de abril de 1.927, na cidade
de Tours, (França), sua terra natal. Seus livros o tornaram imortal, não somente
em língua francesa, bem como, transpondo fronteiras, aparecendo em outros
países, em versões para outros idiomas.

Meus amigos, procuremos ler Denis, antes de tudo. Sabemos que a bibliografia
espírita é vastíssima, mas, não podemos nos esquecer, em primeiro lugar, dos
livros básicos, destacando-se as obras de Denis que aqui alinhamos.

Querido mestre Denis, archote que nos ilumina, receba as homenagem do
movimento espírita. Ajude-nos a remover as pedras do caminho, para que as flores
do bem possam germinar em todos os corações.

(1) – A vôo de pássaro – expressão francesa que é aplicada como “muito por
alto”. (Nota da Redação)

(Publicado no Correio Fraterno do ABC Nº 357 de Outubro de 2000)