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Libertação: Um Processo em Progressão

Libertação: Um Processo em Progressão

É o homem a posição mental em que se situa expressando-se conforme a emoção
que o anima.

Assim, poderá renascer em condições de penúria, na família consangüínea
complicada, no meio social corrupto, problemático, passando inclusive longo
trecho da existência em perigosos e comprometedores arrastamentos ao mal.

Em qualquer instante, porém, poderá acordar para as responsabilidades da
reencarnação e a partir do momento em que se determina ao dever de se elevar,
trabalhando o raciocínio com o estudo, a compreensão, voltando-se para as
atitudes corretas, em breve tempo, terá atraído forças, mentes, braços, corações
encarnados e desencarnados, prontos, trabalhando lado a lado, ajudando-o a se
fortalecer, ver mais longe, enxergar melhor a finalidade da existência no
dinâmico processo da vida.

Entendendo agora que cada criatura está no lugar certo, na hora própria, na
circunstância que necessita, como importante programa a realizar em favor de si
mesmo, não desalenta, nem titubeia no caminho a percorrer.

Atento, realiza cada compromisso, por mais insignificante que pareça, na
certeza daquele que entende que é no treino com eles, que as realizações maiores
do futuro estão se preparando.

Entende o aplauso, a consideração do mundo, a crítica desdenhosa, o aparte, a
apreciação mesquinha, como testes à resistência moral.

Não se omite ao bem, agora, efeito natural da fé que mantém. Cultiva o hábito
da solidariedade, sem exigências ou solicitação alguma. Ajuda sem ser servil,
permanecendo livre no amor e na ação solidária.

1 – O que aconteceu com esse homem, mergulhado por tanto tempo em
situações e meios tão adversos e conturbados?

De certa forma, representa ele a odisséia de cada Espírito, que na romagem
dos tempos, vem, através das existências, convivendo e detendo-se frente aos
apelos negativos da marcha, mergulhado nas emoções do desespero, considerando e
vendo apenas adversários, ingratidões, vinganças e ódios, uma vez que a mente
descontrolada, nega-se a melhorar, abrir seu campo, sintonizando apenas com o
prejuízo e a desconsideração.

Espírito algum, porém, conseguirá marginalizar-se indefinidamente, entregue
só a si mesmo. Os impositivos do progresso o alcançarão e, nesse tempo, exausto
das surpresas doloridas do caminho que escolheu trilhar, sem forças, deseja,
aspira, sonha superar seus próprios impedimentos e ressarcir as dores que haja
semeado. Buscando reequilíbrio, impor-se-á por auto-escolha, situações duras a
exigir-lhe enorme responsabilidade, onde as horas da própria angústia serão
usadas para favorecer o sorriso nos lábios alheios.

Esses Espíritos, mais sentem do que sabem que estão se erguendo do
abismo a que se precipitaram pelo egoísmo e orgulho, pelo desrespeito às leis da
vida, e agora se esforçam buscando recuperar no tempo, o homem que se enganou.

2 – O que representará ponto básico numa caminhada?

Após essa conscientização da situação e avaliação das necessidades e
possibilidades
próprias, várias providências e situações se somarão
para esse longo curso das realizações pessoais, pressupondo-se um paralelo, as
contínuas análises íntimas, aferições, retomadas, replanejamentos e
recomposições. Entre tantos detalhes, porém, sobressai um bloco, o conjunto
formado pela disciplina da mente, vontade e educação.

3 – Por que disciplina da mente?

Esse regime de ordem que livremente o ser se impõe, direciona-o a pensar com
mais acerto, separando a interferência dos desejos e supostas necessidades,
concentrando-se nos objetivos ideais. Através do pensar, refletir, analisar,
comparar, avaliar, exercita a mente ampliando-lhe a capacidade de discernir,
apreciar, escolher, identificando os novos rumos ao alcance, descobrindo valores
que estão desperdiçados, propondo-se continuamente significados que antes não
eram percebidos.

Pela disciplina da mente, desperta a atenção, amplia o raciocínio, percebe a
realidade, participa dos acontecimentos em integral lucidez, de forma clara,
consciente, onde supera os automatismos para guiar-se pelas realizações da
inteligência unida, aliada ao sentimento enobrecido.

4 – O que orientará esse regime de ordem, essa disciplina mental?

Sem sombra de dúvida – a vontade. Inicialmente apenas uma faculdade, uma
aptidão nata, deverá ser acionada a partir da ação consciente, onde o
ser, aberto para aprender, memorizar, escolher, vai se exercitando frente às
imposições do meio físico e cultural em que se desenvolve.

Nesse conjunto exercerá papel destacado a educação, que colocando-o frente a
frente à sua potencialidade, exercer-se-á de dentro para fora, produzindo
efeitos de profundidade, onde conduz o processo, agora totalmente dependente
desse comando pessoal, para acionar a vontade disciplinando a mente.

Na identificação consciente dos valores, na seleção, no desenvolver das
aptidões em gérmen, guiando com segurança através das aprendizagens, vai
acontecendo a formação dos hábitos bons, que formam o caráter do ser que se
liberta.

Nesse processo das contínuas retomadas corrigir-se-ão as inclinações, que
induzem à queda moral, à repetição dos enganos.

A disciplina do pensamento e a vontade estão implícitas, justamente para que
uma vez dilatado o campo íntimo, ordene-se-o para as conquistas nobres do
sentimento, liberando-o das condições primárias e armando-o de recursos que só
resultarão em benefícios, que se ampliam em progressão, buscando o ideal, a
meta.

Ainda pela educação age o homem não só sobre si, mas altera o meio em que
atua pela conseqüente vivência dos valores culturais, morais e espirituais, que
agora lhe são imprescindíveis.

Decorre destes raciocínios, não ser de interesse adiar, transferir, a tarefa
da auto-educação, no renovar-se gradativo, contínuo, uma vez que o não elaborado
agora, ressurgirá complicado, em posição difícil, com agravantes que cada vez
mais obstarão, dificultando a remoção, a superação.

Agora, portanto, é que conscientemente, com menos dificuldade, se torna
possível trabalhar, antes que hábitos e acomodações se somem, se incrustem,
dificultando as primeiras providências para iniciar um dia, a reversão.

Educação, trabalho íntimo, pessoal, intransferível, da mente, do corpo, da
alma, como meio de adaptação à vida para onde seguimos.

Enriquecidos por esse ideal, após os primeiros passos, no contínuo desligar
das amarras com regiões e hábitos inferiores, mais e mais fácil vai se tornando
essa evolução espiritual direcionada agora num contínuo ascender, onde o
Evangelho de Jesus se configura como Caminho, Verdade e Vida, uma vez que
Sua vivência ali contida não se limita a lições que sirvam a um breve período da
existência, mas se projetam, buscando na vida, a totalidade de Espírito imortal
em progressão, na busca da felicidade nos caminhos da volta para o Pai.

Ribeirão Preto – SP

Bibliografia:

  • Encontro Marcado – Emmanuel – lição 36
  • Alerta – Joanna de Ângelis – lições 17 e 21
  • No Limiar do Infinito -Joanna de Ângelis – lição 6

(Jornal Mundo Espírita de Agosto de 1997)