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Limpar a mente

Os bons costumes tornam a mente límpida e clareiam o verbo, enriquecendo-o,
para que os ouvintes sejam estimulados ao exercício do bem eterno. A poluição
mental turva a consciência e conturba o raciocínio, deixando a alma trôpega no
vaso da carne. O homem civilizado não tem o costume diário de higienizar o
corpo? Pois a mente, na verdade, tem grande necessidade de limpeza, tanto quanto
o corpo, por ser o centro da vida que comanda todo a massa somática.

E esse trabalho começa como a chuva: divide-se em bilhões de gotículas, mas
farta a humanidade e a natureza, limpa a atmosfera e destampa as minúsculas
aberturas das árvores, de onde promana o oxigênio puro, no vigor da própria
existência. Assim, a chuva, para a mente, há de surgir nessas mesmas proporções:
bilhões ou trilhões de pequenos esforços, somando uma torrente de energias
vivas, conduzindo todo o entulho da consciência por canais apropriados. E a
pureza do raciocínio faz nascer um clima enriquecido para as belezas imortais do
amor, da alegria e da fraternidade. Sugestiona o ser à procura de Deus e a
obedecer às leis.

A castidade mental é obra de grande importância para a nossa supremacia
espiritual, sem as sutilezas da arrogância e as manobras do orgulho. Devemos nos
esforçar todos os dias, a partir do momento em que nos alistamos no exército do
Cristo. Como espíritos, mesmo no mundo, mas à procura da luz, compreendamos, na
urgência das nossas necessidades, que renovação é tema central da alma – ovelha
que reconhece o pastor, atendendo os seus magnânimos convites, pela inteligência
e pelo coração.

A elegância dos pensamentos ajusta o meio ambiente em que viveis, para
chamados fraternos e para uma conversação sadia, desamarrando do núcleo da vida,
a expressão do amor, de modo a participar, na mesma freqüência, a razão. Para
que tudo isso se faça, o esforço próprio é imprescindível, dia a dia. A
auto-educação haverá de se processar passo a passo, e a vigilância deve
arregimentar todas as forças possíveis nessa imensurável batalha que somente
termina na pureza espiritual, para começar outros labores, em escalas que
escapam ao raciocínio humano.

A vida é um turbilhão de vidas sucessivas, que se associam por lei de
esforços e de obediências correlatas. No homem, o começo do sofrimento é
princípio de maturidade. É, pois, a força do progresso atingindo a sua farda
física, para que o corpo espiritual se atualize nas necessidades maiores. Os
grandes golpes na alma clareiam seu caminho para certas mudanças na arte de
viver melhor.

Escrevemos para todos, é certo. No entanto, endereçamos nossas mensagens, com
mais intimidade, aos despertos, aos companheiros conscientes dos seus deveres
ante a escalada do Mestre. Se começais hoje a vos renovar na vida que levais,
amanhã sereis torturados impiedosamente pelas forças contrárias, donde resulta a
desistência de muitos estudantes da verdade, por ignorarem que o ataque, a
maledicência, a injúria, o desprezo são outras tantas forças do bem, revestidas
aparentemente de inimigos. Todavia, o que Jesus disse nos conforta sobre
maneira: “Aquele que perseverar até o fim, será salvo”.

Associemos nossos esforços aos regimes das leis de Deus, respeitando-as em
todas as suas nuances. Se algo faltar de nossa parte, nunca haverá de ser a
persistência, como onda de luz a transformar as nossa boas intenções em
realidades.

Higienizemos a nossa mente, sem afrontá-la agressivamente. A experiência nos
aconselha que o trabalho paciente e constante vencerá obstáculos que se nos
afiguram em posição irremovível. Na verdade, a mente plasma o que os olhos vêem,
como máquina fotográfica pronta para disparar tendo em mira o objetivo visado.
Não obstante, poderemos fechar o diafragma. Assim sucede com os ouvidos, assim
se processa na formação das idéias. Orar e vigiar é atitude certa para que a
mente não se suje mais. E o trabalho de limpeza deve ser eficiente, diminuindo a
carga corrosiva acumulada em muitos séculos. Um pouco de boa vontade vos
colocará, com habilidade, nesse saneamento, e o conceitos que propomos nesse
livro são, um tanto um quanto, companheiros da limpeza espiritual, convidando a
todos para a libertação.

Extraído: do livro ”Horizontes da Mente”, de João Nunes Maia e ditado pelo
espírito Miramez ( Editora Espírita Cristã Fonte Viva).