O Que Diz Mahatma Gandhi Sobre o Esquecimento
No entanto, encontro, de certo modo, no Mahatma Gandhi, uma proposta que
seria válida a todas as questões que se levantam no tocante a este assunto. Em
“Cartas a um Discípulo”, ele diz: “Não conservar a memória das reencarnações
anteriores é sinal da bondade da natureza para conosco. Que bem receberíamos por
conhecer os particulares dos inúmeros nascimentos que já tivemos? Se fôssemos
obrigados a suportar tão terrível carga de memória ao longo do nosso caminho, a
vida se tornaria um fardo muito pesado”.
O esquecimento, pois, de nossas vidas passadas não representa um mal, um
procedimento draconiano do Governo Divino, mas, pelo contrário, a aplicação da
mais profunda sabedoria. Conforme a alma se eleve e se desembarace do seu
excessivo personalismo, então sim, ela poderá ter capacidade de num relance
conhecer ou ter consciência de toda ou parte da vida pregressa: aqui foi
potentado e com a riqueza abusou dos pobres e vilipendiou-lhes os lares,
conspurcou-os, desta ou daquela maneira; ali adiante teve de se humilhar,
experimentando a dura vida de servo de mau senhor. Num momento, quis enganar a
vida, fugindo dela e se acomodando em atitude contemplativa monacal: noutra
meteu-se atrás da fortuna, feito louco, perdendo totalmente o equilíbrio.
Como costumava nos dizer um Guia da nossa intimidade, sem que nisso
pretendesse ser original: “Deus é aquele credor compassivo e Justo que não nos
tira a responsabilidade para que não nos habituemos a ser marotos, mas, abre-nos
novo crédito concedendo-nos novo nome, sobrenome, família, lugar, onde não nos
conheçam e não nos cobrem coisa alguma. Pelo contrário, nesse novo
estabelecimento concedido apresentamo-nos na abertura do negócio com cara de
querubim”.
O curioso é que em revistas, jornais, colunas católicas, os teólogos hábeis
que dão respostas, batem na mesma tecla, a que alude Nils O. Jacobson, dizendo
que “Deus seria cruel se nos desse vida de provação, sofrimentos indescritíveis,
a loucura, a paralisia, o câncer, sem nos mostrar afinal qual teria sido a nossa
dívida”. No entanto, vejam só, acham natural, até mesmo bacana, na opinião do
Cardeal Belarmino, que 99,99% dos filhos de Deus sejam mandados por Ele para o
Inferno, onde arderão nas chamas do Fogo. não um espaço de tempo, mas por toda a
Eternidade. Eternidade?!
Fonte: “A Caminho da Luz”