Mediunidade e o seu Desenvolvimento
É natural que nos comuniquemos com os espíritos desencarnados e eles conosco,
porque também somos espíritos, embora estejamos encarnados.
Pelos sentidos físicos e órgãos motores, tomamos contato com o mundo corpóreo
e sobre ele agimos.
Pelos órgãos e faculdades mentais mantemos contato constante com o mundo
espiritual, sobre o qual também atuamos.
Todas as pessoas, portanto, recebem a influência dos espíritos.
A maioria nem percebe esse intercâmbio oculto, em seu mundo íntimo, na forma
de pensamentos, estados de alma, impulsos, pressentimentos etc.
Mas há pessoas em quem o intercâmbio é ostensivo.
Nelas, os fenômenos são freqüentes e marcantes, acentuados, bem
característicos (psicofonia, psicografia, efeitos físicos etc.), ficando
evidente uma outra individualidade, a do espírito comunicante.
A essas pessoas, Allan Kardec denomina médiuns.
Médium é uma palavra neutra (serve para os 2 gêneros), de origem latina; quer
dizer medianeiro, que está no meio.
De fato o médium serve de intermediário entre o mundo físico e o espiritual,
podendo ser o intérprete ou instrumento para o espírito desencarnado.
Mediunidade é a faculdade que permite sentir e transmitir a influência dos
Espíritos, ensejando o intercâmbio, a comunicação, entre o mundo físico e o
espiritual.
Sendo uma faculdade, é capacidade que pode ou não ser usada.
Sendo natural, manifesta-se espontaneamente, mas pode ser exercitada ou
desenvolvida.
Sua eclosão não depende de lugar, idade, sexo, condição social ou filiação
religiosa.
Quem apresenta perturbação é médium?
Muitas vezes, ao eclodir a mediunidade, a pessoa costuma dar sinais de
sofrimento, perturbação, desequilíbrio.
Firmou-se até um conceito errado entre o povo: se uma pessoa se mostra
perturbada deve ter mediunidade.
Entretanto, a mediunidade não é doença nem leva à perturbação, pois é uma
faculdade natural.
Se a pessoa se perturba ante as manifestações mediúnicas é por sua falta de
equilíbrio emocional e por sua ignorância do que seja a mediunidade, ou porque
está sob a ação de espíritos ignorantes, sofredores ou maus.
Não se deve colocar em trabalho mediúnico quem apresente perturbações.
Primeiro, é preciso ajudar a pessoa a se equilibrar psiquicamente, através de
passes, vibrações e esclarecimentos doutrinários. Deve-se recomendar, também, a
visita ao médico, porque a perturbação pode ter causas físicas, caso em que o
tratamento será feito pela medicina.
Para o desenvolvimento da mediunidade, somente deve ser encaminhado quem
esteja equilibrado e doutrinariamente esclarecido e conscientizado.
Sinais Precursores
A mediunidade geralmente fica bem caracterizada, quando:
- há comprovada vidência ou audição no plano espiritual;
- se dá o transe psicofônico (mediunidade falante) ou psicográfico
(mediunidade escrevente); - há produção de efeitos físicos (sonoros, luminosos, deslocação de objetos)
onde a pessoa se encontre.
Mas nem sempre é fácil e rápido distinguir as manifestações mediúnicas,
quando em seu início, das perturbações fisiopsíquicas.
Eis alguns sinais que, se não tiverem causas orgânicas, podem indicar que a
pessoa tem facilidade para a percepção de fluidos, para o desdobramento (que
favorece o transe) ou que está sob a atuação de espíritos:
- sensação de “presenças” invisíveis;
- sono profundo demais, desmaios e síncopes inexplicáveis;
- sensações ou idéias estranhas, mudanças repentinas de humor, crises de
choro; - “ballonement” (sensação de inchar, dilatar) nas mãos, pés ou em todo o
corpo, como resultado de desdobramento perispiritual; - adormecimento ou formigamento nos braços e pernas;
- arrepios como os de frio, tremores, calor, palpitações.
Como Desenvolver a Mediunidade
Do ponto de vista espírita, desenvolver mediunidade não é apenas sentar-se à
mesa mediúnica e dar comunicações.
É apurar e disciplinar a sensibilidade espiritual, a fim de tê-la nas
melhores condições possíveis de manifestação, e aprender a empregá-la dentro das
melhores técnicas e visando as finalidades mais elevadas.
Esse desenvolvimento mediúnico abrange providências de natureza tríplice:
- Doutrinária.
O médium precisa conhecer a Doutrina Espírita para compreender o Universo, a
si mesmo e aos outros seres, como criaturas evolutivas, regidas pela lei de
causa e efeito.
Atenção especial será dada à compreensão do intercâmbio mediúnico, ação do
pensamento sobre os fluidos, natureza e situações dos espíritos no Além,
perispírito e suas propriedades na comunicação mediúnica, tipos de
mediunidade, etc. - Técnica.
Exercício prático, à luz do conhecimento espírita, para que o médium saiba
distinguir os tipos dos espíritos pelos seus fluidos, como concentrar ou
desconcentrar, entender o desdobramento, controlar-se nas manifestações e
analisar o resultado delas, etc.
Observação: quando se inicia a prática mediúnica, pode ocorrer de os sinais
precursores se intensificarem e ampliarem. Não pense o médium que seu estado
piorou. É que os espíritos estão agindo sobre os centros de sua sensibilidade
e preparando o campo para as atividades mediúnicas.Persevere o médium,
mantendo o bom ânimo e aos poucos, com a educação de suas faculdades, as
sensações ficarão bem canalizadas, não mais causando perturbações. - Moral.
É indispensável a reforma íntima para que nos libertemos de espíritos
perturbadores e cheguemos a ter sintonia com os bons espíritos, dando
orientação superior ao nosso trabalho mediúnico.
A orientação cristã, à luz do Espiritismo, leva-nos à vigilância, oração, boa
conduta e à caridade para com o próximo, o que atrairá para nós assistência
espiritual superior.
Livros consultados:
De Allan Kardec:
– “O Livro dos Médiuns”, 2ª parte, caps. XVII e XVIII.
De Léon Denis:
– “No Invisível”, caps. XXII e XXV.
Fonte: “Iniciação ao Espiritismo”, Therezinha Oliveira – Ed EME