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É preciso modificar os velhos conceitos!

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As atitudes dos homens da sociedade hodierna refletem simplesmente os equívocos nos conflitos psicológicos decorrentes da correria desenfreada do indivíduo dito moderno, na busca das conquistas materiais, motivadas principalmente pela ambição da riqueza, do poder e da fama, para sua projeção individual, intencionando desfrutar do status que a sociedade confere aos que assim se apresentam, merecem de todos nós imediatas e profundas reflexões.

 

Desejoso de possuir cada vez mais, o ser humano atordoa-se ante as adversidades que a vida lhe impõe, e nem sempre sabe lidar com a situação que vivencia de não conseguir tornar realidade esse seu desejo de ser reconhecido como um legítimo “vencedor”, caindo por essa razão, em lamentáveis desequilíbrios que vão desde a simples inconformação, até as raias da delinqüência e da loucura, por não ver outra forma de encontrara a suposta “felicidade” que pensa estar na conquista dos bens materiais, justamente por não crer na continuidade da vida além do sepulcro.

 

Permanece dominado pelas grosseiras paixões que o escravizam há séculos, e não tendo como satisfazer seus anseios de poder, riqueza e prestígio, entrega-se aos desvarios do sexo, do álcool, das drogas do crime e de todo tipo de “prazer”, oferecido pelas tentações mundanas, viciando-se e comprometendo-se com os representantes das trevas, para acordar do pesadelo completamente enlouquecido e com enormes débitos contraídos com a Lei Natural que rege o destino das criaturas na Terra, envolvido pelas sombras, em delicados casos de obsessões.

 

Sobre essa visão tão acanhada do homem, de buscar a felicidade na posse dos bens materiais, os Imortais da Vida Maior, responderam aos questionamentos de codificador, para nosso entendimento conforme segue:

 

  1. Pode o homem gozar de completa felicidade na Terra?

“Não, por isso que a vida lhe foi dada como prova ou expiação. Dele, porém, depende a suavização de seus males e o ser tão feliz quanto possível na Terra.”

  1. Concebe-se que o homem será feliz na Terra, quando a Humanidade estiver transformada. Mas, enquanto isso se não verifica, poderá conseguir uma felicidade relativa?

“O homem é quase sempre o obreiro da sua própria infelicidade. Praticando a lei de Deus, a muitos males se forrará e proporcionará a si mesmo felicidade tão grande quanto o comporte a sua existência grosseira.”

Aquele que se acha bem compenetrado de seu destino futuro não vê na vida corporal mais do que uma estação temporária, uma como parada momentânea em péssima hospedaria. Facilmente se consola de alguns aborrecimentos passageiros de uma viagem que o levará a tanto melhor posição, quanto melhor tenha cuidado dos preparativos para empreendê-la.

Já nesta vida somos punidos pela infrações, que cometemos, das leis que regem a existência corpórea, sofrendo os males conseqüentes dessas mesmas infrações e dos nossos próprios excessos. Se, gradativamente, remontarmos à origem do que chamamos as nossas desgraças terrenas, veremos que, na maioria dos casos, elas são a conseqüência de um primeiro afastamento nosso do caminho reto. Desviando-nos deste, enveredamos por outro, mau, e, de conseqüência em conseqüência, caímos na desgraça.

  1. A felicidade terrestre é relativa à posição de cada um. O que basta para a felicidade de um, constitui a desgraça de outro. Haverá, contudo, alguma soma de felicidade comum a todos os homens?

“Com relação à vida material, é a posse do necessário. Com relação à vida moral, a consciência tranqüila e a fé no futuro.” ¹

 

O Apóstolo Paulo afirmou: “Não faço o bem que quero, mas o mal que não quero, esse eu faço”. (Romanos Cap. 7 v.19). ² Nessa auto-análise de seu procedimento, o nobre discípulo do Rabi da Galiléia, reconhecia em si, um lado escuro, que o impulsionava às atitudes infelizes que ele próprio reprovava, mas, que ainda não conseguia domar, ‘a pesar do desejo’.

 

Contudo, decidido a mudar, esforçou-se ainda mais, de forma determinada e persistente na auto-conscientização de suas fragilidades psicológicas, construindo paulatinamente os alicerces de sua mudança moral radical, com os quais mais tarde tornou-se o conhecido arauto da Boa Nova, atingindo as culminâncias do seu apostolado quando então, transformado e regenerado, pode finalmente proclamar: “Não sou eu quem vivo, mas o Cristo que há em mim..” ( Gálatas, Cap. 2 v.20). ³

 

E, para que possamos ter a verdadeira noção de como proceder na intenção que agasalhamos no íntimo de nos reformar para a conquista de melhores dias em nosso porvir, como nos exemplificou o apóstolo Paulo, recorremos mais uma vez aos Imortais da Vida Maior em O Livro dos Espíritos conforme segue:

 

  1. Poderia sempre o homem, pelos seus esforços, vencer as suas más inclinações?

“Sim, e, freqüentemente, fazendo esforços muito insignificantes. O que lhe falta é a vontade. Ah! Quão poucos dentre vós fazem esforços!”

  1. Pode o homem achar nos Espíritos eficaz assistência para triunfar de suas paixões?

“Se o pedir a Deus e ao seu bom gênio, com sinceridade, os bons Espíritos lhe virão certamente em auxílio, porquanto é essa a missão deles.” (459)

  1. Não haverá paixões tão vivas e irresistíveis, que a vontade seja impotente para dominá-las?

“Há muitas pessoas que dizem: Quero, mas a vontade só lhes está nos lábios. Querem, porém muito satisfeitas ficam que não seja como “querem”. Quando o homem crê que não pode vencer as suas paixões, é que seu Espírito se compraz nelas, em conseqüência da sua inferioridade. Compreende a sua natureza espiritual aquele que as procura reprimir. Vencê-las é, para ele, uma vitória do Espírito sobre a matéria.”

  1. Qual o meio mais eficiente de combater-se o predomínio da natureza corpórea?

“Praticar a abnegação.” 4

 

Que possamos por nossa vez, empreendermos os necessários esforços na busca de conquistar os verdadeiros bens do Espírito Imortal que somos, os quais nos facultarão o verdadeiro e definitivo encontro da paz, da felicidade e da perfeição.

 

Fontes:

1) O Livro dos Espíritos, FEB, 76ª edição.

2) Epistolo de Paulo aos Romanos, Cap. 7 v.19.

3) Epístola de Paulo aos Gálatas, Cap. 2 v.20.

4) O Livro dos Espíritos, FEB, 76ª edição.

 

 

Francisco Rebouças.