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Na área social

A assistência social é um meio, não o objetivo principal a que se propõe a
tarefa espírita.

Necessária e valiosa é a comida e a vestimenta para acalmar os sentidos
fisiológicos; no entanto, magnífico e excelso é o suprimento que atende às
necessidades do espírito imortal.

Muitos advogam que a criação e a manutenção de obras sociais compete
unicamente ao Estado. Outros acreditam, de forma radical, que os objetivos do
movimento espírita devam assentar-se na assistência social, esquecendo que a
Doutrina proclama como primordial a educação das almas, e não apenas
simplesmente a sustentação do corpo, que é perecível. Para este o prato de sopa
é muito bem-vindo, sem dúvida, mas a alma aspira ao verdadeiro pão da vida.

A seara do Bem envolve diversos trabalhos em benefício dos carentes do corpo
e da alma. Pode parecer, no entanto, que as necessidades essenciais e imediatas
residam no corpo denso, mas, na realidade, se encontram no íntimo das criaturas.

Não basta construirmos lares ou abrigos que fazem do prato nutriente, da
perpetuação da espécie e da maneira simplória de ver a vida as únicas razões da
existência humana. Urge, sim, estabelecermos noções de valores imortais e bases
educacionais para preparar as almas para a grandeza espiritual a que estão
destinadas.

Toda congregação espírita na Terra tem como finalidade maior esclarecer pelo
estudo, promover o amadurecimento emocional pelo trabalho e desenvolver as
virtudes em potencial. Eis a atividade prudente e prioritária dos aprendizes do
Evangelho.

A ação caritativa e a boa vontade do Movimento Espírita prestam inestimáveis
serviços à sociedade e ao Estado, conquanto não devam assumir de maneira
simplista e com espírito salvacionista as funções do serviço social, que cabe à
administração pública.

A solidariedade pode surgir como anseio da alma, acompanhada das seguintes
características:

  1. Responsabilidades abandonadas em existências passadas;
  2. Despertamento devido a uma nova visão do mundo e das pessoas;
  3. Terapia salutar para superar problemas e conflitos;
  4. Problemas de consciência por estar vivendo no fausto e na ociosidade;
  5. Felicidade em servir voluntariamente.

O companheiro interessado em ingressar no celeiro do alimento celeste deve
buscar, antes de tudo, a sua iniciação espiritual.

Por iniciação, devemos entender o início da experiência da verdade sobre si
mesmo. Ao buscarmos o alimento invisível em nossas potencialidades divinas,
poderemos produzir por nós mesmos o pão da vida e reparti-lo com nossos
companheiros de jornada.

Somente uma criatura iniciada poderá realmente induzir os outros à busca ou
produção do próprio alimento.

Não devemos esperar que as organizações governamentais venham realizar a
tarefa que compete ao Espiritismo, ou seja, levar a toda humanidade a mensagem
de Jesus Cristo, através de Kardec, a fim de que nunca mais as almas tenham fome
ou sede.

Todavia, enquanto o poder público não conseguir eliminar os horrores da
miséria, é justo que cooperemos com o pão material em nossos empreendimentos
assistenciais.

Tomemos o cuidado, porém, de não manter nossos assistidos tão dependentes e
retrógrados quanto no primeiro dia em que puseram os pés no grupo de auxílio.
Sem estudar, sem progredir, sem alargar a visão diante da vida e da sociedade. E
nada fazendo para aprender a buscar por si mesmos a completa saciedade: a pérola
no fundo do mar (Mateus 13: 45 e 46), o tesouro oculto no campo (Mateus 13:44),
o grão de mostarda (Mateus 13:31 e 32) – o reino de Deus.

Texto psicografado por Francisco do Espírito Santo Neto. Extraído do livro
“Conviver e Melhorar”.