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Não se pode servir a dois senhores

José Queid Tufaile Huaixan

Ninguém em sã consciência pode negar que a humanidade esteja mergulhando na fase mais negra de sua história, onde o materialismo, maquiado pela tecnologia e meios de comunicação, engana e escraviza o homem aos seus instintos. Poucos são os que têm um espírito de entendimento a respeito dessa grave questão. A maioria está inebriada pelo clima de esperança, que a virada do milênio parece ter trazido a quem vinha sofrendo revezes de toda ordem. Mas os primeiros dias do ano mostraram-se duros, com a natureza aqui e acolá dando sinais de que não está disposta a deixar o homem em paz, antes que aprenda a viver em harmonia com as leis universais.

Até que se consumam os dias necessários ao despertar, é preciso sobreviver no plano em que nos situamos. E a maior prova para todos é a de termos que conviver com um meio inóspito, que rejeita os princípios do bom-senso, relacionados com os ensinamentos da Espiritualidade. Os homens, em sua maioria, fecham os olhos para Deus, por não estarem dispostos a submeter-se a um poder superior. Acredita-se no Pai, mas a relação das criaturas humanas com o Criador não passa de crença irracional, donde não se tira qualquer conseqüência moral, capaz de mudar os destinos das individualidades e da coletividade. E segue o povo como determina a doutrina dos homens, cada um cuidando de suas vidas, conforme os conceitos do mundo.

No capítulo 16, do Evangelho de Lucas, encontramos um dos mais duros discursos de Jesus, alertando seus seguidores para os cuidados no relacionamento com o mundo material: “Nenhum servo pode servir a dois senhores, porque ou há de aborrecer a um e amar o outro, ou há de entregar-se a um e não fazer caso do outro; vós não podeis servir a Deus e às riquezas”. Estas palavras do Senhor, ficariam meio sem sentido, como tantas outras, não houvéssemos recebido do Alto a Doutrina Espírita que consola e esclarece. Infelizmente a humanidade não demonstrou interesse pela Mensagem Divina e mesmo aqueles que deveriam compreendê-la, por serem seus seguidores diretos, quase nada conseguem fazer pelo próprio equilíbrio.

As riquezas, pode-se afirmar, são o móvel do desenvolvimento humano. Não há um só país que não tenha interesse em fortalecer-se nesse sentido, pois o progresso material é associado à felicidade do homem. Evidente que tal pensamento é produto no niilismo, doutrina falsa, que resume a vida do homem entre o nascer e o morrer. Nós, espíritas, precisamos compreender a postura materialista da criatura humana, em face do atraso espiritual reinante. Mas se quisermos viver o Reino de Deus, a que nos prometeu Jesus, não podemos encarar a vida da mesma maneira como todos os homens. A essência da doutrina cristã é a modificação do caráter de quem se orienta por ela.

Se você deseja sobreviver aos tempos difíceis que vivemos e viveremos, se quer se ver livre da ilusão que aos poucos vai tomando conta da humanidade, se pretende chegar ao fim de sua vida no mundo material com as tarefas fundamentais cumpridas, terá de buscar em Jesus as condições para todas as essas coisas. E quando falamos nesse nome, não pretendemos enaltecer sua individualidade, mas chamar a atenção para a doutrina que nos deixou há dois mil anos e que hoje está explicada pelos ensinamentos dos Espíritos Superiores, revelados ao missionário Allan Kardec. Não queremos desvalorizar a mensagem de nenhum outro mestre, mas queremos falar da Terceira Revelação de Deus aos homens; que mostra o caminho da felicidade individual e da estabilidade social.

Não se pode encontrar respostas aos anseios humanos, esperança no porvir, senão o for através desses ensinamentos. A experiência que Deus proporciona a seus filhos é essencialmente pessoal e interior. Não é possível se beneficiar efetivamente da Lei, se não nos entregarmos à sua prática. E, embora seja indispensável nossa estada semanal num templo ou núcleo onde os ensinamentos são ministrados, a instrução maior deve acontecer em nosso próprio domicílio. Temos o dever de estudar os livros espíritas. Ao citar a Lei estamos nos referindo ao estudo das duas obras fundamentais para operar mudanças no ser humano: O Livros do Espíritos e O Evangelho Segundo o Espiritismo. Aí está expressa a Lei maior do amor a Deus e ao próximo, e por isso devemos nos entregar ao seu estudo regular, quase que diário, de tudo o que ensinam.

Muitos espíritas ou simpatizantes acham enfadonho dedicar-se ao exame da Lei. Alguns preferem abster-se desse esforço e tomar passes todas as semanas. Outros, lêem emocionados romances que falam ao coração, mas pouco edificam para a inteligência. É compreensível que assim procedam, pois é próprio do ser humano optar pelo menor esforço. Daí o insucesso e as distorções observadas nas crenças por toda parte. O Espiritismo (doutrina revelada a Allan Kardec) não é ensino de massas. É compreendido com exame e estudo cuidadoso. E, aqueles que o compreendem seguramente fazem parte dos mesmos a que se referia Jesus em seus discursos, dizendo: “Muitos são os chamados, mas poucos conseguem entrar”. Não podemos continuar sob o jugo da ignorância e alimentarmos a falsa idéia de que seremos salvos pela bondade ou graça de Deus. Se não nos esforçarmos na melhoria moral e intelectual, é certo que a vida será de dificuldades e a vida futura idem.

Os filhos de Deus movem-se no Seu espírito em direção à luz. A vida é um mecanismo criado pelo Pai, para nos impulsionar ao progresso. Se entrarmos em harmonia com a Lei que rege o Universo, viveremos em melhores condições que antes. O materialismo nos solicita a todo instante e somos inclinados a ele. Quantas vezes desculpamos nossa ausência na prática do Bem, da Justiça e da Caridade pela falta de tempo. Sim, dedicamos nossa existência terrena com as coisas desse mundo. Amamos o mundo. Não estudamos a Lei; não oramos; não perdoamos; não cumprimos com as obrigações junto a filhos, esposas, esposos, pais, profissão. Sequer sabemos quais são os deveres. E queremos ser felizes. E reclamamos das coisas ruins que tomam conta do viver. E nos surpreendemos com a postura de filhos mal criados; com o insucesso financeiro; com as doenças; as desgraças…

Sejamos sinceros, nesse grave momento da viagem. Ou optamos por “perder nossa vida”, como afirmava o Cristo, ou sacrificaremos nossa felicidade na Vida Eterna. Aquele que põe atenção nas coisas materiais, mais que nas coisas espirituais, está a caminho do sofrimento. A Lei é a regra da vida. Aqui, e em qualquer lugar do Universo. Fosse de outra maneira, não haveria estabilidade na Obra Divina. É muito simples compreendermos o que Deus tem querido nos fazer compreender nesses quase quatro mil anos de manifestações. Por derradeiro, a mensagem foi revelada de maneira inquestionável. Vamos continuar sofrendo? Continuaremos afirmando não termos tempo para o Bem? É passada a hora da tomada de consciência. Nosso tempo está esgotado. Não podemos mudar essa humanidade enferma, mas podemos transformar nossas vidas já, se tivermos a disposição de mudança interior. O Reino de Deus, em nós, não pode esperar. Se continuarmos fechando o nosso coração para Ele, nossa sorte será a mesma das multidões, que terão de recomeçar distante, muito distante.

Adquira as obras que citamos acima. Estude. Procure vivenciar pouco a pouco as instruções dos Espíritos superiores. Não dispense a leitura e estudo de O Novo Testamento. Com a luz dos ensinamentos da Espiritualidade, pode-se perceber a gravidade, a profundidade de tudo o que se passou com o Mestre há vinte séculos atrás. Ele é o grande médico das almas; o divino professor; o guia; o pastor; nosso irmão, a quem devemos amar em espírito e verdade. Deixemos de lado os vícios. A bebida, o fumo, o adultério, a desonestidade, as discussões improdutivas, a idolatria. Juntemo-nos à serenidade, à paz, ao perdão, à compreensão, à amizade, à dedicação, ao altruísmo, à renúncia. Este é o caminho do equilíbrio interior. Este é o caminho para nossa sobrevivência na instabilidade e incerteza desse tempo.

Não podemos, portanto, servir a Deus e aos interesses materiais. Os Espíritos superiores nos incitam a termos domínio sobre o mundo material e não a sermos escravos dele, como ocorre largamente. Mas essa é uma realização íntima a que cada ser deve dedicar-se. Não importa o que pensam, se dizem que somos “anormais”, que estamos com o “diabo”, que ficamos “loucos”. Ao partirmos desse plano, estaremos em paz com nossa consciência, inseparável amiga. E, se estivermos em harmonia com ela, em espírito de compreensão, não das qualidades, mas, e acima de tudo, das próprias mazelas, chegaremos bem. Cada um será recebido conforme as obras. Por isso vale a pena investirmos na melhoria pessoal para que possamos realizar as boas obras. Vale colocarmos limites nos excessos materiais; vale o sacrifício; vale a disciplina; vale o esforço em participar. Sigamos orientados pela mais sadia caridade cristã. O espírito do Senhor nos guiará. O espírito do Senhor é vida e deve vibrar em nossas almas, nos ajudando a suportar as provas, dando-nos ânimo e esperanças no porvir.

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