Natal
Natal (do latim natale) significa o dia do nascimento de Jesus
Cristo. Em Roma, a primeira referencia ao Natale Domini (Natal do
Senhor) remonta ao ano de 336. A data de 25 de dezembro é relativa à da
Encarnação (ato em que Deus se fez homem, unindo a natureza divina à humana:
o mistério da Encarnação) que desde o século III, segundo considerações
astronônico-simbólicas levaram a fixar-se em 25 de março (equinócio da primavera
no Calendário Juliano).
Por outro lado, o dia 25 de dezembro (solstício de Inverno, no mesmo
Calendário Juliano) era na Roma pagã, desde o tempo do Imperador Aureliano
(reinou de 270 a 275), consagrado ao Natalis Solis Invicti (Natal do Sol
Invencível). Era uma festa mitríca (relativa ao culto de Mitras, o espírito da
luz divina) do renascimento do Sol.
Com a conversão cada vez maior de povos pagãos ao cristianismo, a Igreja não
vendo como eliminar aquelas comemorações, transformou algumas dessas
tradicionais festas pagãs que estavam profundamente arraigadas no sentido
nativo.
Dessa forma, dentre elas, a comemoração do dia 25 de dezembro (celebrada em
honra ao deus-Sol), passava a ser a festa do nascimento (Natal) de Nosso Senhor
Jesus Cristo o verdadeiro Sol da Justiça. Acredita-se que foi o Imperador
Constantino I, o Grande (274-337; reinou de 306 a 837), já no final do seu
reinado (ano 336), quem determinou que o nascimento de Jesus deveria ser
celebrado no dia 25 de dezembro em todo o Império Romano. Segundo a tradição,
esse acontecimento ocorreu quando Constantino construía uma basílica sobre o
túmulo de São Pedro, na própria colina do Vaticano, justamente no local
privilegiado do culto solar.
A fixação oficial da data de 25 de dezembro, como dies natalis, foi
determinada pelo Santo Padre Júlio I ( 280-352; Papa de 337 a 352) e o primeiro
calendário de que se tem notícia a marcar essa data como o Natal de Jesus é o de
Filocalos, isto no ano de 354.
Assim as festas e cultos pagãos que celebravam o Dies Natalis Solis Invicti
(Dia de Natal do Sol Invencível, transformaram-se na grande data comemorativa do
nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo, o Filho de Deus, a qual é celebrada
entre todos os povos cristãos como o Dia de Natal!
Presépio
O presépio é talvez a mais antiga forma de caracterização do Natal. Sabe-se
que foi São Francisco de Assis, na cidade italiana de Greccio, em 1223, o
primeiro a usar a manjedoura com figuras esculpidas formando um presépio, tal
qual o conhecemos hoje.
A idéia surgiu enquanto lia, numa de suas longas noites, um trecho de São
Lucas que lembrava o nascimento de Cristo. Resolveu então montá-lo em tamanho
natural, numa gruta da cidade. O que restou desse presépio encontra-se
atualmente na Basílica de Santa Maria Maior, em Roma.
A Sagrada Família, os reis magos, os pastores, as ovelhas, o boi e a vaca,
são símbolos desta noite de alegria, e também da humildade e dos futuros
sofrimentos de Cristo.
Os pastores foram os primeiros adoradores de Cristo. Ligados a eles, estão os
carneiros, mansas criaturas muitas vezes usadas para simbolizar a humildade de
Cristo como o Divino Pastor.
Nessa mesma noite sagrada, uma estrela andou pelo céu e se localizou em cima
da manjedoura, transformando-se no símbolo do divino guia. Deus dirigiu por
intermédio dela quem quis acreditar no nascimento de seu filho. O boi e a vaca,
figuras sempre presentes no presépio, ilustram a humildade de todas as criaturas
do mundo, reconhecendo e homenageando Cristo como filho de Deus.
Três reis também foram saudar o recém-nascido. Os homens sábios, ou magos,
visitaram a manjedoura depois do nascimento; levados pelo divino guia. Sua
visita foi profetizada na Bíblia no salmo 71 e em Isaías 60, como reis levando
presentes de incenso, ouro e mirra para o Salvador.
Histórias sobre a árvore de Natal
Muito antes da era cristã, era costume, no Norte da Europa, afastar os maus
espíritos das árvores para que mesmo no inverno elas permanecessem verdes. Os
ramos das coníferas eram ainda símbolo da esperança de regressarem à primavera e
ao verão – estações em que o Sol daria nova força ao homem e à natureza.
Quando São Vilfrido (634-710) monge anglo-saxão, começou a pregar o
Cristianismo na Europa Central, encontrou crenças pagãs arraigadas entre esses
povos, uma das quais a do espírito que habitava no carvalho. Para destruí-la,
resolveu cortar um velho carvalho existente em frente à sua pequena igreja…
Segundo a lenda, nesse momento irrompeu violenta tempestade e um raio cortou
o tronco em quatro pedaços. Porem um pinheirinho, novo e verdejante, que ficava
ao lado do carvalho abatido, milagrosamente nada sofreu… Para São Vilfrido
esse acontecimento representou uma mensagem do céu, pela qual a Divina
Providência dava sua proteção à infância e à inocência. Naquela mesma noite, no
seu sermão mencionou o fato, dizendo que o pinheirinho, poupado por Deus,
representava a árvore da paz e da inocência. Por conservar-se sempre verde
durante todo o ano, mesmo nos mais rigorosos invernos, o pinheiro era um símbolo
da imortalidade.
E no sermão de Natal, desse mesmo ano, São Vilfrido, associou o pinheiro
verdejante à imagem imortal do Menino Jesus. Assim, a árvore passou a
representar um símbolo de Jesus Cristo, Vida e Luz do mundo.
Papai Noel
Mas como surgiu a figura de Papai Noel nas festas natalinas? Existe muita
controvérsia sobre sua origem, porém a mais fidedigna das versões é que Papai
Noel é a figura estilizada de São Nicolau, Santa Claus (corruptela de Sanctus
Nicolaus) entre os ingleses e norte-americanos e, no resto da Europa,
transformou-se em Papai Noel (Père Noel, em francês; Sinter Klaas, em holandês).
São Nicolau nasceu numa cidade da Ásia Menor, no ano 271 da era cristã. Filho
de pais ricos, desfez-se da herança, distribuindo dinheiro aos pobres e
presenteando crianças que não tinham com o que se alegrar. Chegou a bispo e,
depois da sua morte, foi considerado santo. Os marinheiros, dos quais era tão
amigo como das crianças, escolheram-no como patrono celestial e espalharam sua
lenda pelo mundo inteiro.
Segundo a lenda, conta-se que o pai de Nicolau era muito rico, deixando para
o filho enorme fortuna. O futuro santo, sempre generoso, soube que um vizinho
estava em dificuldades para dar um casamento digno à sua filha. Nicolau, durante
à noite, às escondidas, encheu uma pequena bolsa de moedas de ouro, jogando-a na
janela do vizinho. E, com isso, aconteceu a festa. Mais tarde, repetiu o gesto
com a segunda filha. Na terceira vez, o pai, na espreita, descobriu Nicolau,
espalhando a notícia. Esta a razão. porque em algumas imagens de São Nicolau
vêem-se as três bolsas de ouro.
A imagem que conhecemos, o simpático velhinho de barbas brancas, roupas
vermelhas e sorriso nos lábios, nasceu de um quadro do pintor norte americano
Thomas Nast, em pleno século XIX.
Apesar de a figura atual de Papai Noel representar mais um veículo de vendas
comerciais do que um dos símbolos ligados diretamente ao nascimento de Jesus, é
preciso reconhecer que ele ainda encerra certos valores que despertam, reavivam
e fortalecem os sentimentos humanos e cristãos.
Presentes, um costume antigo
A primeira loja especializada em presentes de Natal e Ano Novo foi fundada em
Paris, no ano de 1785. Mas a troca de presentes já era um costume popular desde
a Roma antiga.
Durante as festas da Saturnália, os romanos ofereciam estatuetas de deuses,
em argila, pedra-mármore, ouro ou prata, de acordo com suas posses.
Durante as calendas ou festividades do Ano Novo romano, também era costume
colocar ramos de pinheiro na porta das casas de pessoas amigas. À medida que o
Império progredia, a troca de presentes foi se tornando cada vez mais difundida
e simbólica.
Os presentes de Natal, entretanto, foram idéia do papa Bonifácio, no século
VII. No dia 25 de dezembro, terminada a missa, os sacerdotes benziam pães e os
distribuíam ao povo. Este, no dia 6 de janeiro, dia dos Reis Magos, retribuía
com presentes.
Cartões, uma tradição britânica
O cartão de Natal surgiu em 1843, época em que os Contos de Natal de Charles
Dickens acabavam de ser lançados. Foi quando Sir Henry Cole, diretor do British
Museum of London, percebeu, quase no final do ano, que não teria mais tempo de
escrever, à mão, as felicitações de Natal.
Quem fez os cartões, a seu pedido, foi o artista plástico mais em voga na
época, John Callicot Horsley, membro da Royal Academy. Horsley pegou um cartão
pequeno, quadrado, e dividiu-o em três partes. No centro, desenhou uma família
reunida em volta da mesa, bebendo alegremente, e ao lado, crianças esfomeadas
recebendo comida e roupas.
Na parte de baixo, escreveu: A merry Chrístmas, a happy New Year to you.
Depois, os cartões foram impressos em litografia, cem ao todo, e coloridos a
mão. Cole despachou cinqüenta pelo correio e vendeu o resto, cada um por 1
xelim.
Natal para os espíritas
Que nós – os espíritas – façamos algumas reflexões sobre o Natal. Que nos
esforcemos para ser. um dia. os verdadeiros discípulos de Jesus, eis que tantas
vezes do Mestre nos afastamos, em gestos, em atitudes.O mundo atravessa dias
cruciais, e o homem, divorciado de sua origem divina, esquece-se de que a grande
força aglutinadora é, ainda, a fraternidade que nos une, que nos torna mais
felizes. No entanto, imperam forças opostas: o orgulho, a vaidade, a soberba.
Todos querem ser superiores e, presos a essa promessa, esquecem-se de que somos
irmãos, filhos do mesmo Pai.O Natal vem perdendo seu simbolismo de festa do
amor, da família, com simplicidade e naturalidade. Deixou de ser uma festa
espiritual que recorda a vinda do mais elevado Espírito, o Cristo Governador do
Mundo. Festa da compreensão entre os homens, da humildade, para transformar-se
em pretexto de um egocentrismo condenável sob todos os pontos de vista.Quanta
diferença no Natal que nos querem impor . . .Natal de variadas iguarias e de
bebidas as mais sofisticadas, de esbanjamentos sem conta. Natal de muita
publicidade, do “compre mais” . . . Em nome de Jesus ?! Judas, perturbado, vende
o Mestre por trinta dinheiros, e que fazem os homens de hoje, consciente ou
inconscientemente ? Isto é uma lamentável deturpação, uma afronta à memória de
Jesus!O Natal transformou-se numa autentica festa pagã, aumentando, ainda mais,
a revolta do pobre que não pode dar ao filho a alegria de um brinquedo, que o
faria sorrir; que nem sequer pode, nessa noite, saciar-lhe a fome, ou comprar um
remédio para o outro doente…Nós – os espíritas – que fizemos dos ensinos do
Mestre uma razão de vida, não podemos calar-nos diante de fato tão contristador.
Precisamos nos unir, lembrando a Manjedoura de Belém num movimento de
cristianização do Natal, impedindo que essa festa pela vaidade e egoísmo dos
homens que só visam lucros, se perca na noite triste da incompreensão e do
desamor.
Existem pessoas que se preocupam com a pobreza e com a criança abandonada;
são, porém, insignificante minoria ante os males que se multiplicam. E preciso
fazer muito mais e sempre, dentro de um programa intenso e de bom senso, para
atenuar a infelicidade que envolve milhões de criaturas necessitadas de recursos
e de orientação.Foi na manjedoura de Belém que Jesus, já ao nascer, deu o maior
testemunho de humildade. E, ao término de sua missão, junto com os seus
discípulos, na ceia com o pão e vinho, a todos lava os pés mostrando
simbolicamente que todos devemos servir.
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