Tamanho
do Texto

Nosso Pão Amargo de Cada Dia

Nosso Pão Amargo de Cada Dia

Não há dúvida, nas grandes cidades, como nesta desvairada Paulicéia, vivemos
dias de altos níveis de insegurança. A criminalidade vai tomando conta
amplamente das ruas e dos logradouros públicos. Já não desfrutamos a mínima
parcela de tranqüilidade.

Infelizmente, nenhum governante ainda colocou em prática as idéias veiculadas
nas suas campanhas eleitorais. Eles nos prometeram segurança, bom policiamento,
mas, infelizmente, continuamos na mesma, sem quaisquer das providências que Eles
nos afiançaram. Assim, cada seqüestro ou assassinato brutal, organiza-se uma
passeata ou um protesto, mas, tudo continua – “como d’antes no quartel de
abrantes”. Elaboram-se projetos de lei prevendo penas severíssimas para os
criminosos, são apresentadas sugestões de prisão perpétua o de pena de morte,
enfim, a cada momento de trauma coletivo as pessoas se lembram de propor alguma
coisa, mas logo se esquecem ou desistem e os governantes mudam de assunto antes
de chegar a uma conclusão.

Já dissemos, em outras crônicas, que para os crimes hediondos, seus autores
deveriam ser condenados, não à pena de morte, mas à pena de prisão perpétua, com
trabalhos forçados. No cumprimento desta pena, o criminoso teria a oportunidade
de reeducar-se e de regenerar-se. E, mediante o trabalho forçado, iria tirar da
própria terra o alimento para a sua própria manutenção. Sim, meus amigos, o
trabalho duro, prolongado, quotidiano, por certo, afasta do delinqüente três
males capitais: o vício, o tédio e a necessidade. Também, o trabalho é
elemento de educação para o Espírito
.

Infelizmente, se refletirmos melhor, sentimos que as verdadeiras raízes da
criminalidade, em nosso País, não partem de baixo para cima, mas brotam de cima
para baixo. Recentes fatos, proclamados pela nossa imprensa, mostram as redes de
corrupções que se instalaram nas administrações públicas. Como diz um velho
ditado: “onde há fumaça, há fogo”. E, quando a criminalidade se instala nos
Poderes do Estado, torna-se impossível combatê-la nas instâncias inferiores. Se
as pessoas incumbidas de chefiar órgãos públicos são as primeiras a transgredir
a lei, cometendo crimes de prevaricação, peculato, corrupção, concussão e
chegando, por vezes, ao homicídio para ocultar provas e eliminar testemunhas,
não há como impor limites ao restante da população. Como diz, também, um outro
velho provérbio: “o exemplo vem de cima”.

Então, meus amigos, podemos atribuir tudo isso, toda essa podridão social, à
uma única coisa:

 

“A FALTA DO EVANGELHO DE CRISTO NOS CORAÇÕES”

 

Não adianta combatermos os efeitos, mas temos, antes de tudo, que combatermos
as causas. Já sustentam os velhos Mestres das Arcadas: “Sublata causa
tollitur effectus”
. (vamos traduzir: “removida a causa, desaparece o
efeito”).

Nós que enxergamos, um pouquinho mais, devemos de estabelecer um trabalho
rígido para modelarmos as criaturas, principalmente as crianças e os jovens,
dentro dos parâmetros do Cristianismo. Todos nós, que acalentamos as Verdades do
Mestre, sejam Espíritas, Católicos ou Protestantes, devemos entrelaçar as nossas
mãos e, sob o império vivo da Fé, unamos as nossas palavras, unamos os nossos
corações e as nossas energias, para que possamos erguer um verdadeiro Dique às
correntes impetuosas do mal que ameaçam solapar e até mesmo derrubar as bases
morais da nossa sociedade. Sim, meus amigos, essas correntes são passageiras e
os Espíritos encarnados que os impulsionam poderão escapar da justiça humana,
mas não escaparão do império das leis naturais da causa e do efeito.

Estamos, meus amigos, numa virada de século. Não cremos que o nosso mundo vai
acabar, mas, cremos que irão se acabar os males e os crimes que nos afligem,
porque as Luzes que nos cercam não terão tão fortes grilhões e fatalmente terão
que suplantar as trevas.

E, o grande recurso que temos em mãos, induvidosamente, é a abençoada
Educação. Eduquemos e transformemos os espinhos do caminho em pétalas floridas
balsamizadas.

Lembremo-nos da recomendação da Célebre Educadora Inglesa – Eliza Cook:

 

“Better build Schoolrooms for the boy, than cells and gibbets for the man”.

 

Sim, meus amigos, através da educação, o nosso pão amargo de hoje, por certo,
será o pão doce do amanhã.

(Jornal Verdade e Luz Nº 178 de Novembro de 2000)