O Centro Espírita é uma Escola
O espiritismo é doutrina consoladora por excelência. De forma singular,
conjuga sem peias a realidade e o amor. O clima fraterno que se sente na Escola
de Beneficência Caridade Espírita, em Cucujães, propicia fartas bênçãos. É caso
único no nosso movimento: para eles, antes de tudo, qualquer associação espírita
é uma escola. Uma escola onde todos aprendem a melhorar o mundo a partir de si
próprios.
Na sua origem, esta associação, filiada na Federação Espírita Portuguesa
desde 1989, foi constituída essencialmente por elementos oriundos do centro
espírita de Fiães. Reuniram-se e decidiram formar uma nova associação na região
de Oliveira de Azeméis, mais concretamente no lugar de Casal Novo.
Isaías, um dos fundadores, lembra: «Enquanto não encontrámos sede para a
nossa associação, chegámos a fazer reuniões nos pinhais, em plena natureza,
geralmente aos domingos, procurando realizar um pouco de trabalho e de estudo
entre nós e também ir auxiliando espíritos desencarnados em necessidade».
Pensando no seu futuro, o grupo perguntava-se que denominação escolher.
Uma entre quatro
Quando se escuta o seu nome pela primeira vez, estranha-se, no bom sentido: a
palavra escola não deixa dúvidas. Havia quatro alternativas para a designar a
nova associação. Perguntado também ao mundo espiritual qual a preferível,
optaram pela que hoje possuem: Escola de Beneficência Caridade Espírita, em
Cucujães.
Álvaro Duarte, o presidente da Direcção, define o motivo em poucas palavras:
«A vida é uma escola. Mais do que isso – é uma grande universidade». Embora a
associação também funcione como centro de saúde espiritual, é «sobretudo uma
escola onde todos aprendemos uns com os outros», procurando vivenciar a doutrina
espírita.
Depois do nome da associação, tornava-se necessário fundar uma sede. Isaías
relembra: «Entretanto arranjámos uma casa da qual estamos também pagando renda,
em Cucujães, e aí começámos então a ampliar as actividades, que inicialmente se
cinjiram a trabalhos públicos aos domingos, 9h30, palestra e passe magnético;
quarta-feira, 21h30, sessões restritas de estudo e educação mediúnica;
sexta-feira, 21h30, estudo público de «O Livro dos Espíritos». Para já, devido
às instalações são estes trabalhos que realizamos semanalmente».
Contam com cerca de uma quinzena de colaboradores. Perspectivam mais
actividade, mas de momento estão condicionados pela edificação da nova sede, que
terá cerca de 800 metros quadrados de área coberta.
Mais actividades
«Iremos também criar outras actividades. O espiritismo é sempre algo mais: é
preciso transportar também para o exterior aquilo que se processa dentro daquela
casa», afirma Álvaro Duarte. «A parte interna do centro espírita é importante,
mas faz-se necessário fazer muito mais».
Falando em erigir a nova sede perto das Caldas de S. Jorge, em Escapães,
junto à Quinta do Areeiro, Isaías faz o ponto da situação: «Depois do
indeferimento de um terreno onde pretendíamos edificar uma sede, pois não se
enquadrava no Plano Director Municipal, diligenciámos para que nos fosse cedido
um outro terreno com uma localização bastante boa, próprio para um centro
espírita, e que não é uma zona urbana – já temos tudo aprovado pela Câmara
Municipal. Surgirá uma boa sede para a Escola, onde serão desenvolvidos
trabalhos em boas condições, no âmbito do movimento espírita, dentro do ambiente
que convém, para realização também de grandes colóquios, congressos, seminários,
reuniões de estudo. É claro que uma obra desta envergadura vai exigir grandes
sacrifícios de nossa parte e também grandes disponibilidades monetárias».
No momento da reportagem, avançavam com os primeiros trabalhos de
infra-estruturas no terreno, lançando, em breve, os alicerces. Esta obra
estima-se venha a custar 25 mil contos: «Somos praticamente nós, Direcção, e
mais um pequeno grupo de outros colaboradores, a contribuir para que a nova sede
venha a ser erguida. Mas vamos contar com mais ajudas no sentido de se
viabilizar erigi-la mais rapidamente», explica Isaías.
A Escola e a Federação
«Sempre demos o verdadeiro valor à Federação e sempre desejámos que ela fosse
a bandeira de todo o movimento espírita. Porque nós estamos convencidos de que
as associações, conservando a sua própria independência e a sua própria
individualidade, devem ter alguém no movimento que seja, por assim dizer, a
aglutinação, o reparo de todas as associações. E, de facto, congratulamo-nos com
a visita que nos fez em Junho a Direcção da FEP. Ao longo de tantos anos em que
já estamos integrados no movimento, foi a primeira vez que a FEP se deu a
conhecer. Porque, acima de tudo, há sempre ideias que podem surgir, é neste
intercâmbio que a Federação pode transmitir estímulos e desenvolvimento às suas
associadas», manifesta Isaías, continuando: «Acreditamos sinceramente, apesar
desta fase inicial de muito esforço, que os trabalhos da FEP poderão
desenvolver-se ainda melhor dentro de uma estreita colaboração. Congratulamo-nos
que ela venha planificando, possa clarificar, dizendo algo em concreto».
Nesse sentido, Álvaro Duarte opina: «Deve ser a própria Federação não a
impor, mas a aconselhar quanto ao desenvolvimento de trabalhos dentro das casas
espíritas. É que têm que existir normas, princípios, que há que respeitar.
Entendo que a FEP tem que tomar posição nesse âmbito».
Um centro espírita é uma escola onde aprendemos a soletrar o alfabeto do
eterno bem. Nele se busca a educação integral do ser humano, sem os limites da
fronteira de cinzas que é a morte do corpo físico. Não falta o que aprender para
além disso, nos horizontes luminosos que se descerram. O aprendizado é o maior
motivo da presença humana neste planeta. Abençoada a instituição espírita atenta
às suas finalidades precípuas.