José Reis Chaves
Há uma grande confusão sobre o Espírito Santo nos meios católicos carismáticos e evangélicos fundamentalistas. O Consolador e o Espírito da Verdade, Advogado nosso e Paráclito (João 14, 16 e 17) são outros nomes para Ele.
Esses segmentos religiosos admitem também que seja o próprio Jesus o espírito que se comunica com eles. Mas não pode ser sempre o Mestre que se lhes manifesta, pois Ele disse que pediria ao Pai que nos enviasse o Consolador em seu nome (João 14,26). E afirmou também que Ele mesmo no-Lo enviaria (João 15,26). Ora, quem envia não pode ser o mesmo enviado. Sabemos também que o que envia é maior do que o enviado.Ademais, o Concílio Ecumênico de Lion (1274) confirmou isso, com a Doutrina do “Filioque”, estabelecendo que o E. Santo é derivado do Pai e de Jesus Cristo, doutrina essa rejeitada pela Igreja Ortodoxa Oriental e outras. E o Nazareno ensinou que o Espírito da Verdade ou o Consolador não falaria por si mesmo, mas falaria sobre o que tivesse ouvido (16,13). Logo, se Ele é inferior ao Mestre, se falaria o que ouviu, isto é, o que aprendeu, Ele não pode ser Deus, como o ensinam as teologias eclesiásticas tradicionais. E tanto pelo Velho, como pelo Novo Testamento, o E. Santo habita em nós.Ele é, pois, o nosso próprio espírito ou alma, a centelha divina ou espírito criado à imagem do Pai. Porém, alguns teólogos, por serem essas verdades bíblicas ensinadas também pelas escrituras sagradas orientais, costumam inventar, às vezes, idéias fantasiosas a respeito disso. Mas, como se diz, “acredite quem quiser!”
Sem dúvida, o E. Santo, o Espírito da Verdade ou o Consolador é um espírito santo humano evoluído ou Jesus, não podendo jamais ser o próprio Deus ou o E. Santo das teologias eclesiásticas, como ficou sobejamente demonstrado acima. E, se o Mestre disse que muitas coisas Ele não podia dizer aos seus discípulos, porque eles ainda não haviam atingido uma melhor maturidade espiritual, isso não aconteceu e não podia acontecer em Pentecostes (fenômenos espirituais), que foi apenas 9 dias após aquela afirmação do Mestre. O Espírito da Verdade (com esse nome, Ele se manifestou a Kardec) só veio, pois, mais tarde, com o Espiritismo, embora já existissem tais comunicações desde épocas remotas, mas não com os espíritos da equipe de Jesus.
Sto. Agostinho defendia e praticava o Espiritismo. Em seu livro “De Cura Pro Mortuis” (“Tratado dos Mortos”), ele diz: “Os espíritos de luz dos mortos podem trazer conhecimentos para nós”. E ele comunicava-se com o espírito já desencarnado de sua mãe, Sta Mônica, fato esse, aliás, comum entre as primeiras comunidades cristãs(Livro de Atos e 1 Coríntios, capítulos 12 e 14)), as quais desconheciam por completo o E. Santo das teologias eclesiásticas tradicionais.
Autor de “A Face Oculta das Religiões” (Ed.Martin Claret). E-mail: escritorchaves@ig.com.br