Podemos enumerar os efeitos do estudo doutrinário? Que tipo de conseqüências
ele o estudo, traria para o espírita em particular e para as sociedades
espíritas envolvidas com a preocupação de seriamente conhecer a Doutrina
Espírita através do estudo? Apenas para efeito didático do presente trabalho,
que pode receber acréscimos do leitor, enumeremos os principais efeitos do
estudo doutrinário, considerando individualmente o espírita e também a Sociedade
Espírita:
- Unidade de Princípios – Para ser entendida como a concordância advinda do
estudo na mesma fonte. No caso, a Codificação Espírita. Natural que onde quer
que se encontre um grupo ou pessoa que estude o Espiritismo, encontre-se a
consciência dos princípios fundamentais, embora é claro respeite-se as
diferenças de entendimento, pela questão da diversidade de maturidade e visão
de conjunto. Porém, sem prejuízo do todo, há que se encontrar uma identidade
ou semelhança de prática e estudo espírita; - Prática Mediúnica – Com o estudo espírita, desaparecem os conceitos de
privilégio, dispensa de estudo, misticismo ou endeusamento de médiuns. O
estudo espírita faz entender os médiuns como criaturas normais, apenas dotadas
da sensibilidade mediúnica. Convidando ao estudo permanente de seus
postulados, o Espiritismo demonstra a todos (inclusive aos médiuns) a
importância e necessidade do estudo, para evitar vaidades ou
auto-endeusamento, bem como a formação de conceitos, de privilégios ou uso de
recompensas. Para quem estuda a Mediunidade, haverá sempre a compreensão da
contínua necessidade de estudar, e a absoluta derrocada para quaisquer
tentativas de transformar a mediunidade em algo místico ou espetacular, para
espetáculos públicos e sensacionalistas. Ao contrário, demonstra a
responsabilidade da tarefa em benefício do semelhante; - Compreensão do Evangelho – Com o estudo espírita, haveremos de compreender
melhor os ensinos do Mestre, procurando aplicá-los na própria vida. Muitas
passagens incompreendidas terão seu entendimento e aplicação facilitados, à
luz da Doutrina Espírita. Entenderemos com mais facilidade o pensamento do
Mestre; - Reforma Íntima – A tão falada reforma íntima, tema de estudos e lições
trazidas pelos espíritos, deixa de ser algo constrangedor ou como exigência de
conquista do dia para a noite, para ser entendida como algo que conquistaremos
gradativamente, através do esforço pessoal que a Doutrina vai aos poucos
interiorizando nos corações. Aos poucos, pela própria absorção dos
ensinamentos, nos tornaremos mais calmos, menos exigentes, mais ponderados…; - Multiplicadores da Mensagem – Outro efeito extraordinário: Com o bem que a
Doutrina proporciona a quem a estuda, surgirá naturalmente um desejo de
fomentar a divulgação, daí advindo o surgimento de multiplicadores da
mensagem, com o esforço pela escrita, oratória e outras iniciativas de
divulgação. Lembrando, porém, que um comentário bem fundamentado com um
vizinho ou colega de trabalho torna-se também uma tarefa de divulgação. Daí a
importância de estudar para conhecer e transmitir conceitos com fidelidade
doutrinária; - Crescimento Mental e Intelectual – Engana-se quem pensa que a Doutrina
somente trata de espíritos. O estudo espírita proporciona amplo crescimento
mental e intelectual, pois que tratando de todos os temas humanos, tem o
mérito de fazer crescer a visão de mundo, com melhor compreensão dos fatos e
acontecimentos que envolvem a vida humana; - Caridade – Melhor entendimento do tema. Saberemos da amplitude desta
questão, não nos prendendo à superficialidade da esmola, mas compreendendo-a
em toda sua amplitude de convivência com fraternidade; - Profilaxia – O estudo espírita é profilático, evita doenças. Isto pela
própria mensagem de fé raciocinada que transmite, eliminando medos e
preocupações descabidas, neuroses ou violências que minam as defesas
orgânicas. Convidando à ação no bem, à permanente ocupação dos braços e da
mente, cria defesas naturais contra a invasão de enfermidades provindas da
mente vazia ou do estado doentio da falta de confiança em Deus ou da ausência
da esperança construtiva; - Adepto esclarecido – Neste ponto, vale destacar, a ação espírita
propriamente dita, que está distante do misticismo ou das distorções
provocadas pela ignorância dos verdadeiros princípios da Doutrina. Todas as
distorções, os desvirtuamentos e práticas incoerentes e distantes da Doutrina,
devem-se à ignorância de seus princípios. O estudo espírita forma o espírita
consciente, o adepto esclarecido, do ponto de vista de prática. Isto sem falar
na moral espírita, outro fator vital.
É importante destacar que em O Evangelho Segundo o Espiritismo, em seu
capítulo VI, item 5, no subtítulo Advento do Espírito de Verdade, este num
convite/advertência, pondera: “Espíritas! Amai-vos, eis o primeiro ensinamento,
instruí-vos, eis o segundo.” Nesta análise da instrução, pois que o amai-vos
abre outras perspectivas de análise, percebemos a importância de estudar e suas
conseqüências, tanto em nível pessoal, como coletivo, nos grupos formados por
espíritas. Em todos, o estudo produz seus sadios efeitos de fraternidade e
trabalho consciente, ponderado, coerente. Nada de personalismos, de disputas
medíocres ou melindres que colocam esforços a perder. Quando se estuda
verdadeiramente, percebe-se os altos objetivos da Doutrina, procurando
aplicá-los para progresso pessoal e de terceiros, inclusive da entidade a que
nos vinculamos sem egoísmo, pois que entendemos que a Causa é maior que a Casa.
Na verdade, precisamos saber o que fazemos, como fazemos, para que fazemos.
Isto indica coerência. E esta convida à superação dos obstáculos que tanto mal
tem feito ao Movimento: desentendimentos internos, distância do Movimento, Casas
isoladas, espíritas desunidos. Tudo isto é fruto da ausência de estudo.
Quando estudarmos, compreenderemos o quanto se pode realizar com a união.
Saberemos que o estudo nos faz progredir e então já não leremos somente
romances, mas estudaremos a Doutrina nas fontes cristalinas da Codificação.