O medo da morte V: as EFC’s
José Lucas
Sair do corpo físico, ir dar uma volta e voltar ao corpo de carne, lembrando aquilo que viu enquanto estava fora do corpo, mais parece um roteiro de um filme de ficção científica, no entanto vários cientistas afirmam que foi provado em laboratório que isso é possível. Será o prelúdio da descoberta do “Espírito”?
OBE (Out Body Experience) ou Experiência Fora do Corpo (E. F. C.), é uma expressão cada vez mais conhecida nos dias que correm. Designam as experiências que milhares de pessoas dizem conseguir efectuar, umas provocando-as conscientemente, outras fazendo-as inopinadamente e muitas vezes sem quererem. Resume-se a sair do corpo, ter a consciência do seu “eu” fora do corpo físico, aperceber-se dessas duas realidades distintas (o corpo físico e a consciência), estar fora do corpo, lucidamente, ao ponto de quando voltar ao estado de vigília normal, lembrar-se de tudo quanto se passou nesse estado. Vulgarmente designa-se por saída do corpo, desdobramento astral ou viagem astral, entre outras designações. Mas se até há uns anos atrás tudo isto não passava de vulgares fantasias de pessoas perturbadas, o enorme acervo de casos registados mundialmente bem como a abertura de horizontes que os cientistas vêm patenteando fez com que estes optassem por estudar estes casos. As EFC tratam-se de um estado psicofisiológico em que uma pessoa sente-se como a “flutuar” e a desprender-se do seu corpo físico, ficando a ele preso por uma espécie de cordão energético, de acordo com os relatos de algumas pessoas. As EFC podem ter várias causas, como durante o sono natural, na decorrência de uma anestesia geral, um trauma violento capaz de provocar um desmaio ou estado de choque, torturas, febre muito alta, intoxicações por drogas, afogamento, estado de total prostração e completo depauperamento, entre outras causas como por exemplo práticas de meditação.
Pessoas têm saído dos seus corpos físicos, vendo-se projectadas fora deles e relatam tudo aquilo que vêem e vivem nesse estado de consciência
Num capítulo anterior em que abordámos as EQM’s (Experiências de Quase Morte), em casos de pessoas que tiveram situações de morte clínica e voltaram ao corpo relatando com nitidez tudo o que viveram durante a ausência do corpo físico (em que foram dadas como mortas), podem-se considerar também como casos de experiências fora do corpo. Uma EQM é uma das mais fortes evidências de que durante uma EFC algo sai do corpo.
O Eng.º Hernani Guimarães Andrade, relata no seu recente livro «Morte: uma luz no fim do túnel» experiências em laboratório realizadas por vários cientistas que evidenciam assim a veracidade da tese que defende que algo (inteligência, alma, consciência?) sai do corpo físico voltando mais tarde com os seus relatos.
Já em França, o Coronel Albert de Rochas, evidenciou a independência do Espírito em relação ao corpo. Nas suas experiências, Rochas magnetizava os “sujets” provocando o transe sonambúlico. Ficando o corpo deitado, ele ordenava ao “sujet” que se deslocasse ao sítio x, y ou z e que descrevesse o que lá via. Curiosamente, o “sujet” descrevia pormenorizadamente o que se passava nesses locais, fossem eles os compartimentos da casa onde estavam, fosse em outras casas cuja actividade interna desconhecia. Esta é, de facto, uma das evidências da existência do espírito como ser independente da roupagem física, o nosso corpo.
Modernamente vemos múltiplos investigadores interessados no assunto. Veja-se o caso do Dr. Raymond Moody Jr., nos EUA, com o seu best-seller «Vida depois da Vida», e também o Dr. Waldo Vieira, médico e médium, no Brasil, que editou inclusive uma obra intitulada «Projecciologia», onde o leitor pode aprender tudo o que se relacione com a saída consciente do corpo. É essa saída consciente do corpo que os militares americanos estariam a investigar.
Os resultados dos estudos de muitos cientistas evidenciam que algo pensante sai do corpo físico dando consistência à tese de que o Espírito sobrevive à morte do corpo físico
Por altura da Guerra do Golfo, o governo americano financiou pesquisas sobre as experiências fora do corpo, facto este revelado pelo Director Executivo do Laboratório de Ciências Cognitivas de Palo Alto, o físico Edwin May, no simpósio «Aquém e Além do Cérebro» que decorreu este ano (1999) no Porto, Portugal. Segundo Edwin May, as experiências realizaram-se com uma pessoa em laboratório, 4 vezes por dia, em que essa pessoa tinha de desenhar o sítio em que outra pessoa, em viagem, se encontrava, ao longo do dia. O referido cientista mostrou a fotografia dos locais onde esteve a pessoa-alvo e os desenhos efectuados pela pessoa investigada no laboratório. Os desenhos eram muitíssimo semelhantes, com um pormenor de mais de 75%, tendo este cientista afirmado que «algo é transmitido através do tempo e do espaço e chega ao receptor, que é o ser humano», cientista este que investiga estes fenómenos há mais de 20 anos e que afirma sem titubear: «todos nós temos dons psíquicos».
No «O Livro dos Espíritos», bem como no «O Livro dos Médiuns», ambos de Allan Kardec, encontramos desde há cerca de 140 anos, informações dos Espíritos e pesquisas de Kardec, que nos mostram que somos seres imortais, com um corpo energético (perispírito ou corpo espiritual) e com um corpo físico temporário; mais nos informam que o “eu” mais esse corpo energético, sobrevivem ao desenlace físico e saem desse mesmo corpo todas as noites durante o sono, podendo igualmente dele sair normalmente, dentro de determinadas condições, durante a vida física.
No próximo artigo abordaremos a transcomunicação mediúnica e intrumental.
Bibliografia:
Kardec, Allan – «O Livro dos Espíritos», Ed. C. E. P. C. , 4ª edição, Lisboa, 1992
Andrade, Hernani, Guimarães – «Morte, uma Luz no Fim do Túnel», Ed. FE, 1ª edição, São Paulo, 1999).
* Membro da Associação Cultural Espírita e da Associação de Divulgadores de Espiritismo de Portugal (ambas de C. Rainha)