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O Momento da Vinda do Consolador

O Momento da Vinda do Consolador

Robson Gonçalves

 

Uma das características mais claramente distintivas da Doutrina Espírita é a
conciliação entre Fé e Razão. Ao longo de muitos séculos, o ser humano reservou
ao domínio da Fé tudo aquilo para o quê não possuísse explicação racional. Mesmo
povos mais avançados no campo da Filosofia e da Ciência, como os gregos e os
romanos, ao se confrontarem com os limites da Razão, demarcavam ali a fronteira
do campo religioso.

O progresso intelectual e científico foi estreitando aos poucos o campo
religioso ao longo dos séculos de evolução do espírito humano. Cada vez mais os
fenômenos da natureza ou da própria vida cotidiana passaram a encontrar
explicação racional. As doenças deixaram de ser vistas como mero resultado da
ira de Deus; os governantes não mais eram considerados como predestinados a
decidir sobre a vida e a morte do povo; a especulação sobre os fenômenos
naturais deixou de ser vista como atividade herética. No entanto, esse processo,
da forma como perdurou desde a Renascença até o Iluminismo trouxe consigo um
risco grave de desvirtuamento. Como nos ensina o Espiritismo, o progresso
material não pode andar muito tempo descompassado em relação ao avanço moral. E,
certamente, no alvorecer do século XIX, há cerca de 200 anos, vivíamos um
período crítico que exigia radical correção de rumos. A progressiva redução o
campo religioso, tal como compreendido à época, começava a suscitar a crença vã
de que a Fé era desnecessária.

Nesse sentido, não resta dúvida de que o Espiritismo foi trazido à esfera
carnal no momento exato em que o racionalismo, que teve grande impulso na
filosofia ocidental no século XVIII, ameaçava degenerar em uma perigosa expansão
do materialismo. Nossa Doutrina vem mostrar que a religião não se
encontra em um pólo oposto ao da Razão. Muito ao contrário, a racionalidade da
obra divina é alcançável, ainda que sempre e necessariamente na medida dos
limites impostos pela compreensão humana de cada era, de cada momento.
Abandonamos, assim, um conjunto de crenças nas quais a Fé e a religião são
vistas como sinônimo de mistério e onde não pode haver uma Fé originada na
aceitação racional de princípios religiosos, exigindo mera sujeição mental ao
dogma. Este, como tal, não deve ser discutido por aquele que deseja aceitar
determinada crença, mas aceito passivamente como verdade divina.

Nesse sentido, parece natural que o racionalismo sem o Espiritismo só possa
ser materialista, pois consiste na negação de tudo o que deva ser aceito
dogmaticamente como verdade. Se a Fé fosse tão somente o campo no qual ficam
confinados os assuntos para os quais a Razão não tem e não poderá ter
explicação, a crença na capacidade de uma compreensão racional do mundo só
poderia ser compreendida como a negação da religião, isto é, o materialismo. Tal
era a encruzilhada do pensamento humano em meados do século XIX. Foi em tal
momento histórico que o Alto trouxe à Terra o Espiritismo, única doutrina
religiosa e filosófica capaz de conciliar Fé e Razão.

(Publicado no Boletim GEAE Número 377 de 28 de dezembro de 1999)

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