O Passe
O Passe Espiritual constitui-se em uma prática importante no meio espírita,
envolvendo o necessitado, o médium passista (medianeiro e co-participante do
processo) e o(s) espírito(s) assessor(es). Basicamente, o passe envolve uma
troca de fluidos (geralmente do médium e do plano espiritual para o enfermo), e
não possui qualquer tipo de contra indicação, sendo sempre valioso nos diversos
tipos de enfermidades e distúrbios, podendo ser aplicado em qualquer pessoa e de
qualquer idade.
No entanto, todos nós sabemos que, para ser ministrado com a maior eficiência
possível, alguns requisitos básicos devem ser satisfeitos. Do médium passista,
requer-se hábitos sadios e atitudes cotidianas exemplares, baseadas na
simplicidade, humildade e controle emocional. Do enfermo, que se coloque em
posição mental de querer efetivamente receber a ajuda de que veio em busca –
“…. foi tua fé que te salvou”, como sempre dizia Jesus.
Mas as perguntas básicas que podemos formular são: Por quais mecanismos se
processa o passe? Por quê a necessidade da oração durante o passe? É necessário
o uso de gestos específicos ou vestimentas especiais para se ministrar o passe?
Respostas a estas e outras perguntas do gênero, podem ser encontradas no livro
de André Luís, “Mecanismos da Mediunidade”, psicografado pelo Chico Xavier.
De acordo com André Luís, o cérebro pode ser considerado como potente emissor
e receptor de ondas mentais, ao mesmo tempo. A frequência destas ondas mentais
caracteriza o nível moral/espiritual de cada criatura e também se reflete na sua
aura. Basicamente, a aura corresponde a correntes atômicas sutis do pensamento,
que possui frequência e cor peculiares, e quanto mais nobres forem os ideais e
mais correta a conduta moral, maior será a frequência das ondas emitidas.
De forma geral, para que haja a perfeita interação (e consequente troca de
pensamentos, fluidos e energia) entre duas criaturas, é necessário que elas
estejam “sintonizadas” uma com a outra, isto é, que seus estados íntimos, ao
menos naquele instante, estejam vibrando na mesma faixa de frequência. Durante
uma manifestação mediúnica qualquer da qual participa um mensageiro das altas
esferas, por exemplo, ele irá se esforçar por diminuir o seu padrão vibratório
ao mesmo tempo que solicitará ao médium um certo esforço no sentido de elevar
sua freqüência mental intrínseca, o que será conseguido se ele se mantiver em
concentração e em oração fervorosa. Se o médium possuir de fato o desejo de
servir, então ele conseguirá, através da oração sincera, elevar seu padrão
vibratório e o intercâmbio transcorrerá com facilidade e segurança. Caso o
médium não realize este esforço, a comunicação torna-se tanto mais difícil
quanto maior for o grau de desatenção do médium.
Nunca devemos nos esquecer que esta influenciação que recebemos das diversas
entidades espirituais é sempre determinada pela configuração do padrão
vibratório que dispomos no momento, reflexo imediato dos pensamentos e/ou
sentimentos que nos assenhoram o íntimo. Considerando que chegam até nós tanto
os pensamentos elevados (emitidos por espíritos protetores e mensageiros do bem)
como também os pensamentos perniciosos (emitidos por entidades inconseqüentes e
zombeteiras), passaremos naturalmente a “dar ouvidos” (sintonizar) àqueles que
possuem a mesma frequência que os nossos. Daí a atração que se exerce sobre
semelhantes. No fundo, nós é que escolhemos os espíritos que nos acompanham,
segundo nosso modo de ser e pensar.
Desta forma, durante o passe espiritual, é fundamental que o médium se
coloque em condições de sintonia perfeita com o(s) espírito(s) benfeitor(es) que
o acompanha na tarefa. Além disto, o médium e sua equipe devem procurar meios de
incentivar aquele que está recebendo o passe a elevar, por sua vez, sua própria
condição vibratória, uma vez que processo de socorro pelo passe é tanto mais
eficiente quanto maior for a sintonia e confiança daquele que lhe recolhe os
benefícios. Por exemplo, se tiver sido recebido anteriormente com gestos de
atenção e carinho, o enfermo tende a acolher as sugestões emitidas, passando a
emitir pensamentos relacionados com o bem estar que procura. Durante o passe em
si, o médium estará também projetando o seu próprio fluxo energético sobre a
epífise do necessitado, provocando nele o estado de atenção. Suas palavras de
consolo têm, então, forte poder indutivo sobre o enfermo, fazendo com que ele
passe a emitir ondas mentais renovadas, de refazimento, e que passam a agir
tanto quanto possível sobre as células do veículo fisiopsicossomático de forma
restaurativa, inclusive as dos tecidos celulares afetados.
Como vemos, a eficácia do passe depende quase que exclusivamente de processos
mentais que envolvem três partes: o espírito auxiliar, o médium e o enfermo. Se
qualquer um deles jaz desatento ao trabalho, com a mente voltada para objetivos
estranhos à tarefa em andamento, o intercâmbio de fluidos torna-se difícil, com
resultados aquém do desejável.
Em decorrência desta análise, concluímos que a utilização de roupas
específicas ou gesticulações padronizadas, são totalmente dispensáveis, já que
são os sentimentos nobres e a vontade de servir que determinam o grau de
sintonia com as esferas superiores e perfeito êxito da tarefa.
Álvaro Vanucci é Físico, Professor e Membro do Conselho Deliberativo da
ABRAPE