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O perispírito e a força plástica diretora

A revelação espírita do perispírito causou uma verdadeira revolução entre os
espiritualistas que acreditavam ser a alma integralmente imaterial, bem como
entre os fisiologistas, que não contavam com sua existência. “É preciso admitir”
– acrescenta Gabriel Delanne – “que, persistindo o perispírito depois da morte,
se torna demonstrável que preexista ao nascimento”.

Essa interpretação dos fatos explica, logicamente, como a ordem e a harmonia
se mantém na formidável confusão de fenômenos que constitui um ser vivo. Diria,
ainda, Delanne:

“Se realmente existe no homem um segundo corpo, que é o modelo indefectível
pelo qual se ordena a matéria carnal, compreende-se que, apesar do turbilhão de
matéria que passa em nós, se mantenha o tipo individual, em meio às incessantes
mutações, resultante da desagregação e da reconstituição de todas as partes do
corpo”.

De fato. O perispírito é o regulador das funções, o artífice que vela pela
manutenção do edifício biológico, porque essa tarefa não pode, absolutamente,
depender das atividades cegas da matéria.

E acrescenta Delanne:

“Existe, evidentemente, um plano que se conserva, e exige uma força plástica
diretora, a qual não pode ter por causa acidentes fortuitos. Como supor uma
continuidade de esforços, seguindo a mesma direção, num conjunto cujas partes
mudam perfeitamente? Se nesse turbilhão, algo resta estável, esse algo é o
Perispírito. Quando melhor conhecermos, noções novas, preciosíssimas, resultarão
para a Fisiologia e para a Medicina”.

Claude Bernard, na “Introdução ao Estudo da Medicina Experimental”, afirma:
“se fosse preciso definir a vida, eu diria: a vida é criação!… O que
caracteriza a máquina viva não é a natureza de suas propriedades
físico-químicas, é a criação dessa máquina junto de uma idéia definida…”

“Esse agrupamento se faz em virtude de leis que regem as propriedades
físico-químicas da matéria; mas o que é essencialmente do domínio da vida, o que
não pertence nem à Física, nem à Química, é a idéia geratriz dessa evolução
vital”.

“Há um como desenho vital que traça o plano de cada ser, de cada órgão, de
sorte que, considerado isoladamente, cada fenômeno do organismo é tributário das
forças gerais da Natureza; tomadas em sua sucessão e em seu conjunto, parecem
revelar um liame especial; dir-se-iam dirigidos por alguma condição invisível,
na rota que seguem, na ordem que os encadeia”.

Afirma, a propósito, Leon Denis em “No Invisível”:

“Tudo na Natureza é alternativa e ritmo. Do mesmo modo que o dia sucede à
noite e o verão ao inverno, a vida livre da alma sucede à estância na posição
corpórea. Mas a alma se desprende também durante o sono; reintegra-se em sua
consciência amplificada, nessa consciência por ela edificada lentamente através
da sucessão dos tempos; entra na posse de si mesma, examina-a, torna-se objeto
de admiração para ela própria. Seu olhar mergulha nos recessos obscuros de seu
passado, e aí vai surpreender todas as aquisições mentais, todas as riquezas
acumuladas no curso de sua evolução, e que a reencarnação havia amortalhado. E
que o cérebro concreto era impotente para exprimir, seu cérebro fluídico o
patenteia, o irradia com tanto mais intensidade quão mais completo é o
desprendimento”.

Em seguida, o filósofo de Tours oferece à reflexão uma série de casos que
provam a evasão da alma da prisão carnal, da qual se liberta, definitivamente,
pela morte…

Alfred Erny, contemporâneo e companheiro de pesquisas de Eugênio Nus, William
Crookes e Alfred Russel Wallace, em seu filho “O Psiquismo Experimental”, dedica
o Capítulo I, da Segunda Parte, ao estudo do Corpo Psíquico, “que é
indispensável para que se compreendam os fenômenos psíquicos de caráter mais
elevado e mais raro”.

“Os espíritos” – acrescenta Alfred Erny – “Chamam a esse corpo, Perispírito”.
O ilustre pesquisador, embora não refute o vocábulo Kardequiano, considera a
expressão “corpo psíquico” mais apropriada.

Afirma, ainda, linhas a seguir, que os sábios e os cépticos duvidam da
existência desse corpo, porque não o vêem.

Por sua vez, J. Herculano Pires, em “Curso Dinâmico de Espiritismo”, elucida:

“O Perispírito, corpo espiritual ou corpo bioplasmático possui, em sua
estrutura extremamente dinâmica, os centros da força que organizam o corpo
material (2). É o modelo energético previsto com grande antecedência por Claude
Bernard. Os pesquisadores russos compararam esse corpo, visto através das
Câmaras Kirlian de fotografia paranormal em conjugação com telescópio eletrônico
de alta potência, a um pedaço do céu intensamente estrelado. Esse é o corpo da
ressurreição espiritual do homem, dotado de todos os recursos necessários para a
vida após a morte. Esse corpo de plasma físico e plasma espiritual vai perdendo
seus elementos materiais na vida espiritual, na proporção exata da evolução do
Espírito”.

O Prof. Henrique Rodrigues em “A Ciência do espírito”, cita o livro de Sheyla
Ostande e Lyn Schroeder – “Psychic Discoveries in the Iron Curtain”, sobre o
qual se escreveu interessante artigo estampado na revista “Reformador” (FEB).
Eis um dos seus trechos:

“As pesquisas começaram num grupo de cientistas localizados perto do centro
espacial soviético no Cazaquistão, em Alma-Atá. Reuniram-se alguns biologistas,
bioquímicos e biofísicos para estudar a espetacular descoberta do casal Kirlian:
uma câmara de alta freqüência que, ultrapassando a barreira da matéria densa,
vai mostrar a contraparte imaterial dos seres. Com equipamentos óticos
conjugados à câmara Kirlian, os cientistas soviéticos tiveram, um dia, uma visão
maravilhosa que até então era reservada aos videntes – O CORPO ESPIRITUAL DE UM
SER VIVO!

Uma comissão de alto nível foi designada em 1968 para estudar o fenômeno e
emitir parecer conclusivo. Compunha-se o grupo dos Doutores Inyushin
Grischichenko, Vorohev, Shouiski e Gilbalduin. A conclusão que apresentaram não
poderia ser mais objetiva e corajosa:

A descoberta de um corpo energético pelos biofísicos russos proporcionara uma
confirmação independente da extensa pesquisa sobre a existência de um corpo
equivalente, feita nos laboratórios Delawarr, em Oxford, Inglaterra. A pesquisa
pioneira do professor George de la Warr, no campo do biomagnetismo tem sido
ignorada no Ocidente, mas os russos demonstraram considerável interesse por ela
e até mandaram um cientista visitar o Laboratório Delawarr há vários anos. A
obra de George e Marjorie de la Warr tem vastas implicações para a compreensão
da “força misteriosa que permite a percepção à distância por qualquer célula
viva. (vide: “Using Sound Waves to Probe Matter”, de George de la Warr, e “Biomagnetism”,
de G. de la Warr e Douglas Zaher, 1967.)

(Jornal Mundo Espírita de Junho de 1998)