Sofrimento: dor física; angústia, aflição, amargura; infortúnio, desastre.
A Terra, em termos atuais, é um planeta de expiações e provas, no qual renascem,
em massa, Espíritos muito comprometidos perante a Lei de Deus. Por isso a Terra
ainda não é um lugar onde se possa viver sem incômodos, sem lutas e sofrimentos.
Ensina Emmanuel em “Justiça Divina” – pág. 114 que: “Somos Espíritos doentes
em laboriosa restauração” devidos aos débitos contraídos no passado. “Todos somos
enfermos pedindo alta”. Sofrimento portanto, é conseqüência de violações, abusos,
no curso dos quais a Lei Divina foi desrespeitada e os deveres negligenciados. Dor
e adversidade apresentam-se hoje como oportunidades de desgastar débitos,
de conquistar a liberdade. É o remédio para as imperfeições do Espírito, para as
enfermidades da alma. Sem isso não é possível a cura.
É este o entendimento que temos da dor?
Somos capazes de perceber bênçãos no sofrimento?
Não. Diante do sofrimento físico ou moral de modo geral desesperamos, revoltamo-nos,
ficamos abatidos. Por quê? Porque a ignorância das Leis Universais faz-nos ter aversão
a padecimentos, Em nossa cegueira estamos quase sempre prontos a amaldiçoar nossa
vida obscura, monótona e dolorosa. Para que possamos perceber bênçãos no sofrimento
é preciso que elevemos a nossa visão acima dos horizontes limitados da Terra para
apreciarmos os porquês dos bens e dos males da existência, só então saberemos em
que consiste a verdadeira desgraça e a verdadeira felicidade.
Observada sob esse ponto de vista, a desgraça (para o ser humano), não é o sofrimento,
a perda de entes queridos, as provações, a miséria, mas, a desgraça, será tudo aquilo
que adiar, aniquilar, impedir o adiantamento do Espírito. Para aquele que se detém
na vida presente a desgraça pode ser a enfermidade, o sofrimento ao passo que para
aquele que já desperto para as realidades espirituais será o prazer, o orgulho,
a vida inútil, etc… Eis porque é necessário conhecer os objetivos da vida e das
leis morais.
Do ponto de vista espiritual sofrimento é oportunidade de conquistar valores
para a Vida Imortal – a verdadeira Vida.
Esclarece ainda Emmanuel: “O sofrimento longe de ser uma desgraça tem função
preciosa nos planos da alma” – porque surge como conseqüência de erros e violações
da Lei, mas tem função retificadora dos desequilíbrios do Espírito e das lesões
corporais. Por isso apresenta potente utilidade ao homem que sofre; sem ele, o homem
não poderia se reajustar, porque seria difícil acordar a consciência para a realidade
superior.
Sendo um planeta de expiações e provas, na Terra todos conviverão com sua parcela
de sofrimento – seja qual for a posição em que se encontrem. Longe de ser uma desgraça
ou uma punição – sofrimento funciona como reequilíbrio e tratamento para o Espírito
que sem esse estímulo dificilmente poderia reajustar-se e acordar a consciência
para a realidade superior.
Sofrimento de qualquer procedência, injunções de toda natureza representam apelos,
chamamentos para que despertando cuidemos quanto antes da renovação e conseqüente
ascensão moral. “Sofrimento é o Aguilhão Benéfico”. Deriva daí que quando ele despontar
em nossa vida cabe dar-lhe o tratamento adequado para que não venha a se transformar
realmente em uma desgraça completa.
Qual deverá ser a atitude correta frente aos sofrimentos que nos avassalam?
Será sempre a da “Conformação Lúcida” isto é, entendendo as raízes aceitar com
resignação, sem rebeldia, sem recriminação, trabalhando confiante e perseverante
no bem, “aceitando-o” como remédio amargo, operação dolorosa mas imprescindível
que deve restituir a saúde do corpo e a paz do Espírito.
Bibliografia:
O Evangelho Segundo o Espiritismo – Allan Kardec – cap. VIII – item 21.
Celeiro de Bênção – Divaldo Pereira Franco – Joanna de Ângelis – Ante o Sofrimento
Após a Tempestade – Divaldo Pereira Franco – Joanna de Ângelis – Infortúnios.
Luz Acima – Francisco C. Xavier – Irmão X – Paz
Justiça Divina – Francisco C. Xavier – Emmanuel – Doenças da Alma
(Jornal Verdade e Luz Nº 181 de Fevereiro de 2001)