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O Sono e os Sonhos

“Por que não nos lembramos sempre dos sonhos?

R. Em o que chamas sono, só há repouso do corpo, visto que o Espírito está
sempre em atividade. Recobra, durante o sono, um pouco de sua liberdade e se
corresponde com os que lhe são caros, quer deste mundo quer em outros. Mas,
como é pesada e grosseira a matéria que compõe o corpo, dificilmente este
conserva as impressões que o Espírito receber, porque a este não chegaram por
intermédio dos órgãos corporais.”

 

Poderíamos explicar mais detalhadamente assim:

No estado de vigília as percepções se fazem com o concurso dos órgão físicos
– os estímulos são selecionados pelos sentidos, transmitidos pelas vias nervosas
ao cérebro; aí são gravadas para serem reproduzidas a cada evocação pela memória
biológica. No sono cessam as atividades motoras e sensoriais. O Espírito liberto
age no plano espiritual e sua memória perispiritual registra os fatos que
vivencia, sem chegar, contudo, ao cérebro físico. Tudo é percebido diretamente
pelo Espírito, mas nada impede que, excepcionalmente, por via retrógrada, as
percepções da alma repercutam no cérebro físico. Então, ocasionalmente, o homem
se lembra do que sonhou.

É sempre oportuno lembrar que ao nos desprendermos no sono físico penetramos
no mundo espiritual, onde não prevalecem as leis físicas e estaremos sujeitos às
leis do mundo espiritual, em que o grau de densidade perispiritual e a lei de
atração dos semelhantes determinarão outras limitações, fixando os parâmetros de
nossa vivência.

Allan Kardec nos chama atenção para a diferença entre sonho comum e sonho com
desdobramento da alma. Ele diz:

 

“O sonho é a lembrança do que o vosso Espírito viu durante o sono; mas
observai que nem sempre sonhais porque nem sempre vos lembrais daquilo que
vistes ou que ouvistes. Isto porque não tendes a vossa alma em todo o seu
desenvolvimento; freqüentemente não vos resta mais que a lembrança da
perturbação da vossa partida e da vossa volta (…). Sem isto como
explicaríeis estes sonhos absurdos a que estão sujeitos tanto os sábios como
os ignorantes?

Os maus Espíritos também se servem dos sonhos para atormentar as almas
fracas e pusilânimes. (…) Procurai distinguir bem estas duas espécies de
sonhos entre aqueles do que vos lembrardes, sem isto cairíeis em contradição e
em erros que seriam funestos para vossa fé.”

 

A análise dos sonhos pode nos trazer informações valiosas para nosso
auto-conhecimento. Contudo, devemos nos precaver contra as interpretações pelas
imagens ou lembranças esparsas. Há sempre um forte conteúdo simbólico em nossa
percepções psíquicas que, normalmente nos chegam acompanhadas de emoções e
sentimentos.

Se ao despertarmos, nos sentimos envolvidos por emoções boas, agradáveis,
vivenciamos uma experiência positiva durante o sono físico. Ao contrário, se as
emoções são negativas, nos vinculamos, certamente, a situações e Espíritos
inferiores de acordo com nossos hábitos, vícios morais, pensamentos negativos.

Daí a necessidade de adequarmos nossas vidas aos ensinamentos cristãos,
vivenciando o amor, o perdão e altruísmo habituando-nos à oração antes de
dormir, para nos ligarmos a valores positivos e sintonias superiores.

Teremos, então, sonhos mais agradáveis, construtivos e iremos perceber melhor
a nossa participação real durante o sono, separando-a das imagens que estão
fixadas em nossa aura ou daquelas arquivadas em nossa memória perispiritual.

 

Bibliografia

  1. Livro dos Espíritos – Allan Kardec
  2. Mecanismos da Mediunidade – André Luiz/Chico Xavier
  3. Estudando a Mediunidade – Martins Peralva
  4. Revista Espírita, jul/1865 – Allan Kardec
  5. Revista Reformador, jan/1969 – Yvonne A. Pereira
  6. Revista Reformador, set/1989 – Dalva Silva Souza