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O Tesouro de Bresa

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Amílcar Del Chiaro Filho

Malba Tahan escreveu uma linda história com o título, O Tesouro de Bresa, que narra a história de um humilde alfaiate da Babilônia que adquiriu um livro para encontrar um tesouro, e através dele aprendeu línguas, cálculos, filosofia e religião, e da sua humilde posição galgou sucessivamente os postos de tradutor da sala do trono, prefeito da cidade, e 1º ministro do Reino da Babilônia.

Aproveitamos essa história para fazer um paralelo com a história de um homem que quase no fim da sua adolescência encontrou-se com O Livro dos Espíritos.

Este jovem teve uma infância sofrida pois era órfão de mãe desde pequenino, e ao 7 anos foi acometido pela lepra, hoje denominada hanseníase. O Livro dos Espíritos caiu em suas mãos como um bálsamo, com as respostas certas para as suas muitas dúvidas.

Ele não precisou aprender línguas, a não ser a do sentimento, a do amor, pois, embora o livro seja originalmente francês é traduzido para o português. Não precisou aprender matemática e geometria, mas aprendeu a dividir, partilhar o que lhe pertence, principalmente as coisas do coração.

Nunca foi prefeito ou 1º Ministro, mas foi presidente e secretário de centros espíritas. Não encontrou nenhum tesouro material, como jóias feitas de ouro, brilhantes, rubis, ou esmeraldas, mas encontrou e tomou posse dos mais valiosos tesouros do conhecimento da vida, das leis eternas de Deus.

Aliás, sobre Deus aprendeu que não se tratava de um ser antropomórfico, isto é, com forma de homem, nem caprichoso, ciumento, guerreiro, vingativo, e sim um Pai bom e amoroso, criador do universo e das suas leis de amor.

Aprendeu que, como todos os demais espíritos, foi criado simples e ignorante, mas com um projeto, o de ser perfeito, meta que alcançará através das reencarnações. Isto lhe deu a certeza da imortalidade, mas imortalidade dinâmica, e não estática, vazia.  Aprendeu que existem muitos mundos habitados, em diferentes estágios evolutivos, onde humanidades semelhantes à nossa caminham para Deus.

Aprendeu que somos os construtores do nosso destino, que colhemos o que semeamos, e que temos o livre arbítrio para selecionar as sementes e plantá-las, mas nos obrigamos a colher os frutos da sementeira.  Descobriu uma ponte entre os mundos físico e espiritual, ponte que tem o nome de mediunidade, e é feito de um material que se chama amor. Através desta ponte, por meios diversos contatamos nossos amores desta e de outras vidas, assim como podemos encontrar os desamores e fazer as pazes com eles.

Sobre a Lei de Adoração aprendeu que não é a vida contemplativa, e sim o dinamismo na prática do bem que agrada a Deus.

Na Lei do Trabalho aprendeu que o limite do trabalho é o das forças. Na lei de Conservação ficou sabendo que as privações voluntárias só tem valor se nos privamos para favorecer um necessitado.  Na Lei de Destruição aprendeu que tudo se destrói para ser renovado, exceto o espírito que não pode ser destruído. Ficou sabendo ainda que as guerras e a pena de morte existem pela barbárie da humanidade, pelo seu atraso moral. Com a Lei de Sociedade aprendeu que os laços de família são formados pelo amor ou pelo ódio.  Ao saber que todos somos iguais perante Deus, e que homens mulheres tem os mesmos direitos, aprendeu a Lei de Igualdade.

Nenhum homem pode ser dono de outro homem, ensinou-lhe a Lei de Liberdade. Aprendeu ainda que o homem de bem é aquele que cumpre a Lei de Justiça, Amor e Caridade.

Aprendeu ainda que o direito fundamental do ser humano é o de viver, e ter o suficiente para viver com dignidade.

Este é um verdadeiro Tesouro de Bresa, que foi enterrado por um gênio nas Montanhas do Arbatol, porque Bresa significa conhecimento, sabedoria, e Arbatol significa trabalho, e o Espiritismo exige de nós estudo e aplicação daquilo que aprendemos.