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Obrigado, Mãe…

Obrigado, Mãe…

Convencionou-se, no Brasil, homenagear as mães no mês de maio, mais
precisamente em seu segundo domingo.

Assim, com larga antecedência, o comércio em geral aciona os meios de
comunicação e todos somos convocados, quase que “intimados” pelo clima que se
cria, a participar do evento, obviamente comprando, no mínimo, um presente.

Com todo o respeito, pensamos que dia das mães é todo dia e que há outros
meios, bem melhores, de homenageá-las.

Com efeito, um deles, bastante simples mas profundo, seria agradecer-lhes,
diariamente, por terem concordado, juntamente com nossos pais, com o nosso
renascimento na Terra, permitindo, assim, a nossa reencarnação, verdadeira
bênção da oportunidade!

Sim, a oportunidade da vida, das provas, das expiações, do progresso
intelectual e moral, da evolução enfim, que a todos nós conduzirá, um dia, à
perfeição relativa e à felicidade suprema.

Para se ter uma idéia, por comparação, do que representa a oportunidade do
renascer, basta que se diga que, apenas no Brasil, são realizados cerca de
5.000.000 (cinco milhões) de abortos por ano, de acordo com estatísticas não
oficiais. É possível, e até provável, que este número seja ainda maior.

Ora, como bem esclarece o Espírito Joanna de Ângelis, através da mediunidade
de Divaldo Pereira Franco, “Um filho, em qualquer circunstância, é
compromisso assumido antes do berço pelos genitores que responderão, perante as
divinas Leis, pelo comportamento a que se entreguem”
( encontrável no
livro Luz Viva, p. 74), não sem antes definir que “A vida não é patrimônio
da criatura humana, que apenas empresta ao Espírito o envoltório carnal
transitório, não lhe cabendo, portanto, o direito de a fazer cessar”

(obra citada, p. 73).

A propósito, na questão 880 de O Livro dos Espíritos, perguntou Allan Kardec:
“Qual o primeiro de todos os direitos naturais do homem?”, ao que
os Espíritos, liderados pelo Espírito Verdade, responderam: “O de viver.
Por isso é que ninguém tem o de atentar contra a vida de seu semelhante, nem de
fazer o que quer que possa comprometer-lhe a existência corporal”.

É claro que não estamos aqui incluindo os abortos espontâneo e terapêutico,
este último realizado para salvação da vida orgânica da gestante, de que trata a
pergunta nº 359 de O Livro dos Espíritos, obra basilar da Doutrina Espírita.

Aliás, interessante salientar que, nesse ponto, coincide a legislação humana
(pelo menos a brasileira) com a legislação divina, posto que, no Brasil, quando
houver grave risco à gestante, o aborto não é considerado crime.

Nas demais hipóteses (conquanto pela legislação brasileira, hoje, também não
seja considerado crime o aborto, provocado, em caso de fecundação resultante de
estupro), sob o enfoque das Leis Divinas, que são perfeitas e, por isso mesmo,
imutáveis, o aborto, em verdade, é um crime hediondo contra um ser que não pode
se defender e nem sequer pode suplicar por piedade, por clemência.

Ademais disso, não podemos nos esquecer da advertência do Espírito Joanna de
Ângelis, pela psicografia de Divaldo Pereira Franco, que “Todo filho é
empréstimo sagrado que deve ser valorizado e melhorado pelo cinzel do amor dos
pais, para oportuna devolução ao Genitor Celeste”
(encontrável no livro
Após a Tempestade, p. 70).

Por outro lado, importantíssimo destacar o ensinamento do Espírito Camilo
através da mediunidade de José Raul Teixeira, a saber: “Desse modo, se
desejarmos eliminar da esfera do mundo as práticas nefandas do aborto criminoso
e infeliz, carecemos de reestruturar a educação da criança, do jovem, do homem,
da mulher, a fim de que as idéias do bem, do amor, do respeito à vida se tornem
o oxigênio da Humanidade, fazendo felizes as criaturas. É para realizar esse
desiderato, o de conduzir o gênero humano nos caminhos da prudência e do
equilíbrio, andando com passos firmes para Deus, que o Espiritismo luziu sobre a
Terra, para cumprir o mister de educar e reeducar as almas, abolindo,
definitivamente, o aborto das concepções do bem no mundo”
( extraído do
livro Cintilação das Estrelas, p. 94).

Assim sendo, não é difícil concluir que nós, espíritos agora encarnados,
somos ou devemos ser muito gratos às nossas mães, que, com a participação de
nossos pais, nos permitiram renascer, oferecendo-nos nova e valiosa
oportunidade. E que oportunidade!

Por isso, expressando esse sentimento, o sentimento da gratidão, todos os
dias, às nossas mães, encarnadas ou não, estaremos prestando homenagem
compatível com a maternidade, verdadeira missão do espírito encarnado em corpo
feminil no planeta Terra.

Pós-escrito – Aproveito o artigo para agradecer, de público, à minha
mãezinha Vitória, desencarnada em Curitiba em 06.06.92, a oportunidade que me
ofereceu, juntamente com meu pai Abrão, também desencarnado em Curitiba em
12.03.83, de nova reencarnação, extraordinária bênção, por todos os títulos.

A Doutrina Espírita consolidou em mim a convicção de que só o bem é real e
permanente, a despeito das aparências em contrário
, tal como a senhora
sempre ensinou, apesar de não ser Espírita, apenas Cristã.

Embora saudoso de sua presença física, praticando o Espiritismo, que
esclarece e consola, guardo plena certeza de que nos reencontraremos, para,
ainda juntos, prosseguirmos a caminhada rumo ao crescimento, à evolução, à
perfeição relativa e à felicidade suprema, mesmo que a pouco e pouco.

Que Deus, nosso Pai Celestial e Autor da Vida, e Jesus Cristo, nosso mestre e
amigo de todas as horas, continuem iluminando o seu caminho.

Obrigado mãe, muito obrigado.

(Jornal Mundo Espírita de Maio de 1997)