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Organização dos Passes

Organização dos Passes

A pratica do passe faz parte da tradição e rotina do Centro Espírita. Mesmo
assim é tema que suscita dúvidas, estudos e debates.

Deve ser aplicado indiscriminadamente?

Deve ser mental, movimentado, classificado ou denominado?

No Cristianismo primitivo já era uma atividade corrente e suscitava
assertivas importantes como: “…imporão as mãos nos enfermos e estes sararão”(
Marcos, 16:18), ou “E curais os enfermos que nela houver e dizei-lhes: É chegado
a vós o reino de Deus”. (Lucas,10:9).

O Espiritismo, depois da fase que a ciência se abriu para o magnetismo, a
sugestão e o hipnotismo, pode não apenas se valer dessas experiências como
dispor das obras do codificador, de autores como Wenefredo de Toledo, Roque
Jacintho e a famosa série de André Luiz, da lavra mediúnica de Francisco Cândido
Xavier.

As citadas e muitas outras oferecem subsídios para se refletir e se discutir
em torno da chamada “técnica” do passe.

No dia a dia do Centro Espírita, o passe magnético é mais acessível de ser
praticado pelos colaboradores, possibilitando a formação de equipes preparadas
para tal. Basta ter boa vontade, ânimo de servir o próximo, saúde física
razoável e meta da moral elevada. A isso se acrescente as orientações
doutrinárias e até específicas sobre a concentração, irradiação, prece, fluidos
e a maneira de se aplicar o passe.

A imposição das mãos registrada por Marcos e/ou ligeiros movimentos
longitudinais sobre o corpo do paciente, dispensam barulhos, toques diretos,
exercícios complicados… Embora, em geral, o passe possa ser magnético, não
deverá se basear em regras e orientações puras do magnetismo. Daí a importância
do entendimento sobre a ação do pensamento, da transfusão energética de
perispírito e da interferência espiritual.

Fatores que se interagem facilitam a atuação dos espíritos benfeitores. Com a
conjunção da necessidade do paciente, oportunidade do passe e merecimento de
ambos, não é fácil se afirmar que o passe seja magnético ou magnético-espiritual
(misto). Aliás, esta definição é dispensável. Além de se “impor as mãos”,
relevante seria o anúncio do “Reino de Deus” anotado por Lucas.

Fora os momentos emergenciais e excepcionais, o passe deve estar inserido num
contexto de esclarecimento para os interessados. Chame-se isso de “reunião
doutrinária”, “fluidoterapia” ou até de “papoterapia”… Num paralelo com
doentes físicos, o fato é que é muito importante não se recomendar apenas o
analgésico, mas, principalmente, o medicamento que atua na causa da enfermidade.

Nas reuniões públicas, o passe pode ser aplicado em câmaras ou no próprio
ambiente do salão. Em ambas situações, a leitura preparatória e a elevação dos
sentimentos devem se somar às exposições doutrinárias. As orientações espíritas
preparam o ambiente mental e espiritual dos assistentes. Os temas devem ser
tratados de forma clara e objetiva, focalizando questões sobre a imortalidade da
alma, reencarnação, lei de causa e efeito e o significado da dor e do
sofrimento. Periodicamente, deve-se esclarecer sobre o passe e como a pessoa
deve se comportar para um melhor aproveitamento desse recurso.

O emprego de câmara de passe tem vantagens para o recolhimento de todos ,
cria condições mais discretas para a prática e facilita a opção para aqueles que
queiram ou não receber o passe. Do ponto de vista espiritual vem sendo
considerada uma sala específica e saturada fluidicamente.

Todavia, a impossibilidade de se dispor dessa câmara, não invalida os passes
aplicados no próprio salão de palestras. Deve-se cuidar para que a disposição e
a distância entre as cadeiras facilitem o deslocamento dos passistas, sem se
incomodar os freqüentadores.

Quanto ao momento para a aplicação do passe nas reuniões públicas, podem ser
ao longo da exposição doutrinária e, evidentemente que, nesse caso, é
indispensável a utilização da câmara de passes. A aplicação de passe no próprio
salão será possível após a palestra. As duas opções são válidas e devem se
adequar às condições físicas e de equipe humana do Centro Espírita.

O importante é que o Centro Espírita não seja só o Pronto-Socorro, mas que se
caracterize como escola que introduz as possibilidades da oficina de trabalho.

Fica claro que para o passe espírita, os detalhes materiais são sobrepujados
pela relevância de todo o contexto doutrinário em que os passes devem estar
inseridos.

(Revista Dirigente Espírita Set/Out de 1990)