Tamanho
do Texto

Os Fenômenos Espíritas e sua Universalidade

O Espiritismo propriamente dito, coordenado sob o tríplice aspecto de
Ciência, Filosofia e Religião, só existe há pouco mais de um século, ou, mais
precisamente, a partir de 18 de abril de 1857, data em que se deu a publicação
de “O Livro dos Espíritos”, de Allan Kardec.

Os fenômenos sobre que ele se apóia, porém — atribuídos à ação dos Espíritos
—, pode dizer-se que remontam aos primeiros dias da existência do homem na
Terra.

A literatura mais antiga que se conhece a eles se refere, ora sob a forma de
lendas e alegorias, ora de maneira clara e positiva.

Na Índia, a prática da evocação dos mortos sempre existiu e ainda hoje
existe, principalmente na casta sacerdotal.

No antigo Egito os mortos tinham grande influência sobre os vivos:
imiscuíam-se nos negócios mundanos, obsediavam, manifestavam sua presença e sua
ação por diversas formas (Ermann, “A Religião Egípcia”).

Maspero, em Estudos Egiptológicos, conta que há em Leide um papiro datando da
58 dinastia (3500-3300 a.C.), onde se narra que um viúvo caiu gravemente enfermo
por atuação da falecida esposa, que lhe conservava grande rancor.

Na literatura e na história da Grécia e de Roma encontram-se, em abundância,
casos de comunicações com as almas trespassadas.

Segundo Homero, Ulisses valia-se da mediunidade de Circe para interrogar o
Espírito Tirésia, o de sua mãe e de vários outros defuntos, e todos lhe
respondiam claramente (“Odisséia”, X e XI).

Em uma obra ainda hoje lida pelos eruditos, Plínio, o Moço, relata o caso do
espectro de Atenas, em virtude do qual Atenodoro adquiriu uma casa a preço
irrisório. Esse filósofo, na primeira noite em que a ocupou, estando a ler e
escrever como de costume, ouviu um ruído semelhante ao arrastar de correntes.
Erguendo os olhos, viu um velho, triste, carregado de ferros, que se aproximou e
lhe fez sinal para que o acompanhasse, conduzindo-o a um ponto do corredor, onde
desapareceu. Levado o fato ao conhecimento dos juízes, estes ordenaram que
fossem feitas escavações no lugar e acabaram encontrando um esqueleto
acorrentado. Deram-lhe honrosa sepultura e os fenômenos cessaram (Cartas, LVII,
27).

Sócrates, Fílon e Plotino comunicavam-se com seus guias espirituais, a que
chamavam “gênios”.

Informa Cícero que seu amigo Apio conversava freqüentemente com os
trespassados (“De Devinatione”).

Plínio, o Antigo, narra que Tibério também se dava à prática de evocar e
confabular com os Espíritos (“História”, XXX, 6).

Pela mediunidade de Erato, a famosa mágica de Tessália, soube Sexto Pompeu de
vários episódios que o interessavam (Lucano, “Pharsalia”).

O historiador Cesar de Vesme, diante das pesquisas etnográficas, assegura que
entre os selvagens a crença na sobrevivência e manifestação dos Espíritos “se
impôs, bon gré, mal gré, independente de seus desejos, pela observação dos
fatos” (“História do Espiritualismo Experimental”).

Lapponi, escritor católico, em “Hipnotismo e Espiritismo”, diz que “desde
tempos remotíssimos se tem acreditado e se acredita nas relações reais entre os
homens ainda vivos e os defuntos, bem como entre aqueles e outros seres
imateriais de ordem superior. E a justificação de tais crenças, em todos os
séculos, está ligada a narrativas imemoriais de fatos maravilhosos”. (Os grifos
são nossos.)

Referindo-se aos fenômenos espiríticos, observa William James, notável
filósofo norte-americano, que foi professor na Universidade de Harvard:

“A Fisiologia nada quer com eles. A Psicologia ortodoxa lhes vira as costas.
A Medicina os expulsa; ou, quando muito, se está em veia de anedotas, citam-se
alguns casos como efeitos da imaginação. Entrementes, os fenômenos aí estão,
vastamente espalhados em toda a extensão da História. Abri-a à página que
quiserdes e achareis muitas coisas narradas sob os nomes de adivinhação,
inspiração, possessão demoníaca, aparições, transes, estudos, curas miraculosas,
malefícios, feitiçarias.

Supõe-se que a mediunidade é originária de Rochester, USA, e que o magnetismo
animal data de Mesmer; mas, perlustrai um dia o avesso das páginas da história
oficial, consultai as memórias, os documentos legais, as legendas, e os livros
de anedotas populares, e vereis que não existe época em que esses fatos não
deixem de ter sido tão abundantemente relatados como em nossos dias” (“Estudos e
Reflexões de um Psiquista”).

Maiores subsídios a respeito poderão ser encontrados em “A Evolução”, de
Carlos lmbassahy, onde colhemos grande parte das citações feitas neste artigo.

(Revista Reformador de janeiro de 1975)

Unidades Feal

FUNDAÇÃO ESPÍRITA ANDRÉ LUIZ |||

Feal

Você gostou deste conteúdo?

Há décadas a FEAL - Fundação Espírita André Luiz assumiu o compromisso de divulgar conteúdos edificantes voltados ao bem estar dos seres humanos gratuitamente e, com a sua ajuda, sempre será.

Podemos contar com você?
logo_feal radio boa nova logo_mundo_maior_editora tv logo_mundo_maior_filmes logo_amigos logo mundo maior logo Mercalivros logo_maior