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Os Velhinhos Inteligentes

Os Velhinhos Inteligentes

A notícia, transmitida em rede nacional de televisão, relatou estudo científico
realizado no Reino Unido. Há sessenta (60) anos, nesta pesquisa, foi medido o coeficiente
de inteligência de uma amostra de crianças que freqüentavam o ensino fundamental;
localizadas depois deste período constatou-se que dentre aquelas com maiores coeficientes,
a taxa de sobrevida era maior, bem como, o estado de saúde das mesmas, também era
melhor.

Inadvertidamente o repórter concluiu que a inteligência havia causado melhor
qualidade de saúde, felizmente após isto apareceu a entrevista de um senhor que
havia participado da amostra de crianças estudadas que declara que a inteligência
lhes proporcionou condições de fazer escolhas mais acertadas do tipo não fumar,
alimentar-se de maneira mais saudável, ter atividade física adequada, lazer ao longo
de suas vidas.

Basicamente o que este senhor reforça é um pressuposto da Doutrina Espírita,
muitas vezes enfatizado por Kardec: em tudo e por tudo é necessário aprendermos
a deduzir as conseqüências de nossos atos. A inteligência neste caso funcionou como
catalizador do processo.

Em “O Livro dos Espíritos” encontramos no capítulo Lei do Progresso (questões
780 e 780a) que o progresso intelectual ocorre antes do progresso moral
pois é aquele que dará condições de se compreender o bem e o mal e a partir desta
compreensão o ser humano poderá fazer escolhas. “O desenvolvimento do livre arbítrio,
segue-se ao desenvolvimento da inteligência e aumenta a responsabilidade do homem
pelos seus atos”.

 

Sabemos pela doutrina que estamos aqui reencarnados para desenvolvimento de novas
capacidades, tanto morais como intelectuais, tanto que em “A Gênese” Kardec coloca
que Terra é uma escola de aplicação. As aquisições anteriores sem dúvida em muito
nos ajudam, entretanto é preciso lembrar que o fato de não as possuirmos não quer
dizer que necessariamente deveremos sempre estar em condição de inferioridade em
relação aos outros; precisamos sim estar conscientes que nosso trabalho será maior,
mas as nossas chances sempre existem.

As potencialidades estão em cada um de nós a fim de que pelo nosso esforço pessoal
nos dediquemos a desenvolvê-las, entretanto, podemos dizer que no nosso planeta
ainda existem espíritos que não descobriram o prazer de novos aprendizados.

Aqueles que se dedicam ao labor de ensinar em escolas públicas ou privadas sabem
que basicamente há três modalidades de aprendizes: os que têm enorme prazer de aprender
e muito se esforçam para adquirir novos conhecimentos; os que se contentam em aprender
para ir para a série seguinte; os que se irritam com os professores porque exigem
esforço de aprendizado.

Temos também que nos lembrar que uma vez o aprendizado tendo ocorrido ainda há
grande tarefa do indivíduo processar sua canalização, ou seja, para que será utilizada
a nova aquisição? Ë aqui que entra o desenvolvimento moral.

Voltando à notícia do início desta matéria recordemos que o senhor entrevistado
enfatiza que ser mais inteligente lhe proporcionou condições de melhor escolha,
entretanto, a melhor escolha é fruto dos nossos valores e crenças, ou seja, está
ligado à nossa ética pessoal.

É necessário também lembrar que não se trata apenas de escolher o melhor para
nós ignorando a dimensão do outro, pois neste caso a nossa inteligência está sendo
utilizada de maneira egoísta, denotando o nosso infantilismo moral. Aqui se coloca
as palavras de Emmanuel em Pensamento e Vida: “Inteligência que não ama, pode
ser comparada a valioso poste de aviso, que traça ao peregrino informes de rumo
certo, deixando-o sucumbir ao tormento da sede.”

(Jornal Verdade e Luz Nº 185 de Junho de 2001)