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O passe no centro espírita

É habitual quanto baste. Já houve quem falasse nos «papa-passes». Nada
mais é, porém, do que um paliativo, um apoio, que depende sobretudo da
receptividade de quem o recebe e da sua capacidade de harmonizar a sua vida
interior. Falamos do chamado passe, com frequência ministrado individualmente
após a palestra no centro espírita
.

Quem procura o centro espírita em condição de necessidade – se deprimido,
angustiado ou de algum modo enfraquecido –, após ouvir a palestra de 30 minutos,
raramente deixa de se incluir na fila para o passe magnético individual que se
segue. Como qualquer serviço espírita, necessariamente este também é totalmente
gratuito. Nem seria preciso dizer, mas nunca é demasiado sublinhar.

Mas por que é que isso acontece? Porque as pessoas alimentam a esperança de
que os eflúvios energéticos invisíveis saídos das mãos do passista (a pessoa que
dá o passe) as vão retemperar, aliviar as tensões, reequilibrar fluidos. E assim
venham a sair do centro mais fortalecidas após um quotidiano tão desgastante
para tanta gente.

Mas o que é o passe magnético?

Definem-no os espíritos desencarnados como uma espécie de transfusão de
energias espirituais, que são transferidas do passista para quem recebe o passe,
tanto mais quanto mais este esteja numa situação de receptividade. E tudo isso
através da imposição das mãos, como fazia Jesus.

Os envolvidos no passe no centro espírita são o médium-passista (uma pessoa
cuja função é irradiar paz, ânimo e esperança), o espírito-passista (um técnico
especializado a nível de energias espirituais) e quem recebe o passe cabe-lhe um
esforço de sintonia).

Como se vê, a cada um cabem tarefas específicas. O primeiro ponto é a
receptividade, a sintonia de quem recebe o passe. Não sentir nervosismo,
ansiedade, tranquilizar-se, pensar no bem, não sentir quaisquer sentimentos como
os de rancor, de vingança ou vaidade, ter fé na bondade de Deus, que aceita a
colaboração na sua seara.

Emitir e receber

Sempre que pensamos e sentimos, estamos a movimentar energias. Cada estado de
alma corresponde à emissão/absorção de um certo tipo de energia, que entra pelos
centros de força espiritual («chakras»), mediante a sua natureza,
incorporando-se à tessitura do perispírito (corpo espiritual) e trazem-nos
estados de mau-estar ou de bem-estar. Pensamos e agimos, criando a nossa própria
(in)felicidade.

Se temos dias povoados de pensamentos desordenados e de uma afectividade
descontrolada, é natural que como resultado as nossas energias espirituais
entrem em circuitos de degradação, com os seus efeitos indesejáveis na vida
interior, necessitando de compensações.

Ao ser constituída uma equipa de passistas, cada elemento desse grupo recebe
noções teóricas sobre a aplicação do passe.

Padronizados

Como o centro espírita deve ser organizado, a orientação equilibrada é a do
passe padronizado. Mas padronizado é apenas o passe uniformizado, aplicado
da mesma maneira por todos os elementos da equipe. É uma questão de
disciplina e de coerência.

Dado os excessos, infelizmente mais comuns do que seria de desejar, de
gesticulação e de outros atavismos como estalidos de dedos, sem referência
experimental e muito menos científica, o melhor padronizado, a nosso ver,
é sobretudo e apenas a imposição das mãos, sem tocar na pessoa que vai receber o
passe. Isso e o resto apenas porque o que funciona na verdade é a mente.

O passe coletivo

Quando a equipe do passe magnético é de pequeno número face à multidão que o
procura, sem qualquer prejuízo para os eventuais beneficiados, recorre-se ao
coletivo. Uma vez que o principal neste processo de ajuda espiritual é a
sintonia do candidato a receber os fluidos, os próprios espíritos-passistas durante
a palestra ministram bênçãos fluídicas a quem estiver nas condições necessárias
para participar na ocorrência deste fenómeno enquanto beneficiado.

O apoio espiritual prestado com o passe deixa de ser necessário quando os
pensamentos e as atitudes de todos nós tomarem um rumo predominantemente
equilibrado.

A necessidade do passe

Assim, o curso das energias que movimentamos inconscientemente tornar-se-á
normal, afectivamente compensador, evitando degradações e incidências
desajustadoras do corpo espiritual.

Esse paliativo — o passe- magnético — será dispensável, uma vez que os
sentimentos e ideias construtivas predominarão em quem trabalhar nesse sentido,
ordenando e compensando desgastes e desequilíbrios energéticos ou, por outras
palavras, fruindo de um bem-estar interior capaz de propiciar uma vida
edificante, alicerçada no bem.