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Perante a Mediunidade

Perante a Mediunidade

A predisposição mediúnica é atributo do Espírito que o corpo reveste de
células, a fim de propiciar o intercâmbio entre os seres que estagiam em áreas
de vibrações diferentes, especialmente os desencarnados relacionando-se com os
encarnados ou estes últimos com os seus pares.

À semelhança da inteligência que tem suas raízes no ser imortal e se expressa
través dos neurônios cerebrais, apresenta-se a mediunidade sob um elenco amplo
de características e tipos.

Ostensiva em alguns indivíduos prescinde das qualidades morais do seu
portador, tornando o fenômeno cristalino, espontâneo, que irrompe de maneira,
não raro, violenta, até que a educação necessária discipline o seu fluxo e
exteriorização.

Inerente a todos os homens e mulheres, pode surgir tênue e sutil, que o
exercício bem direcionado termina por ampliar-lhe a área psíquica de captação.

Seja, porém, sob qual aspecto se manifeste, objetiva a comprovação da
imortalidade do ser e oferece o contributo valioso de desvendar a vida além do
túmulo, propiciando a compreensão da realidade do mundo causal, assim como as
implicações do seu comportamento moral em relação a si mesmo, ao próximo e à
Vida.

A mediunidade, no passado, predominava na intimidade dos santuários,
oferecendo preciosos parâmetros para que os seres humanos se conduzissem com
equilíbrio, e, lentamente, se identificassem com o mundo soberano e triunfador
da sobrevivência.

À medida, porém, que os tempos evoluíram, libertou-se da indumentária das
superstições que a vestiam, passando pelo profetismo, pelas revelações, para
ocupar o lugar de sentido parafísico incorporado aos sensoriais, dando
surgimento ao ser transpessoal, paranormal.

Não obstante todas as conquistas do pensamento científico e filosófico com
que a Doutrina Espírita a vem desvelando, permanece teimosamente ignorada por
grande número de pessoas, quando não é confundida com alucinações patológicas,
por determinadas áreas do preconceito acadêmico, ou fenômeno sobrenatural, capaz
de realizar milagres, tornando-se mítica pela visão distorcida do fanatismo.

A mediunidade prossegue, desse modo, desafiando os interessados e estudiosos
do ser humano, a fim de ocupar o lugar que merece e lhe está reservado no
contexto das conquistas paranormais da atualidade.

Neutra, sob o ponto de vista ético, pode apresentar-se exuberante em
indivíduos destituídos de caráter saudável e sentimentos elevados, tanto quanto
sutil e quase inapercebida em pessoas ricas de valores morais e qualidades
superiores da conduta.

Apresentando-se fecunda, não significa, necessariamente, que o seu portador
seja Espírito nobre ou missionário com sacerdócio relevante. Da mesma maneira,
ao externar-se sutilmente, não implica ser destituída de objetivo ou
significado.

Em ambos os casos pode ser tida como instrumento hábil de serviço, facultando
o crescimento interior do medianeiro, que a deve dignificar mediante exemplos
salutares de elevação de princípios, tanto quanto de conduta assinalada pelo
amor, pela solidariedade humana, pela dedicação aos postulados do Bem.

O exercício sistemático das forças físicas, o hábito edificante da oração e
da meditação, o equilíbrio mental sustentado pelos bons pensamentos constituem
os equipamentos valiosos para que alcance a superior finalidade para a
qual é concedida ao ser humano, que a incorporará ao seu cotidiano como
recurso-luz para a felicidade.

Nabocudonosor, rei da Assíria, perverso e venal, apresentava mediunidade
atormentada, que o tornava obsidiado periodicamente.

Tirésias, na Grécia, era instrumento dos seres espirituais, vivendo com
equidade e justiça.

Os profetas hebreus, na austeridade da conduta que se impunham, sintonizavam
com o Mundo Maior, de onde recebiam inspiração e diretrizes para a sua e as
épocas futuras.

Jesus, o Excelente Médium de Deus, tornou-se o exemplo máximo de como se deve
conduzir todo aquele que se faz ponte entre o mundo espiritual e o físico.

Médiuns, todos o somos em ambos os planos da vida, cabendo a cada um
adaptar-se à faculdade e aprimorá-la, para servir com dignidade, construindo a
sociedade que realize a perfeita identidade com o mundo espiritual embora se
encontre mergulhado no escafandro carnal.

A mediunidade prossegue desafiando os interessados e
estudiosos do ser humano…

(Página psicografada pelo médium Divaldo P. Franco, em 27/08/1997, no Centro
Espírita Caminho da Redenção, em Salvador-BA).

(Jornal Mundo Espírita de Dezembro de 1997)