Profano – Místico – Cósmico
O Velho Testamento, tido pelos cristãos como a primeira revelação de Deus aos
homens, é a doutrina do não. Seus ensinamentos proíbem pura e simplesmente. As
proibições seriam para conter o ímpeto de um povo fascinado pela liberdade, após
séculos de escravidão, e quarenta anos de caminhada nos ardentes desertos.
Os dez mandamentos, que teria sido ditado mediunicamente a Moisés, é
totalmente proibitivo: “Não terá Deuses estrangeiros diante de mim”. “Não
matarás”. “Não desejará a mulher do teu próximo, nem o seu boi ou o seu
jumento”. “Não furtará”. No Deutoronômio existe a proibição de consultar os
mortos, assim como proíbe partir o pão sem lavar as mãos, ou trabalhar no dia de
Sábado.
Logicamente temos que considerar, que na época, a evolução humana era
diminuta. A religião tinha que ser um freio, pois o homem não poderia Ter
cogitações mais profundas. A lei proibia, sem explicações, e ao povo era dado
somente obedecer.
Depois veio Jesus de Nazaré para trazer um novo pensamento. Ao invés de
prescrever proibições, estimula o fazer, o construir o bem. Ame ao Senhor teu
Deus de todo o teu coração, e ao teu próximo como a ti mesmo. Perdoai setenta
vezes. Fazei ao outros aquilo que queres que te seja feito. Daí de comer a quem
tem fome…
As duas doutrinas procuram levar o homem ao bem. A primeira proibindo o erro.
A Segunda incentivando ao bem. Outrora falava-se do temor a Deus. Com Jesus
aprendemos a ama-lo.
Infelizmente, os homens mudaram muitas coisas desta doutrina maravilhosa,
trazida por Jesus e impuseram novamente o medo do pecado, o medo dos castigos
eternos, a proibição de se fazer isto ou aquilo.
Depois de quase dois milênios surgiu na Terra o Espiritismo. Se o velho
testamento diz não, e o novo diz faça, vem o Espiritismo e explica os porquês.
Ensina a Doutrina Espírita que temos transformar o mundo fazendo o bem. Que não
basta evitar o mal, é preciso fazer todo o bem que pudermos, pois seremos
responsáveis pelo mal que acontecer, pelo fato de não termos feito o bem.
Ser espírita é um desafio constante. O espírita não pode ser conformista ou
omisso. O conhecimento espírita deve provocar dentro de nós uma revolução, e
desafia-nos a construir o Reino de Deus na Terra.
Este reino é o nosso mundo ideal. Não se trata de um reino teocrático onde
alguém governaria em nome de Deus. O mundo ideal será governado por uma
aristocracia intelecto-moral, e cada homem governará a si mesmo. O mundo ideal
será de justiça, bondade e amor. Neste mundo haverá fartura para todos. Todos
terão com que viver com dignidade e usufruirão os bens da terra.
O Espiritismo coloca-nos frente a frente com duas realidades, a da matéria e
a do espírito. Realidades que se interpenetram, existindo cada uma no seu espaço
vibracional. Já não somos mais homens profanos ou místicos, e sim cósmicos,
cidadãos do universo. Isto muda muita coisa, pois a pluralidade dos mundos
habitados é um, dos fundamentos espíritas.
Voltando ao nosso tema de abertura, o Espiritismo não proíbe nada, apenas
mostra a nossa responsabilidade diante da vida. Além disso explica que devemos
fazer o bem, nos ajudar mutuamente porque somos todos irmãos e temos um mesmo
destino, o da perfeição.