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Proposta para uma Política de Comunicação Espírita

A Associação Brasileira de Divulgadores do Espiritismo – ABRADE aprovou, no
início de setembro, durante a reunião de seu Conselho Nacional de Divulgadores
do Espiritismo – CNDE, em Recife, uma proposta de política nacional de social
para o movimento espírita brasileiro. A proposta consiste, entre outras medidas,
na instalação de fóruns de debate para avaliar as políticas institucionais e
regionais do movimento espírita organizado e chegar a um documento comum que
reflita as aspirações dos confrades de todo o país.

Para fazer valer a proposta, o CNDE realizou significativas mudanças no
estatuto social da instituição, visando a modernização e uma maior eficácia nas
ações de comunicação social espírita. A principal modificação estatutária foi a
mudança na diretoria da ABRADE, que passa a ser o órgão executivo do CNDE, com
novo perfil de diretorias. O radialista Éder Fávaro, da ADE de São Paulo,
reassumiu a presidência e, como primeira providência, conclama as instituições
espíritas co-irmãs a apoiar o início de um “amplo e irrestrito diálogo com
vistas ao aperfeiçoamento das políticas de comunicação social espírita”.

NOVAS PRIORIDADES

Conforme decisão do CNDE, a ABRADE trabalhará com três prioridades no próximo
biênio. Primeiro, a criação de uma agenda de negociações para ampliar e
aprofundar o debate e o intercâmbio entre as instituições espíritas de caráter
nacional, com vistas à promoção de projetos de caráter inter-institucional.

Segundo, estabelecer uma política nacional de comunicação social espírita. E,
terceiro, buscar a excelência em todos os níveis de ação e projetos da ABRADE,
tomando a instituição uma consultora de comunicação social em permanente
parceria com o movimento espírita.

A idéia é ampliar o diálogo, visando formular políticas sociais de
comunicação. Nesse sentido, a ABRADE está encaminhando um documento,
inicial-mente às entidades espíritas de caráter nacional. Segundo Éder Fávaro,
presidente da Associação, o documento visa demonstrar “a imensa lacuna existente
hoje no movimento espírita, pela ausência de um verdadeiro intercâmbio entre os
vários setores da comunidade, que possa favorecer os projetos espírita de
caráter global”.

Segundo o professor Denizard Augusto Lopes de Sousa, novo diretor de
políticas de comunicação da entidade, faltam ao campo da comunicação social
espírita o conhecimento e a aceitação de normas que orientem e assegurem o
significado da mensagem espírita, conforme Kardec. Para ele, esse trabalho não é
somente o de garantir traduções adequadas do francês, mas trata-se do desafio de
manter o pensamento espírita dentro das normas próprias de sua significação”.

Denizard de Sousa considera que “os objetivos, que fundam a legitimidade do
pensamento espírita, dando-lhe identidade e sentido próprios, quando
abandonados, mesmo se repetirem as mesmas categorias conceituais, promovem uma
‘nova doutrina’, e não o Espiritismo”. Daí, a necessidade de “pensarmos sobre o
uso social que estamos fazendo do Espiritismo no Brasil”, opina.

NOVA DIRETORIA

A equipe eleita em Recife para encaminhar as propostas aprovadas está formada
e tomou posse no mesmo dia. Éder Fávaro, da ADE-SP, foi reeleito presidente da
ABRADE; Marcus Vinicius Ferraz Pacheco, da ADE-PE, assumiu a Diretoria
Administrativa; Denizard Lopes Augusto de Sousa, da ADE-DF, se responsabilizará
pela Diretoria de Políticas de Comunicação; a Diretoria Financeira ticou com
Vicente Eduardo Martins Maia, da ADE­PB; e Nícia Cunha, da ADE-MT, ocupa a
Diretoria de Parceria com as ‘ADEs’ e Congêneres.

A CARTA DE PORTO ALEGRE

É um comunicado que surgiu como meio de formalizar sinteticamente uma
proposta, a partir dos vários aspectos desenvolvidos no “II Fórum O Espiritismo
e a Comunicação”, realizado em Porto Alegre (RS) nos dias 29 e 30 de maio de
1999, promovido pela Federação Espírita do Rio Grande do Sul.

Participaram do encontro os seguintes confrades: Alamar Régis Carvalho,
diretor-presidente da Sociedade Espírita de Divulgação e Assistência -SEDA; Eder
Fávaro, presidente da Associação Brasileira de Divulgadores do Espiritismo —ABRAPE;
Geraldo Guimarães, expositor espírita; Gil de Kurts, diretor da Upper
Comunicação e Marketing; Joel Vaz, publicitário, diretor e produtor de
televisão, apresentador do programa “Despertar para o Terceiro Milênio”; Marília
Danny, atriz, diretora de teatro, bailarina e escritora; Merhy Seba, assessor de
Comunicação Social Espírita das Comissões Regionais do Conselho Federativo
Nacional da Federação Espírita Brasileira – FEB; Paulo Figueiredo, ator,
diretor, adaptador de livros espíritas em novela radiofônica; e representando a
FERGS, seu presidente, Nilton Stamm de Andrade, bem como Jason de Camargo,
diretor do Departamento de Comunicação Social Espírita e Udo Schüller, assessor
administrativo.

Do evento depreenderam-se os seguintes aspectos:

  1. A comunicação espírita não se constitui em uma unidade nacional harmônica:
    inúmeras atividades e boas iniciativas relacionadas à Comunicação Social
    Espírita têm sido postas em prática, em todo o país, todavia, de forma
    isolada;
  2. Há um potencial significativo de interesse e engajamento na divulgação
    mais ampla e qualificada da doutrina, pelos próprios espíritas;
  3. Percebe-se, igualmente, a existência de urna expectativa favorável a
    temática espírita, considerando que essa mensagem traz em seu bojo uma
    proposta de vida alicerçada nos princípios da ética sustentada pelo
    Espiritismo;
  4. Pesquisas apresentarias revelam que grande parte do público é receptivo as
    teses doutrinárias espíritas, tais como Deus, imortalidade, livre arbítrio,
    leis de reencarnação, causa e eleito, evolução, pluralidade dos mundos
    habitados, comunicabilidade com os espíritos, teses essas que projetam luz
    para a análise de assuntos de relevância social, como aborto, eutanásia, pena
    de morte, AIDS, suicídio, violência, desagregação familiar, etc.

Do evento construíram-se conclusões que levaram à formulação das seguintes
propostas:

  • Que sejam estabelecidas as bases para um amplo estudo de uma política
    nacional de comunicação social espírita;
  • Que essa política proponha norteamento de ações em âmbito nacional,
    respeitando as peculiaridades de cada instituição, Órgão ou grupo que esteja
    compromissado com a difusão do Espiritismo, no sentido de uma tomada de
    consciência com relação à finalidade e a importância da comunicação social
    espírita:
  • Que sejam formulados elementos de identificação da mensagem espírita, o
    “jeito de ser”, com os cuidados devidos com seu conteúdo e linguagens
    adequadas aos veículos de comunicação e público alvo.

É imprescindível transcendermos quaisquer barreiras, sejam na esfera coletiva
ou individual, incentivando a realização de fóruns de discussões e debates, em
todos os níveis do movimento espírita, para estudos e análises da elaboração
filosóficas de uma política de comunicação para o Espiritismo.

REVISTA CRISTÃ DE ESPIRITISMO NO. 04

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