Esta frase, de um filósofo muito suspeito, por ser esotérico – Joseph de
Maistre – tem muito de verdade.
Com efeito, o devedor insolvente gostaria que seu credor não existisse. O
pecador que não quer deixar o pecado, passa a negar a existência de Deus.
Por isso, quando se dá as provas da existência de Deus para alguém, não se
deve esquecer que a maior força a vencer não é a dos argumentos dos ateus, e sim
o desejo deles de que Deus não exista. Não adiantará dar provas a quem não quer
aceitar sua conclusão. Em todo caso, as provas de Aristóteles e de São Tomás a
respeito da existência de Deus têm tal brilho e tal força que convencem a
qualquer um que tenha um mínimo de boa vontade e de retidão intelectual.
É para essas pessoas que fazemos este pequeno resumo dos argumentos de São
Tomás sobre a existência de Deus, tendo por base o que ele diz na Suma Teológica
I, q.2, a.a 1, 2, 3 e 4.
Inicialmente, pergunta São Tomás se a existência de Deus é verdade de
evidência imediata. Ele explica que uma proposição pode ser evidente de dois
modos:
- em si mesma, mas não em relação a nós;
- em si mesma e para nós.
Uma proposição é evidente quando o predicado está incluído no sujeito. Por
exemplo, a proposição o homem é animal é evidente, já que o predicado
animal está incluso no conceito de homem.
Quando alguns não conhecem a natureza do sujeito e do predicado, a proposição
– embora evidente em si mesma – não será evidente para eles. Ela será evidente
apenas para os que conhecem o que significam o sujeito e o predicado. Por
exemplo, a frase: “O que é incorpóreo não ocupa lugar no espaço”, é evidente em
si mesma e é evidente somente aqueles que sabem o que é incorpóreo.
Tendo em vista tudo isso, São Tomás diz que:
- A proposição “Deus existe” é evidente em si mesma porque nela o
predicado se identifica com o sujeito, já que Deus é o próprio ente. - Mas, com relação a nós, que desconhecemos a natureza divina, ela não é
evidente, mas precisa ser demonstrada. E o que se demonstra não é evidente. O
que é evidente para nós não cabe ser demonstrado.
Portanto, a existência de Deus pode ser demonstrada. Contra isso, São Tomás
dá uma objeção, dizendo que a existência de Deus é um artigo de fé. Ora, o que é
de fé não pode ser demonstrado. Logo, concluir-se-ia que não se pode demonstrar
que Deus existe. São Tomás ensina que há dois tipos de demonstração:
1) Demonstração propter quid (devido a que)
É a que se baseia na causa. Ela parte do que é anterior (a causa) discorrendo
para o que é posterior ( o efeito).
2) Demonstração quia (porque)
É a que parte do efeito para conhecer a causa.
Quando vemos um efeito mais claramente que sua causa, pelo efeito acabamos
por conhecer a causa. Pois o efeito depende da causa, e é, de algum modo, sempre
semelhante a ela. Então, embora a existência de Deus não seja evidente apenas
para nós, ela é demonstrável pelos efeitos que dela conhecemos.
A existência de Deus e outras verdades semelhantes a respeito dele que podem
ser conhecidos pela razão, como diz São Paulo Rom. I, 19), não são artigos de
fé. Deste modo, a fé pressupõe o conhecimento natural, assim como a graça
pressupõe a natureza e a perfeição pressupõe o que é perfectível.
Entretanto, alguém que não conheça ou não entenda a demonstração filosófica
da existência de Deus, pode aceitar a existência dele por fé.
É no artigo 3 dessa questão 2 da 1ª parte da Suma Teológica que São Tomás
expõe as provas da existência de Deus. São as famosas 5 vias tomistas.
Iª Via – Prova do movimento
É a prova mais clara.
É inegável que há coisas que mudam. Nossos sentidos nos mostram que a planta
cresce, que o céu fica nublado, que a folha passa a ser escrita, que nós
envelhecemos, que mudamos de lugar, etc.
Há mudanças substanciais. Ex.: madeira que vira carvão. Há mudanças
acidentais. Ex: parede branca que é pintada de verde. Há mudanças quantitativas.
Ex: a água de um pires diminuindo por evaporação. Há mudanças locais. Ex: Pedro
vai ao Rio.
Nas coisas que mudam, podemos distinguir:
- As qualidades ou perfeições já existentes nelas.
- as qualidades ou perfeições que podem vir a existir, que podem ser
recebidas por um sujeito.
As perfeições existentes são ditas existentes em Ato.
As perfeições que podem vir a existir num sujeito são existentes em
Potência passiva. Assim, uma parede branca tem brancura em Ato, mas tem cor
vermelha em Potência.
Mudança ou movimento é pois a passagem de potência de uma perfeição qualquer
(x) para a posse daquela perfeição em Ato.
M = PX —->> AX
Nada pode passar, sozinho, de potência para uma perfeição, para o Ato daquela
mesma perfeição. Para mudar, ele precisa da ajuda de outro ser que tenha aquela
qualidade em Ato.
Assim, a panela pode ser aquecida. Mas não se aquece sozinha. Para
aquecer-se, ela precisa receber o calor de outro ser – o fogo – que tenha calor
em Ato.
Outro exemplo: A parede branca em Ato, vermelha em potência, só ficará
vermelha em Ato caso receba o vermelho de outro ser – a tinta – que seja
vermelho em Ato.
Noutras palavras, tudo o que muda é movido por outro. É movido aquilo que
estava em potência para uma perfeição. Em troca, para mover, para ser motor, é
preciso ter a qualidade em ato. O fogo (quente em ato) move, muda a panela
(quente em potência) para quente em ato.
Ora, é impossível que uma coisa esteja, ao mesmo tempo, em potência e em ato
para a mesma qualidade.
Ex.: Se a panela está fria em ato, ela tem potência para ser aquecida. Se a
panela está quente em ato ela não tem potência para ser aquecida.
É portanto impossível que uma coisa seja motor e móvel, ao mesmo tempo, para
a mesma perfeição. É impossível, pois, que uma coisa mude a si mesma.
Tudo o que muda é mudado por outro.
Tudo o que se move é movido por outro.
Se o ente 1 passou de Potência de x para Ato x, é porque
o ente 1 recebeu a perfeição x de outro ente 2 que tinha a
qualidade x em Ato.
Entretanto, o ente 2 só pode ter a qualidade x em Ato se antes
possuía a capacidade – a potência de ter a perfeição x.
Logo, o ente 2 passou, ele também, de potência de x para Ato
x. Se o ente 2 só passou de PX para AX, é porque ele também foi
movido por um outro ente, anterior a ele, que possuía a perfeição x em
Ato.
Por sua vez, também o ente 3 só pode ter a qualidade x em Ato,
porque antes teve Potência de x e só passou de PX para AX pela ajuda de
outro ente 4 que tinha a qualidade x em Ato. E assim por diante.
PX —> AX PX (5) —> AX PX (4) —> AX PX (3) —> AX PX (2) —> AX (1)
Esta seqüência de mudanças ou é definida ou indefinida. Se a seqüência
fosse indefinida, não teria havido um primeiro ser que deu início às mudanças.
Noutras palavras, em qualquer seqüência de movimentos, em cada ser, a
potência precede o ato. Mas, para que se produza o movimento nesse ser, é
preciso que haja outro com qualidade em ato.
Se a seqüência de movimentos fosse infinita, sempre a potência
precederia o ato, e jamais haveria um ato anterior à potência. É necessário que
o movimento parta de um ser em ato. Se este ser tivesse potência, não se daria
movimento algum. O movimento tem que partir de um ser que seja apenas ato.
Portanto, a seqüência não pode ser infinita.
Ademais, está se falando de uma série de movimentos nas coisas que existem no
universo.
Ora, esses movimentos se dão no espaço e no tempo. Tempo-espaço são
mensuráveis. Portanto, não são movimentos que se dão no infinito.
A seqüência de movimentos em tempo e espaço finitos tem que ser finita.
E que o universo seja finito se compreende, por ser ele material. Sendo a
matéria mensurável, o universo tem que ser finito.
Que o universo é finito no tempo se comprova pela teoria do Big Bang e pela
lei da entropia. O universo principiou e terá fim. Ele não é infinito no tempo.
Logo, a seqüência de movimentos não pode ser infinita, pois se dá num
universo finito.
Ao estudarmos as cinco provas de S. Tomás sobre a existência de Deus, devemos
ter sempre em mente que ele examina o que se dá nas “coisas criadas”, para,
através delas, compreender que existe um Deus que as criou e que lhes deu as
qualidades visíveis, reflexos de suas qualidades invisíveis e em grau infinito.
Este primeiro motor não pode ser movido, porque não há nada antes do
primeiro. Portanto, esse 1º ente não podia ter potência passiva nenhuma, porque
se tivesse alguma ele seria movido por um anterior. Logo, o 1º motor só tem ATO.
Ele é apenas ATO, isto é, tem todas as perfeições.
Este ser é Deus.
Deus então é ATO puro, isto é, ATO sem nenhuma potência passiva. Este ser que
é ato puro não pode usar o verbo ser no futuro ou no passado. Deus não pode
dizer “eu serei bondoso”, porque isto implicaria que não seria atualmente bom,
que Ele teria potência de vir a ser bondoso.
Deus também não pode dizer “eu fui”, porque isto implicaria que Ele teria
mudado, isto é, passado de potência para Ato. Deus só pode usar o verbo ser no
presente. Por isso, quando Moisés perguntou a Deus qual era o seu nome, Deus lhe
respondeu “Eu sou aquele que é” (aquele que não muda, que é ato puro).
Também Jesus Cristo ao discutir com os fariseus lhes disse: “Antes que
Abraão fosse, eu sou” (Jo. VIII, 58). E os judeus pegaram pedras para matá-lo
porque dizendo eu sou Ele se dizia Deus.
Na ocasião em que foi preso, Cristo perguntou: “a quem buscais ?”, e, ao
dizerem “a Jesus de Nazaré”, ele lhes respondeu:
“Eu sou“. E a essas palavras os esbirros caíram no chão, porque era
Deus se definindo.
Do mesmo modo, quando Caifás esconjurou que Cristo dissesse se era o Filho de
Deus, Ele lhe respondeu: “Eu sou”. E Caifás entendeu bem que Ele se disse Deus,
porque imediatamente rasgou as vestes dizendo que Cristo blasfemara afirmando-se
Deus.
Deus é, portanto, ATO puro. É o ser que não muda. Ele é aquele que é. Por
isso, a verdade não muda. O dogma não muda. A moral não evolui. O bem é
sempre o mesmo.A beleza não muda.
Quando os modernistas afirmam que a verdade, o dogma, a moral, a beleza
evoluem, eles estão dizendo que Deus evolui, que Ele não é ATO puro. Eles
afirmam que Deus é fluxo, é ação, é processo e não um ente substancial e
imutável.
É o que afirma hereticamente a Teologia da Libertação. Diz Frei Boff:
” Assim, o Deus cristão é um processo de efusão, de encontro, de comunhão
entre distintos enlaçados pela vida, pelo amor.” (Frei Boff, A Trindade e a
Sociedade, p. 169)
Ou então:
“Assim, Mary Daly sugere compreendermos Deus menos como substância e mais
como processo, Deus como verbo ativo (ação) e menos como um substantivo. Deus
significaria o viver, o eterno tornar-se, incluindo o viver da criação inteira,
criação que, ao invés de estar submetida ao ser supremo, participaria do viver
divino.” (Frei Boff, A Trindade e a Sociedade, pp. 154-155)
É natural pois que Boff tenha declarado em uma conferência em Teófilo Otono:
Como teólogo digo: sou dez vezes mais ateu que você desse deus velho, barbudo
lá em cima. Até que seria bom a gente se livrar dele.” (Frei Boff, Pelos pobres,
contra a pobreza, p. 54)
IIª Via – Prova da causalidade eficiente
Toda causa é anterior a seu efeito. Para uma coisa ser causa de si mesma
teria de ser anterior a si mesma. Por isso neste mundo sensível, não há coisa
alguma que seja causa de si mesma. Além disso, vemos que há no mundo uma ordem
determinada de causas eficientes.
Assim, numa série definida de causas e efeitos, o resfriado é causado pela
chuva, que é causada pela evaporação, que é causada pelo calor, que é causado
pelo Sol. No mundo sensível, as causas eficientes se concatenam às outras,
formando uma série em que umas se subordinam às outras: A primeira, causa as
intermediárias e estas causam a última. Desse modo, se for supressa uma causa,
fica supresso o seu efeito. Supressa a primeira, não haverá as intermediárias e
tampouco haverá então a última.
Se a série de causas concatenadas fosse indefinida, não existiria causa
eficiente primeira, nem causas intermediárias, efeitos dela, e nada existiria.
ora, isto é evidentemente falso, pois as coisas existem. Por conseguinte, a
série de causas eficientes tem que ser definida. Existe então uma causa primeira
que tudo causou e que não foi causada.
Deus é a causa das causas não causada. Esta prova foi descoberta por
Sócrates que morreu dizendo: “Causa das causas, tem pena de mim”. A negação da
Causa primeira leva à ciência materialista a contradizer a si mesma, pois ela
concede que tudo tem causa, mas nega que haja uma causa do universo.
O famoso físico inglês Stephen Hawkins em sua obra “Breve História do Tempo”
reconheceu que a teoria do Big-Bang (grande explosão que deu origem ao universo,
ordenando-o e não causando desordem, como toda explosão faz devido a Lei da
entropia) exige um ser criador. Hawkins admitiu ainda que o universo é feito
como uma mensagem enviada para o homem. Ora, isto supõe um remetente da
mensagem. Ele, porém, confessa que a ciência não pode admitir um criador e parte
então para uma teoria gnóstica para explicar o mundo.
O mesmo faz o materialismo marxista. Negando que haja Deus criador do
universo, o marxismo se vê obrigado a transferir para a matéria as qualidades da
Causa primeira e afirmar, contra toda a razão e experiência, que a matéria é
eterna, infinita e onipotente. Para Marx, a matéria é a Causa das causas não
causada.
IIIª Via – Prova da contingência
Na natureza, há coisas que podem existir ou não existir. Há seres que se
produzem e seres que se destroem. Estes seres, portanto, começam a existir ou
deixam de existir. Os entes que têm possibilidade de existir ou de não existir
são chamados de entes contingentes. Neles, a existência é distinta da sua
existência, assim o ato é distinto da potência. Ora, entes que têm a
possibilidade de não existir, de não ser, houve tempo em que não existiam, pois
é impossível que tenham sempre existido.
Se todos os entes que vemos na natureza têm a possibilidade de não ser, houve
tempo em que nenhum desses entes existia. Porém, se nada existia, nada existiria
hoje, porque aquilo que não existe não pode passar a existir por si mesmo. O que
existe só pode começar a existir em virtude de um outro ente já existente. Se
nada existia, nada existiria também agora. O que é evidentemente falso, visto
que as coisas contingentes agora existem.
Por conseguinte, é falso que nada existia. Alguma coisa devia necessariamente
existir para dar, depois, existência aos entes contingentes. Este ser necessário
ou tem em si mesmo a razão de sua existência ou a tem de outro.
Se sua necessidade dependesse de outro, formar-se-ia uma série indefinida de
necessidades, o que, como já vimos é impossível. Logo, este ser tem a razão de
sua necessidade em si mesmo. Ele é o causador da existência dos demais entes.
Esse único ser absolutamente necessário – que tem a existência necessariamente –
tem que ter existido sempre. Nele, a existência se identifica com a essência.
Ele é o ser necessário em virtude do qual os seres contingentes tem existência.
Este ser necessário é Deus.
IVª Via – Dos graus de perfeição dos entes
Vemos que nos entes, uns são melhores, mais nobres, mais verdadeiros ou mais
belos que outros. Constatamos que os entes possuem qualidades em graus diversos.
Assim, dizemos que o Rio de Janeiro é mais belo que Carapicuíba. Nessa
proposição, há três termos: Rio de Janeiro, Carapicuíba e Beleza da qual o Rio
de Janeiro participa mais ou está mais próximo. Porque só se pode dizer que
alguma coisa é mais que outra, com relação a certa perfeição, conforme sua maior
proximidade, participação ou semelhança com o máximo dessa perfeição.
Portanto, tem que existir a Verdade absoluta, a Beleza absoluta, o Bem
absoluto, a Nobreza absoluta, etc. Todas essas perfeições em grau máximo e
absoluto coincidem em um único ser, porque, conforme diz Aristóteles, a Verdade
máxima é a máxima entidade. O Bem máximo é também o ente máximo.
Ora, aquilo que é máximo em qualquer gênero é causa de tudo o que existe
nesse gênero. Por exemplo, o fogo que tem o máximo calor, é causa de toda
quentura, conforme diz Aristóteles. Há, portanto, algo que é para todas as
coisas a causa de seu ser, de sua bondade, de sua verdade e de todas as suas
perfeições. E a isto chamamos Deus.
Por esta prova se vê bem que a ordem hierárquica do universo é reveladora de
Deus, permitindo conhecer sua existência, assim como conhecer suas perfeições. É
o que diz São Paulo na Epístola aos Romanos (I, 19). E também é por isso que
Deus, ao criar cada coisa dizia que ela era boa, como se lê no Gêneses ( I ).
Mas quando a Escritura termina o relato da criação, diz que Deus, ao contemplar
tudo quanto havia feito, viu que o conjunto da criação era “valde bona”, isto é,
ótimo.
Pois bem, se cada parcela foi dita apenas boa por Deus como se pode dizer que
o total é ótimo? O total deve ter a mesma natureza das parcelas, e portanto o
total de parcelas boas devia ser dito simplesmente bom e não ótimo. São Tomás
explica essa questão na Suma contra Gentiles. Diz ele que o total foi declarado
ótimo porque, além da bondade das partes havia a sua ordenação hierárquica. É
essa ordem do universo que o torna ótimo, pois a ordem revela a Sabedoria do
Ordenador. Por aí se vê que o comunismo, ao defender a igualdade como um bem em
si, odeia a ordem, imagem da Sabedoria de Deus. Odiando a imagem de Deus, o
comunismo odeia o próprio Deus, porque quem odeia a imagem odeia o ser por ela
representado. Nesse ódio está a raiz do ateísmo marxista e de sua tendência
gnóstica.
Vª Via – Prova da existência de Deus pelo governo do mundo
Verificamos que os entes irracionais obram sempre com um fim. Comprova-se
isto observando que sempre, ou quase sempre, agem da mesma maneira para
conseguir o que mais lhes convém.
Daí se compreende que eles não buscam o seu fim agindo por acaso, mas sim
intencionalmente. Aquilo que não possui conhecimento só tende a um fim se é
dirigido por alguém que entende e conhece. Por exemplo, uma flecha não pode por
si buscar o alvo. Ela tem que ser dirigida para o alvo pelo arqueiro. De si, a
flecha é cega. Se vemos flechas se dirigirem para um alvo, compreendemos que há
um ser inteligente dirigindo-as para lá. Assim se dá com o mundo. Logo, existe
um ser inteligente que dirige todas as coisas naturais a seu fim próprio. A
este ser chamamos Deus.
Uma variante dessa prova tomista aparece na obra “A Gnose de Princeton”.
Apesar de gnóstica esta obra apresenta um argumento válido da existência de
Deus.
Filmando-se em câmara lenta um jogador de bilhar dando uma tacada numa bola,
para que ela bata noutra a fim de que esta corra e bata na borda, em certo
ângulo, para ser encaçapada, e se depois o filme for projetado de trás para
diante, ver-se-á a bola sair da caçapa e fazer o caminho inverso até bater no
taco e lançar para trás o braço do jogador. Qualquer um compreende, mesmo que
não conheça bilhar, que a segunda seqüência não é a verdadeira, que é absurda.
Isto porque à segunda seqüência faltou a intenção, que transparece e explica a
primeira seqüência de movimentos. Daí concluir com razão, a obra citada, que o
mundo cego caminha – como a flecha ou como a bola de bilhar – em direção a um
alvo, a um fim. Isto supõe então que há uma inteligência que o dirige para o seu
fim. Há pois uma inteligência que governa o mundo.
Este ser sapientíssimo é Deus.
Capítulo 4
Afirmação – Deus Existe
“A fé é o fundamento da esperança, a certeza daquilo que não se vê.” Hb 11,1
Todos nós procuramos a certeza absoluta da existência de um ser superior,
criador de tudo. Creio que não há um ser humano que nunca se perguntou: Quem
criou o mundo em que vivo?
Muitos desistem dessa procura, pois se acham incapacitados de encontrar a
Verdade que está diante de nós, só que as riquezas mundanas não permitem que
vejamos a Sua existência com os olhos da fé, mas sim com os olhos da razão.
A fé, como já foi dito logo acima na epístola de Paulo, é a certeza daquilo
que não vemos, podendo ser encarada de modo irracional (com os olhos da fé) ou
racional (com os olhos da razão). Vejamos:
A fé é irracional, pois como cremos no invisível, não temos razões físicas
para provar sua existência, mas graças ao poder de Deus, podemos sentir sua
presença através de prodígios que só Ele pode realizar em nossas vidas.
A fé é racional, pois mesmo que não possamos vê-lo, temos a certeza por
razões lógicas da sua existência. Exemplo:
Muitos “ateus” acreditam em outras idéias que explicam a criação do universo,
como por exemplo a idéia do “Big-Bang”, que consiste em uma grande explosão
fazendo com que as partículas de um todo se espalhassem por todo o planeta.
Mesmo com esta idéia científica, seria necessário que Alguém agisse para
ocasionar a grande explosão. Esse Alguém que menciono é Deus.
Só um Ser muito poderoso poderia fazer coisas tão bonitas e perfeitas (como
por exemplo: o corpo humano, os animais, os astros, etc.); obras tão perfeitas
como o próprio Construtor.
A Bíblia nos explica de uma maneira simbólica a criação do mundo feita por
Deus, onde nos ensina que Deus é o único e verdadeiro criador, que usa de nós
como instrumento para o aperfeiçoamento de suas obras.
Através dos fatos mencionados, podemos chegar a uma magnífica conclusão: DEUS
EXISTE!
Basta que abramos os nossos corações para que esse Deus que tudo criou por
Amor Eterno aos seus filhos, faça de nós obras divinas cheias de fé e felizes em
saber que Deus está no meio de nós.
Capítulo 5 – Conclusão
Estudando Kardec
A Gênese
Deus – Existência de Deus – Deus existe?
A existência de Deus é um fato admitido não somente pela revelação, como pela
evidência material dos fatos. Nem sempre é necessário ter visto uma coisa para
saber que ela existe.
Todo efeito inteligente deve ter uma causa inteligente. A Natureza pela
harmonia de suas obras, verificamos que não pode ser controlada pelo homem e
muito menos produzida. Há os que contestam dizendo que são produzidas por forças
materiais, que agem mecanicamente em conseqüência das leis de atração e
repulsão.
As plantas nascem, brotam, crescem e multiplicam-se sempre do mesmo modo,
cada uma dentro de sua espécie, em virtude dessas mesmas leis. Os astros se
formam pela atração molecular e movem-se em suas órbitas por efeito da
gravitação. Tudo isso é exato, porém essas forças são efeito que devem ter uma
causa. Kardec na Gênese cita como exemplo o relógio, a engenhosidade do
mecanismo, demonstra a inteligência e o saber do relojoeiro, e afirma que nunca
ninguém lembrou de dizer: aí está um pêndulo muito inteligente!
Dá-se o mesmo com o mecanismo do Universo:
Deus não se mostra, mas afirma-se mediante suas obras.
No livro “Que é Deus” seu autor Eliseu F. da Mota Júnior, iniciou o capítulo
3º com uma frase do bacteriologista francês, criador da pasteurização, além de
inúmeras vacinas, Louis Pasteur (1822-1895). “Um pouco de ciência nos afasta de
Deus. Muito, nos aproxima. “Essa colocação induz a idéia de que um conhecimento
científico superficial serve apenas para distanciar o homem de Deus e, em
sentido oposto leva à conclusão de que todos os profundos conhecedores da
Ciência estão próximos de Deus. O professor Eliseu discorre no seu livro com
muito brilhantismo os mais variados pensamentos de grandes cientistas
contemporâneos. Cita trechos do livro de Stephen W. Hawking, coloca também
vários trechos do livro “A Mente de Deus” do conceituado cientista inglês,
doutorado em física Paul Davies,: – “Não posso acreditar que nossa existência
neste Universo seja uma mera peculiaridade do destino, a espécie física Homo não
pode importar para nada, mas a existência da mente em algum organismo em
algum planeta do Universo é certamente um fato fundamentalmente significativo”.
E terminamos este estudo ainda com Paul Davies: – “Sem Deus a Ciência não poderá
completar os seus estudos acerca da origem do Universo, da matéria, da vida e do
próprio homem”.