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As Quatro Nobres Verdades – Parte 5

As Quatro Nobres Verdades – Parte 5

Segundo o Budismo, é o homem que traça a rota do seu próprio destino.
Assim, Gautama Buda, exortava seus discípulos a que eles mesmos fossem seus
próprios refúgios, ou ajudas. Estimulava em cada um o autodesenvolver-se,
porque, mediante seu próprio esforço e dedicação, o homem tem em suas mãos o
poder de libertar-se da escravidão, da ignorância e de todo o sofrimento

(cap. “Budismo como Ciência, Moral e Filosofia”, Budismo, Psicologia do
Autoconhecimento).

O Budismo busca a transformação do ser através da destruição da ilusão do
“eu”, superação da ignorância. Compaixão e sabedoria como resultado da
destruição total do egoísmo. Libertação do sofrimento encerrando-se o ciclo de
causa e efeito através do desapego ao resultado das ações, fim do “eu” e do
“meu”(sem que isso signifique exatamente extinção total do ser);

Na escola Mahayana, uma grande ênfase é dada ao ideal do Bodhisattva. O
Bodhisattava é o ser que já atingiu todas as condições para a libertação final,
para o Nirvana, porém prefere manter-se em contato com este mundo a fim de
auxiliar na libertação dos demais seres. O voto do aspirante ao Bodhisattva, é
justamente de buscar o despertar em beneficio de todos.

– Espiritismo

O objetivo essencial do Espiritismo é melhorar os homens, no que
concerne ao seu progresso moral e intelectual
” Máximas extraídas do
ensinamento dos espíritos, Allan Kardec, O Espiritismo em sua mais simples
expressão.

É assim que, pela prática do Espiritismo e com as instruções dos
Espíritos elevados, pode o homem adquirir essa preciosa ciência da vida: a
disciplina das emoções e das sensações, o domínio de si mesmo, essa arte
profunda de se observar e, depois, de se assenhorear dos secretos impulsos de
seu próprio ser
“. Léon Denis, Aplicação Moral e Frutos do Espiritismo, No
Invisível – FEB

O Espiritismo busca a transformação do ser através de sua reforma moral, com
a superação do egoísmo e o desenvolvimento de virtudes como a caridade e a
sabedoria. Pela palavra “caridade” entende-se, na Doutrina Espírita, o amor ao
próximo em sua expressão mais sublime, já a palavra “sabedoria” significa o uso
ético dos conhecimentos adquiridos, inclusive das leis universais, como a de
causa e efeito. Como conseqüência do progresso espiritual resultante, há a
libertação do sofrimento e o fim da necessidade do espírito reencarnar-se, por
não necessitar mais do aprendizado proporcionado pelo ciclo de reencarnações.

Assim descreve Kardec as características dos espíritos que atingiram esse
estágio de progresso:

Espíritos Puros: “Percorreram todos os graus da escala e se despojaram de
todas as impurezas da matéria. Havendo atingido a soma de perfeições a que a
criatura é suscetível, não têm mais a sofrer nem provas, nem expiações. Não
estando mais sujeitos à reencarnação nos corpos perecíveis, vivem a vida eterna
que desfrutam no seio de Deus”
(cap. Dos Espíritos, O Livro dos Espíritos,
Allan Kardec).

– Análise

O resultado da correta prática do Budismo leva aos mesmos resultados da
prática da Doutrina Espírita. Os dois caminhos espirituais resultam na
libertação do sofrimento, pelo fim do apego ao mundo material e ao “eu” egoísta.
O “Iluminado” Budista corresponde ao conceito de “Espírito Puro” dos Espíritas.

É muito importante notar que as palavras “compaixão” para os Budistas e
“caridade” para os espíritas, tem sentido mais amplo que o empregado na
conversação cotidiana. A compaixão budista, longe de ser um sentimento de
piedade, é o interesse profundo e amoroso pelo destino de todos os seres e se
reflete na ação de ajudá-los a encontrar seu caminho de iluminação. A caridade
espírita, também está longe de ser a esmola ou simplesmente a ajuda material, é
o amor fraterno em ação, representando tanto o interesse pelo bem-estar do
próximo, como o desejo mais profundo de auxiliá-lo na busca da verdadeira
felicidade.

Ambos, compaixão e caridade, nascem no ser a partir da compreensão de que
somos mais do que um corpo material, de que estamos ligados a todos os seres e
compartilhamos o mesmo destino. A felicidade, a libertação do sofrimento, é o
objetivo de todas as criaturas e trabalhar em prol deste objetivo, auxiliando a
todos, a meta mais nobre a que o ser pode almejar.

(Publicado no Boletim GEAE Número 432 de 18 de março de 2002)