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Reciclagem Mediúnica

Reciclagem Mediúnica

10 – O que dizer do comportamento dos dirigentes que levam pessoas
obsediadas diretamente às reuniões mediúnicas para tratamento?

 

É comportamento leviano de grande desrespeito pelo doente.

Há em nosso Movimento um aspecto que, mesmo desagradando é necessário que se
aborde. É que diante de qualquer patologia o aventureiro do Espiritismo vê logo
uma Mediunidade para desenvolver ou uma obsessão em curso. A incidência de tal
dogmatismo é chocante e generaliza-se a prejuízo do bom nome do Espiritismo.

Alguém, digamos vê seu marido/esposa/mãe ou filho desencarnar, às vezes
através de um acidente, de uma tragédia. É natural acontecer aí um trauma e a
pessoa pode perfeitamente entrar num estado depressivo, num abalo nervoso, na
saudade intensa, no desejo de consumir-se, de morrer, de apagar-se e que pode
por sua intensidade caminhar para quadro patológico. Só quem passou pode avaliar
a crueza do drama. O apressado olha é diz: — É uma obsessão!

Como, com que instrumento poder-se-ia penetrar os arcanos da vida espiritual
para diagnosticar com tal facilidade?

E isso continua – encontra na rua, no ponto de ônibus olha e logo diz: — Unh!
você está carregado! Estou sentindo; estou todo arrepiado! e dizemos isso
inadvertidamente sem nos preocuparmos com as impressões e medos que despertamos
no outro, no avaliado, por nossa “sabedoria”, que se caracteriza como fraude
consciente que precisamos analisar.

A lembrança sobre a delicadeza da faculdade da vidência. Será que é o que
estou vendo? Não será a imaginação? Meus conflitos aí se misturam? Nossa mente é
dotada de tal poder que não podemos desconsiderar enganos. O Espiritismo é mais
profundo no seu aspecto prático vivencial do que o intercâmbio com os
desencarnados. É possível sim que Espíritos de desencarnados se desdobrem, que
pensamentos enviados sejam captados porque a Mediunidade é uma antena aberta.
Mas os problemas começam a surgir quando começam os diagnósticos quase sempre
negativos onde em todos e em todo lugar se vê obsessão. Divulga-se, fala-se do
número de obsessores que estão acompanhando ou gerando os problemas disseminando
com essa inquietação terrível nas almas que já vivem apavoradas na época do medo
onde se tem medo de ter medo do medo. Aí chega alguém e põe na nossa cabeça que
estamos obsedados. Imagine-se agora levar uma pessoa portadora de uma alienação,
que especificamente não sabemos o que é.

Achamos que é Mediunidade – e se não for? Achamos que é obsessão – e se não
for? E se for uma auto-obsessão? Vamos supor que levemos a pessoa a uma sessão e
que a problemática seja autêntico fenômeno de obsessão. O médium entra em
transe; o obsessor incorpora e diz verdades para as quais nenhum de nós está
preparado para ouvir. O doente que está fragilizado, receptivo, assimila, sai
dali mais apavorado e fixa seu pensamento naqueles que o obsessor quer.
Reforçados por essa idéia de que estão obsediados, pessoas podem chegar ao
suicídio, exigindo imensa luta para lhes tirar a idéia dos quadros que lhe foram
inadvertidamente passados.

Aos “videntes” reais ou não, recomendar-se-ia que só vejam coisas boas. Mesmo
que se tivesse certeza da obsessão. Você já está bem melhor! Você já esteve pior
(e é verdade porque todos nós já estivemos pior um dia). Acenemos a esperança e
tenhamos cuidado com a cabeça dos outros. Departamento mental é campo muito
delicado. Pessoas fixam às vezes uma palavra, uma frase e desencadeiam daí
paranóia terrível. Desse modo é de bom alvitre, é prudente, é melhor que não se
leve o paciente. Se temos muita certeza de que a pessoa está enferma deixemo-la
em sua casa – os mentores é que fazem a conexão.

André Luiz em “Missionários da Luz” cap. II, ao estudar a epífise ou pineal e
a importância dessa glândula na Mediunidade enfatiza, quando da freqüência ou
presença de pessoas perturbadas a um ato tão delicado e importante, os danos que
podem ocorrer a personalidade psíquica, ao campo cerebral do ser e as
dificuldades para os médiuns.

O trabalho é de amor – envolvamos o paciente, deixando-o em casa, vibremos,
peçamos aos Espíritos responsáveis pelos trabalhos para que tomem as
providências necessárias, inclusive se for caso e se eles acharem que assim deve
ser, que tragam os obsessores para o atendimento fraterno, para a conversa
amiga. Disponhamo-nos a servir e aguardemos até o dia em que, como pessoa
lúcida, em convalescença, ele também trabalhe na recuperação da própria
saúde. Sobretudo, a precaução, nessas conversas com o encarnado será de
despertá-lo para moralização, meio seguro para que se liberte da obsessão.
Recordar, estudar com ele, mostrar-lhe a importância da vida moral, do
pensamento ou da mudança do pensamento – por exemplo – uma pessoa que vive
atormentada pelo sexo – só pensa, busca, procura, lê, conversa, assiste e
pratica sexo – como ficará bom da obsessão se é já uma fixação mental? Onde
entra o obsessor?

Como inimigos hábeis, não nos atacam eles nas nossas fortalezas, mas sim nas
fraquezas de caráter; no caso, estimulam, sugerem aquilo que o indivíduo gosta.
Recordar-se aqui, a literatura grega com o calcanhar de Aquiles, o notável
conquistador de Tróia, o guerreiro tão bem vestido que não oferecia condições a
que alguma arma o atingisse até que, alguém observou que ao dar o passo,
fazia-se espaço mínimo entre a armadura e seu calçado expondo o calcanhar.
Dirigindo para esse ponto, a flecha certeira mata Aquiles. O paralelo se faz, no
sentido de lembrar que todos temos “um calcanhar de Aquiles” e os companheiros
espirituais que não gostam de nós, estimulam justamente aí, nesse ponto
vulnerável. Daí que a primeira preocupação do Centro Espírita, a primeira
terapia para cura da obsessão é a transformação moral.

Poder-se-á dizer — mas não é fácil. Realmente não o é; se fosse fácil não
haveria obsediados. Qualquer terapia na área das doenças mentais é muito
complexa e requer muito cuidado, trabalhando-se com o doente para que ele se
melhore não esquecendo, que mesmo que se apresente comportalmente alucinados,
ele ouve, ele absorve, assimila o modo, a forma a que se falou com ele, o modo
como foi tratado. Ao recobrarem a lucidez recordam o que foi feito com ele
porque rarissimamente há bloqueio da consciência (quase que só nos casos
autistas). Na maioria das vezes, o eu consciente está vigilante, só que não tem
forças para controlar-se equilibradamente.

 

11 – Como entender a comunicação com Espíritos de outros planetas encarnados
e desencarnados?

 

Allan Kardec recebeu mensagens de Espíritos que diziam habitar Marte,
Júpiter, etc. descrevendo-lhes a forma de vida. Aceita-se sim em Doutrina
Espírita o intercâmbio interplanetário de entidades com alto poder psíquico. O
que generaliza no meio espírita é a crença de que Espíritos de outras
galáxias
estão vindo à Terra em corpo físico com os quais se apresentam e
mantém contato.

Reflitamos que essa área exige opiniões científicas, reservando-se à
Ciência que opine a respeito como ensina a própria Codificação – “à Ciência cabe
a tarefa de equacionar aquilo que não podemos explicar e quando a Ciência se
posicionar, o Espiritismo aceitará.”

Reflitamos por ora que se a informação procede de seres do Sistema Solar é
possível aceitar-se Seres de outras galáxias se materializarem e realizarem
fenômenos ditos interplanetários, difícil entender ou aceitar.

Considerando-se o termo Galáxia – a Via Láctea com duzentos bilhões de sóis,
portanto, de sistemas planetários onde avaliando-se dificuldades, problemas,
etc., etc., etc., nenhum contato ostensivo se fez como buscar outras galáxias?

O astrofísico inglês sir James Jeans faz reflexões seguintes: considerando
nossa galáxia como a roda de uma carruagem onde hipoteticamente tivéssemos
colocado o sol – se partimos do ponto central com a velocidade da luz num bólido
espacial chegaríamos a orla da Via Láctea daí a 25 séculos. Ainda, se
considerarmos nossa Via Láctea como a dimensão de espaço físico que medeia do
extremo norte da América do Norte ao extremo sul da América do Sul a Terra
seria, neste espaço, a ponta de um alfinete; o sol a cabeça desse alfinete e o
sistema solar teria a dimensão de pequena moeda. O homem está começando a
ensaiar passos para sair agora da cabeça do alfinete para girar em torno da
moedinha. Partindo do princípio, que haja sistemas muito mais velhos que o nosso
(que tem apenas 2 bilhões de anos fomentando a vida) é provável que em nossa
galáxia outros seres já desenvolveram tecnologia mais avançada que a nossa e
venham visitar-nos. A hipótese, porém relativa a outras galáxias contradiz-se
pelo absurdo.

Em parapsicologia, ensina-se que na área da telepatia se transmitem símbolos
e não palavras que, quando o telepata vai transmitir a palavra maçã porque
(apple, manzana) a palavra varia de país para país – ele pensa na fruta – maçã –
onde o símbolo é o mesmo em qualquer país. Quando o telepata, portanto, projeta
o símbolo maçã – o receptor capta o projetado e exprimir-se-á no seu
vocabulário, na sua língua.

Os seres de outras galáxias possuem símbolos que nós não temos,
desconhecemos, não possuímos os símbolos usados por eles impedindo
parapsicologicamente a comunicação (para que haja comunicação é necessário haver
o entendimento do que é falado/apresentado). Seria o mesmo que irmos a uma tribo
e tentarmos projetar na mente do índio, técnicas de cibernética ou computação
que ele não tem a menor idéia para entender, assimilar ou explicar.

É impossível então? Não podemos afirmar ser impossível – nossa simplicidade é
que ainda nos limita.

Dizer estarem aí as naves espaciais em cujo bojo a nave-mãe traz 600 naves e
os radares nada captam, a avançada ciência da astrofísica nada registra, dão
origem às pseudo-ciências onde as afirmações de que são de outra galáxia e que
médiuns mantém contato, medram se expandem sem convencer. Quanto a serem do
nosso sistema ou ao redor de nós, apesar das dificuldades todas, com
ressalvas
, com cuidado e muito bom senso, até poderia se aceitar como
possível.

Bibliografia constante no estudo VIII. Acresça-se:

  • Missionários da Luz – André Luiz, cap. II
  • Animismo e Espiritismo, vol. 1 e 2. A. Aksakof
  • Mecanismos da Mediunidade – André Luiz – XXIII

(Jornal Verdade e Luz Nº 170 de Março de 2000)