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Reflexões advindas da lição do bom ânimo

1 – Quem deseja seguir os ensinos e os exemplos de Jesus não pode prender-se
aos males existentes na Terra. Deve sim, procurar ver, perceber o bem e o belo
que estão em toda parte: na natureza, nas obras feitas pelos homens, em nós
mesmos.

Sendo a Terra um mundo de expiações e provas, o bem e o mal se mesclam. Seus
habitantes, Espíritos inacabados, desenvolvendo-se segundo seu livre arbítrio,
produzem diferenças entre uns e outros, ocasionando atritos e má vontade de uns
para com os outros.

Todos estamos pois, envolvidos, mergulhados nessa mescla de bem e de mal.

Todavia, aquele que coloca o bem, que é eterno, acima do mal que é
provisório, percebendo-o nos homens e nos acontecimentos, destacando-o, pode
manter-se com bom ânimo.

Se podemos enxergar, perceber o bem, por quê fixarmo-nos no mal, por quê
valorizá-lo, se a lei do Bem é a única que traz a paz e a felicidade?

2 – O Evangelho, a Boa Nova trazida por Jesus, deve proporcionar a quem busca
conhecê-lo, o estímulo ao bem, à alegria de viver, ao bom ânimo em tudo.

Por quê? Pela confiança nas revelações da imortalidade, da perfectibilidade
dos seres, da origem e destinação comuns a todos, pela valorização das
experiências diversas que exercitamos no decorrer de uma existência; pela
valorização das inúmeras existências já vividas e a viver, através das quais
todos experenciamos as mesmas lutas de superação de obstáculos, de resolução de
problemas, os mesmos desafios de pobreza, de riqueza, de ignorância, de saber,
e, todos conseguindo evoluir pouco a pouco para a perfeição e felicidade.

Na luta, dentro de nós mesmos, contra as qualificações negativas que criamos
e desenvolvemos, é natural que sintamos insegurança, medo diante da tarefa que
desejamos realizar para transformarmo-nos em melhores pessoas. Podemos até
sentirmo-nos desconfortáveis ao lermos e refletirmos nas mensagens de Jesus, tão
distantes delas nos sentimos.

Mas, se fixarmo-nos na beleza e na sublimidade do Amor do Perdão, da
Humildade, nas Bem-aventuranças prometidas por Jesus, nos exemplos que temos de
Espíritos que venceram as imperfeições e o mal em si, a esperança, o bom ânimo,
a confiança devem crescer em nós.

Assim, tentando fazer florescer, em nosso “eu” interior, os ensinamentos do
Evangelho, estaremos colaborando para que um dia eles floresçam por toda a
Terra.

3 – A vida na Terra deve ser valorizada pelas oportunidades de trabalho, de
vencer desafios constantes em relação às pessoas com as quais convivemos, às
situações e acontecimentos que nos atingem e a nós mesmos na maneira como
reagimos a isso tudo.

Devemos valorizar esta existência em todos os instantes, em todas as
situações de trabalho e de lazer, semeando sempre, o mais que pudermos, o Bem,
conquistando assim, nossa paz interior.

Deve ser nosso objetivo sermos felizes, mas também objetivarmos que os outros
também o sejam. Só semeando o bem para todos, sem exigências e retribuições, é
que podemos ser felizes, em paz conosco mesmo.

Quem se esforça para assim viver, quantos sofrimentos deixa de criar, de
quantas preocupações se livra, podendo, realmente, ter bom ânimo, alegria e
prazer no viver!

4 – Aquele que despertou para os valores espirituais, já tem condição de
perceber que o objetivo maior do nosso viver na Terra é conquistar a iluminação
definitiva da alma. “Acendei a vossa Luz”, disse Jesus. E isso se faz pela boa
vontade do homem em seguir a lei do Bem, a lei do Amor.

Em assim compreendendo, as adversidades, preocupações financeiras, doenças,
tudo que se constitui em tribulações da vida material, são apenas convites para
que sejam enfrentados no bem, com bom ânimo, sem causar prejuízos aos outros e a
si próprios.

Nosso objetivo é usar todos os recursos, experiências e oportunidades do
viver na Terra na iluminação de nós próprios, na satisfação das nossas
necessidades espirituais, semeando sempre o bem. E isso não se faz sem
esperança, sem confiança e sem bom ânimo.

5 – A morte é libertação da matéria, não separação de afetos. Quem ama não se
separa. Ninguém fica órfão na Terra. Somos todos filhos de Deus.

Portanto, até na dor da ausência material dos seres amados, o discípulo de
Jesus deve ser um semeador de paz e de alegria, buscando amar a todos que lhe
são ou estão próximos. Nada na Terra justifica o desalento para aqueles que têm
“olhos de ver e ouvidos de ouvir”.

6 – A vida é o campo infinito. As lições de Jesus são o tesouro a ser achado.
Mas para mantermos esse tesouro em nós é preciso que nos despojemos de todas as
vaidades, de todo o nosso personalismo e que sejamos alegres, confiantes no amor
de Deus e no amor ao próximo.

Busquemos todos a manutenção do bom ânimo em nós, até mesmo e,
principalmente, nas situações difíceis!

Bibliografia:

Boa Nova, Humberto de Campos – cap. VIII

(Jornal Verdade e Luz Nº 176 de Setembro de 2000)