Afirma Kardec no item 75 do capítulo 28 de O Evangelho segundo o Espiritismo, que os francamente maus e os hipócritas podem ser enquadrados em personalidades perversas. Estão ainda iludidas no desejo de posse, de domínio das consciências, e também dominadas pelo vil sentimento do egoísmo que só pensa em si, desconsiderando os interesses comuns e coletivos.
O arrependimento ainda não os tocou, se comprazem no espalhar de dores, violências e preocupações para os outros, estão ainda insensíveis ao mal que causam e fazem-no sem qualquer preocupação de lesão na tranquilidade ou no patrimônio alheio. E após a morte, por vingança do sofrimento que experimentam, ou dos ódios alimentados, perseguem aqueles que odiavam ou outros que lhes abrem espaços, seja por obsessão ou por outra influência qualquer.
Os primeiros, os francamente maus, são mais fáceis de se reconduzir ao bem do que os segundos, os hipócritas. Se conseguirmos despertá-los dos equívocos a que se entregam. Fazem o mal mais por instinto do que por cálculo e não procuram se fazer passar por melhores do que são. Há neles um germe latente que é preciso fazer eclodir com a nossa perseverança, o desejo do bem e a confiança em Deus.
Já os hipócritas são muito inteligentes, mas são insensíveis; nada os toca, simulam todos os bons sentimentos para captar confiança, e ficam felizes quando encontram tolos que os aceitam como sérios e bons e onde podem governar à vontade. São perigosos porque agem nos bastidores e normalmente deles não se desconfia, a não ser depois que são descobertos, o que normalmente leva um tempo, já que sabem simular com mestria.
Tais sentimentos e posturas, todavia, fazem parte ainda de nosso estágio e muitos de nós nos enquadramos muitas vezes em comportamentos perversos, seja na hipocrisia ou na maldade, ainda que sem premeditação.
Teremos sempre que retomar os caminhos da dignidade, da honestidade, da bondade plena!
O tempo fará isso.
Mesmo assim, cabe-nos orar em favor dessas mentalidades endurecidas (seja na hipocrisia ou na maldade), ajudando-os a se libertarem dessas potentes amarras bem próprias dos equívocos a que se permitiram.
Tais considerações extraímos do texto Pelos espíritos endurecidos, capítulo XXVIII de O Evangelho segundo o Espiritismo, com adaptações e pequenas transcrições parciais para o presente trabalho. Embora no capítulo em referência, o Codificador orienta sobre preces em favor daqueles que não estão mais encarnados, o raciocínio cabe, como pode perceber o leitor, também para nós os encarnados, onde também encontramos hipócritas e maldosos, onde as preces serão de grande valor e alcance para despertar dessas almas adormecidas nas ilusões que bem nos prendem o sentimento e o raciocínio…
- Autor: Orson Peter Carrara