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Sedução

Luiz Carlos D. Formiga

Palavras chave: fãs, eleição, moda, magia, evangelização

“Uma fórmula de sucesso apoiada num grande projeto de marketing”

O que quero comunicar com o título sedução é o ato, voluntário ou não, de conquista. De forma consciente é o uso de artimanhas ou artifícios para conquistar alguém. Sendo característica inerente à determinada pessoa, traduz-se por carisma.

Creio que entre os espíritas são poucos os artigos sobre os sedutores livros de J.K. Rowling.

Escrevi, em 2001, pequeno texto “O Medo e o Delírio” (http://www.espirito.org.br/portal/artigos/neurj/harry-potter.html)

De alguns fãs de Potter(*), espíritas, recebi forte crítica.

Recentemente, fev 2003, o Portal do Espírito me repassou mais um desses comentários para oferecer resposta. Uma de minhas filhas disse: “Pai, esse artigo ainda vai dar muito pano para manga”. Passou-me pelo pensamento a revista de moda feminina e a reportagem sobre a melhor roupa para trabalhar nesse calor do Rio de Janeiro. “Branco, bege e cinza compõem o trio que vai invadir o verão. São cores que deixam você bem chique, pronta para um dia cheio de estilo”. Lembrei de Marina Colasanti: “Harry Potter é muito mais moda que magia”.(**)

A escritora que é publicitária comenta o terreno difícil de trafegar. Destaco trechos de seu artigo: “partir contra Harry Potter, nesse momento, significa emular Hamlet que parte contra um mar de aborrecimentos. Não tenho nem a pretensão nem o desejo de acabar com o mar. Minha tentativa, para viver melhor com o mar, é conhecê-lo.” E, continua – “então, como Moisés diante do Mar Vermelho, vamos dividir Harry Potter ao meio e dar uma olhada em cada uma das duas partes que o compõem: o mercado e o conteúdo.”

“Notas pipocam nas colunas, cada gesto de J.K. Rowling é noticiado mundo afora, e gestos são especialmente criados para isso. Paralelamente noticiam-se as filas de crianças diante das livrarias, criam-se concursos que envolvem o livro, gera-se um clima de histeria mantendo o título em segredo, distribuindo os livros ao mesmo tempo nos Estados Unidos e Inglaterra, proibindo os livreiros de mostrar sequer um único livro e alardeando faraônicos sistemas de segurança.”

Apoiado num grande projeto de marketing, Harry Potter não precisou ser uma Gisele Bündchen para fazer sucesso, mas, sem ajuda publicitária, Jacaré Poió é desconhecido.

Para pensar é um comentário de Marina: “quando as pessoas, vendo Harry Potter nas listas de mais vendidos, onde nunca antes haviam visto um livro infantil, atribuem essa presença a uma superior qualidade da série, estão confundindo ou sendo confundidas.”

A palavra-título surge quando a publicitária comenta: “para um produto vendido em livrarias, é preciso seduzir o público em geral. E isso significa, pais e filhos. Foi exatamente o que fez a campanha de HP. No Brasil, as editoras de livros infantis investem pesado na sedução dos professores.”

Para Harold Bloom, Pedra Filosofal não é bem escrito: “numa única página, escolhida arbitrariamente do primeiro livro, contei sete clichês.”

Marina informa que segundo Bloom, “o modelo básico para Harry Potter foi um clássico infantil, Tom Brown School Days, (1857) de Thomas Hughes, que descreve a vida em um típico colégio inglês. Já Henriette Korthal Altes, em artigo publicado na revista literária francesa Lire, embora reconhecendo o direito à apropriação, reconhece no trabalho de Rowling a presença de elementos alheios, “a bizarrice de Lewis Carrol, o lado gótico de Tolkien, o combate entre o Bem e o Mal de C.S. Lewis, o mundo da bruxaria de Diane Wynn Jones e, é claro, a fantasia de Roald Dahl”.

Em “Muito Mais Moda que Magia”, escreve: “o mesmo espírito pouco novidadeiro impregna o restante da série. Rowling inventa novos fatos e novas aventuras em velocidade constante, divertindo o pequeno leitor, mas leitores mais experientes identificam nessa girândola materiais literários de segunda mão.”

Uma conclusão pode ser tirada: “se é verdade que a leitura já conhecida é fácil e prazerosa, é verdade também que dela pouco se aproveita.”

Harold Bloom, é crítico americano, que diz que as crianças devem ser apresentadas à boa literatura. Nasceu em Nova York em 11 de julho de 1930. Formou-se em Cornell (1951) e fez PhD. em Yale (1955) onde dá aulas. Autor de ensaios que renovam os estudos literários. Escreveu 27 livros. O primeiro foi publicado em 1959. Publicou também no The Wall Street Journal um ensaio sobre os livros com o personagem Harry Potter. Bloom em 2003 respondendo a uma pergunta disse: “Odeio Harry Potter. É bruxaria barata reduzida a aventura. É prejudicial ao leitor. Não tem densidade. A escrita é horrível”.

Ao Portal, respondi que também na minha área não tenho conseguido agradar a todos. Uma pessoa disse que fui prolixo ao analisar a experiência da novela O Clone. Confiram emhttp://www.espirito.org.br/portal/artigos/neurj/clone-e-leproestigma.html

Neste texto, sobre sedução, alguns dirão que fui lacônico.

Ainda sobre “O Medo e o Delírio” fiquei contente quando disseram: “o autor está conseguindo seus propósitos. Nos obriga a fazer reflexão. O artigo é cauteloso e não tira conclusões. É preferível deixar de aceitar 10 verdades a acatar uma mentira. Não sugere que espíritas proíbam seus filhos de examinarem a obra ou o filme.” Sobre esse assunto, recomendo aos leitores que leiam outro texto – “Deixe Claro Para Seu Filho” http://www.espirito.org.br/portal/artigos/neurj/deixe-claro.html

(*)fã, vem do inglês, abreviatura de fanatic.

(**)http://www.estado.estadao.com.br/editorias/2001/02/18/cad126.html

Domingo, 18 de fevereiro de 2001

(***) Núcleo Espírita Universitário do Rio de Janeiro – http://zap.to/neurj

formigalcd@hotmail.com

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