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Sobre a meditação

(dedicado a Juliana Figueiredo)
Trechos do capítulo XV do livro Liberte-se do passado, conferências de Jiddu Krishnamurti, editora Cultrix, 9ª- edição, 1993, escolhidos e ordenados por Cristina Sarraf

 

Pautamos nossa vida pelos Princípos do Espiritismo e com eles vamos ampliando e aprofundando o entendimento deles mesmos, de nós próprios e de tudo e todos que compõem essa encarnação.

Lidar conosco requer recursos, técnicas, estratégias que não estão listadas nesses Princípios e nem nos textos de Kardec, por serem estes, científico-filosóficos.

Mas podemos escolher alguns que não os neguem, combinando com eles, e nos ajudando no auto conhecimento.

Uma dessas técnicas, muito antiga, vinda do Oriente e apresentada sobre inúmeras formas, muitas regras e variantes da prática, é a meditação.

Nosso profundo respeito e admiração pelo livre pensador Jiddu Krishnamurti, é a causa da escolha de suas orientações sobre a meditação.

Ele nos diz :

“Meditação não é seguir um sistema; não é imitação constante. Meditação não é concentração.”

“A mente é o que é.” ” Só a mente frustrada, limitada, superficial, condicionada, está sempre a buscar o mais.

Toda exigência de mais nasce da dualidade: “sou infeliz e tenho que ser feliz”. Quando uma pessoa se esforça para ser boa, nesse ser bom está o seu oposto –ser mau. Tudo o que se afirma contem o seu oposto, de modo que o esforço pra dominar a mente torna mais forte aquilo contra o qual se luta: o domínio dos condicionamentos.

A meditação exige uma mente sobremodo vigilante, porque é a compreensão da totalidade da vida, na qual não existe mais nenhuma espécie de fragmentação (separação das partes).

Meditação não é controle do pensamento, porque, quando o pensamento é controlado, gera conflito na mente; mas, quando se compreende a estrutura e origem do pensamento, então ele não  interfere. Essa compreensão da estrutura do pensar é sua própria disciplina, que é meditação.

Por isso, meditar é estar cônscio de cada pensamento e de cada sentimento, nunca dizendo que é certo ou errado, porém simplesmente observando e acompanhando seu movimento. Nessa observação, o movimento total do pensamento e do sentimento é compreendido.

É dessa compreensão que vem o silêncio.

O silêncio criado pelo pensamento é estagnação, porém o silêncio que vem quando o pensamento compreendeu a sua própria origem, sua própria natureza, compreendeu que nenhum pensamento é livre, porém sempre é velho, esse silêncio é meditação, na qual o meditador não interfere, porque a mente se esvaziou do passado.

Se você lê este texto durante uma hora, isso é meditação. Se você recolhe algumas palvars e junta algumas ideias, para sobre elas refletir mais tarde, isso então já não é meditação. Pois meditar é um estado em que a mente olha todas as coisas com toda a atenção e não apenas algumas partes dela.

Ninguém pode nos ensinar a prestar atenção. Se algum sistema nos ensina a estarmos atentos, estaremos atentos ao sistema, e isso não é atenção.

A meditação é uma das maiores artes da vida – talvez a maior de todas – mas não se pode de modo nenhum aprendê-la de alguém – e essa é que é a sua beleza. Ela não tem técnica e, por conseguinte, nenhuma autoridade.

Quando você está aprendendo a se conhecer realmente, quando você se observa, observa sua maneira de andar, de comer, o que você diz, sua tagarelice, seu ódio, seu ciúme… quando você está côncio de tudo isso em si mesmo, sem nenhuma escolha, isso faz parte da meditação.

Assim, a meditação pode ocorrer quando você está sentado num ônibus ou passenado numa floresta toda de luz e sombra, ou ouvindo o canto dos pássaros, ou olhando o rosto de uma pessoa…

Na compreensão dada pela meditação há amor, e o amor não é produto de sistemas, de hábito, e observância de um método. O amor não pode ser cultivado pelo pensamento.”

 

 

Autora: Cristina Sarraf


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