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Sono e Sonhos

Chama-se emancipação da alma, o desprendimento do Espírito encarnado,
possibilitando-lhe afastar-se momentaneamente do corpo físico.

É muito importante a compreensão e o estudo do sono e dos sonhos para um
conhecimento mais amplo do fenômeno da emancipação da alma e das experiências
vivenciadas pelo Espírito neste estado de liberdade.

“À semelhança da morte, em que o Espírito se liberta com facilidade do corpo
mediante conquistas anteriores de desapego e renúncia, reflexões e desinteresse
das paixões mais vigorosas, no sono há uma ocorrência equivalente, pois que o
ser espiritual possui maior ou menor movimentação conforme as suas fixações e
conquistas.”

Dormimos um terço de nossas vidas e o sono, além das propriedades
restauradoras da organização física, concede-nos possibilidades de
enriquecimento espiritual através das experiências vivenciadas enquanto
dormimos.

No campo da mediunidade, durante o desdobramento ou emancipação da alma pelo
sono natural, os participantes dos grupos mediúnicos desenvolvem tarefas de
significativo valor em continuidade às atividades encetadas nas reuniões
mediúnicas.

Vários fenômenos mediúnicos poderão ocorrer com a alma emancipada, embora
muitos sejam classificados, apenas, como fenômenos anímicos.

“Às vezes, durante o sono ou na vigília, a alma se exterioriza, se objetiva
em sua forma fluídica e aparece à distância.” (3) É o fenômeno da
bicorporeidade.

Durante o sono normal, o corpo perispiritual poderá provocar uma série de
fenômenos de efeitos intelectuais, como a psicofonia e a psicografia e também os
de efeitos físicos ou objetivos como as aparições, produzir sons, ruídos, etc…

No Livro dos Médiuns, Allan Kardec nos diz :

“As manifestações visuais mais comuns têm lugar durante o sono : são as
visões.

– Os sonhos podem ser :

– Uma visão atual das coisas presentes ou ausentes ;

– Uma visão retrospectiva do passado e, em alguns casos excepcionais, um
pressentimento do futuro;

– Quadros simbólicos que os Espíritos fazem passar sob nossos olhos para nos
dar úteis advertências e salutares conselhos, se são bons Espíritos;
– “Induzir ao erro ou lisonjear paixões, se são Espíritos imperfeitos.”

No estado de emancipação da alma, o Espírito se desloca do corpo físico, os
laços que o unem à matéria ficam mais tênues, mais flexíveis e o corpo
perispiritual age com maior liberdade.

Vamos, neste estudo, evidenciar com maior intensidade, o sonho, suas
características espirituais, quando realmente ocorre a emancipação da alma e as
horas de sono são aproveitadas para nosso crescimento espiritual através de
atividades, estudos e aquisições enobrecedoras.

Sono e Sonhos

Conceitos:

Sono é um estado em que cessam as atividades físicas motoras e sensoriais.

Sonho é a lembrança dos fatos, dos acontecimentos ocorridos durante o sono.

A ciência oficial, analisando tão somente os aspectos fisiológicos das
atividades oníricas, ainda não conseguiu conceituar com clareza e objetividade o
sono e o sonho. Sem considerar a emancipação da alma, sem conhecer as
propriedades e funções do perispírito, fica, realmente, difícil explicar a
variedade das manifestações que ocorrem durante o repouso do corpo físico.
Alguns psiquiatras e psicólogos já analisam os sonhos como atividades do
psiquismo mais profundo.

Assim temos em Freud, o precursor dos estudos mais avançados nesta área. Ele
julgava que os instintos, quando reprimidos, tendem a se manifestar e uma destas
manifestações seria através dos sonhos. Isto numa linguagem simbólica
representativa do desejo.

Adler introduziu em Psicologia o “instinto do poder” . Nossa personalidade
gravitaria em torno da auto-afirmação, do desejo do domínio.

Jung considerou válidas as duas proposições. Descobriu que nos recessos do
inconsciente, existe uma infra-estrutura feita de imagens ou símbolos que
integram a mitologia de todos os povos. São os arquétipos, reminiscências de
caráter genérico que remontam a fases muito primitivas da evolução.

Mas foi Allan Kardec, através da Codificação Espírita, quem, realmente,
analisou amplamente os sonhos em seus aspectos fisiológicos e espirituais.

No livro dos Espíritos, Cap. VIII, analisando a emancipação espiritual,
coloca o sono como a primeira fase deste fenômeno, que antecede ao sonambulismo
e ao êxtase que seriam estados mais profundos de independência pelo
desprendimento parcial do Espírito.

Na questão 400, do Livro dos Espíritos, ele indaga aos Espíritos Superiores :

“O espírito permanece voluntariamente no seu envoltório corporal ?”

R : “É como se perguntasse se o prisioneiro está satisfeito sob as chaves. O
Espírito encarnado aspira incessantemente à libertação e quanto mais grosseiro é
o envoltório, mais ele deseja ver-se desembaraçado.”
Na questão 401 :

“Durante o sono, a alma repousa como o corpo ?”

R : “Não. O Espírito jamais está inativo. Durante o sono, os liames que o
unem ao corpo se afrouxam e o corpo não mais necessitando do Espírito, ele
percorre o espaço e entra em relação mais direta com os outros Espíritos.”

Na questão 402, Kardec indaga :

“Como podemos julgar a liberdade do Espírito durante o sono ?”

R : “Pelos sonhos.”

E Allan Kardec tece comentários muito importantes acerca dos sonhos, nos
quais há uma emancipação da alma, enquanto o corpo repousa.

  • “O sono liberta parcialmente a alma do corpo.”
  • “O Espírito jamais está inativo.”
  • “Têm a lembrança do passado e às vezes a previsão do futuro.”
  • “Adquire mais poder (pela liberdade de ação delimitada pelo grau de
    exteriorização) e pode entrar em contato com outros Espíritos encarnados ou
    desencarnados.”
  • “O sono coloca o homem num estado em que estará de maneira permanente após
    a morte.”
  • “Enquanto dormem, alguns Espíritos procuram aqueles que lhes são
    superiores (estudam, trabalham, recebem orientações, pedem conselhos).
  • “Os Espíritos inferiores irão aos lugares com os quais se afinizam.”

Sonhos – Classificação:

Martins Peralva, no livro “Estudando a Mediunidade”, propõe a seguinte
classificação dos sonhos :

COMUNS = Repercussão de nossas disposições físicas e psicológicas.

REFLEXIVOS = Exteriorização de impressões e imagens arquivadas no cérebro
físico e no perispírito.

ESPÍRITAS = Atividade real e efetiva do Espírito, durante o sono.

SONHOS COMUNS: São aqueles que refletem nossas vivências do dia a dia.
O Espírito desligando-se, parcialmente, do corpo, absorve as ondas e imagens de
sua própria mente, das que lhe
são afins e do mundo exterior, já que nos movimentamos num turbilhão de energias
e ondas vibrando sem cessar. Nos sonhos comuns, quase não há exteriorização
perispiritual. São muito freqüentes dada a nossa condição espiritual.

“Puramente cerebral, simples repercussão de nossas disposições físicas ou de
nossas preocupações morais. É também o reflexo de impressões e imagens
arquivadas no cérebro durante a vigília. (…)” (3)

SONHOS REFLEXIVOS: Há maior exteriorização que nos sonhos comuns. O
Espírito registra acontecimentos, impressões e imagens, arquivadas no
subconsciente, isto é, no cérebro do corpo fluídico, ou perispírito.

Esses sonhos poderão refletir fatos remotos, imagens da atual reencarnação.
Contudo, é mais freqüente revivenciar acontecimentos de outras vidas, cujas
lembranças nos tragam esclarecimentos, lições ou advertências, se orientados por
mentores espirituais.

Poderão os Espíritos inferiores motivarem estas recordações com finalidade de
nos perseguirem, amedrontar, desanimar ou humilhar, desviando-nos dos objetivos
benéficos da existência atual.

“Nos sonhos reflexivos, o espírito flutua na atmosfera sem se afastar muito
do corpo; mergulha, por assim dizer, no oceano de pensamentos e imagens, que de
todos os lados rolam pelo espaço, deles se impregna, e aí colhe impressões
confusas, tem estranhas visões e inexplicáveis sonhos; a isso se mesclam, às
vezes, reminiscências de vidas anteriores (…)”

SONHOS ESPÍRITAS: Há mais ampla exteriorização do perispírito.
Desprendendo-se do corpo e adquirindo maior liberdade, a alma terá uma atividade
real no plano espiritual. Léon Denis chama a estes sonhos de etéreos ou
profundos, por suas características de mais acentuada emancipação da alma.

“O Espírito se subtrai à vida física, desprende-se da matéria, percorre a
superfície da Terra e a imensidade onde procura os seres amados, seus parentes,
seus amigos, seus guias espirituais ( … ) Dessas práticas, conserva o Espírito
impressões que raramente afetam o cérebro físico, em virtude de sua impotência
vibratória.”

Nos sonhos espíritas, teremos que considerar a lei de afinidade. Nossa
condição espiritual, nosso grau evolutivo, irá determinar a qualidade de nossos
sonhos, as companhias espirituais que iremos procurar, os ambientes nos quais
permaneceremos enquanto o nosso corpo repousa.

“Quando encarnados na crosta, não temos bastante consciência dos serviços
realizados durante o sono físico, contudo, esses trabalhos são inexprimíveis. (
… ) Infelizmente, porém, a maioria se vale de repouso noturno para sair à caça
de emoções frívolas ou menos dignas. Relaxando-se as defesas próprias, e certos
impulsos longamente sopitados durante a vigília, extravasam-se em todas as
direções, por falta de educação espiritual, verdadeiramente sentida e vivida.”

Os Sonhos e a Lei de Afinidade

No livro Mecanismos da Mediunidade, André Luiz nos diz que quanto mais
inferiorizado, mais dificuldade terá o homem em se emancipar espiritualmente.

“Qual ocorre no animal de evolução superior, no homem de evolução
positivamente inferior o desdobramento da individualidade, por intermédio do
sono, é quase que absoluto estágio de mero refazimento físico.” (5)

“No animal, o sonho é puro reflexo das atividades fisiológicas ( … ). E, no
homem primitivo em que a onda mental está em fase inicial de expansão, o sonho,
por muito tempo, será invariavelmente ação reflexa de seu próprio mundo
consciencial ou afetivo.”

Estaremos, então, durante o repouso noturno, se emancipados espiritualmente,
vivenciando cenas e realizando tarefas afins. Procuraremos a companhia daqueles
Espíritos que estejam na mesma sintonia, para realizações positivas, visando
nosso progresso moral ou em atitudes negativas, viciosas, junto àqueles que,
ainda, se comprazem em atos ou reminiscências degradantes, que nos perturbam e
desequilibram.

“Há leis de afinidade que respondem pelas aglutinações
sócio-morais-intelectuais, reunindo os seres conforme os padrões e valores nos
quais se demoram. Parcialmente liberto pelo sono, o Espírito segue na direção
dos ambientes que lhe são agradáveis durante a lucidez física ou onde gostaria
de estar, caso lhe permitissem as possibilidades normais.”

Os sonhos espíritas, isto é, naqueles que nos liberamos parcialmente do corpo
e gozamos de maior liberdade, são os retratos de nossa vivência diária e de
nosso posicionamento espiritual. Refletem de nossa realidade interior, o que
somos e o que pensamos.

“Dorme-se, portanto, como se vive, sendo-lhe os sonhos o retrato emocional da
sua vida moral e espiritual.”

Exemplos de Sonhos

A literatura espírita é rica em exemplos e narrativas de sonhos espíritas.
Temos nas obras psicografadas por Chico Xavier, Divaldo Pereira Franco e as
escritas por Invonne Amaral Pereira, inúmeras descrições destes sonhos.

Neles, vemos a alma emancipada sob a hipnose natural que é o sono, ir a
locais e agir por sugestões, as mais variáveis, atraídas sempre aos locais e
situações onde se lhe vincula o pensamento. A vontade é direcionada pelo desejo
e este age impulsionando a alma na direção do que lhe atrai e constitui
motivação principal, na vida íntima.

Nos sonhos, com emancipação da alma, poderemos citar alguns exemplos :

  • reflexos de nosso cotidiano, de nossas preocupações comuns;
  • determinatórios (indicando caminhos, dando avisos ou nos advertindo);
  • premonitórios (prevendo fatos próximos);
  • proféticos (citados na bíblia);
  • instrutivos (fornecendo-nos lições enobrecedoras e conhecimentos do plano
    espiritual);
  • com experiências negativas;
  • com perseguições de Espíritos inferiores.

“O sonho é a lembrança do que o Espírito viu durante o sono, mas observai que
nem sempre sonhais porque nem sempre vos lembrais daquilo que vistes ou de tudo
o que vistes; isto porque não tendes a vossa alma em todo o seu desenvolvimento;
freqüentemente não vos resta mais que a lembrança da perturbação da vossa
partida ou da vossa volta ( … ); sem isto, como explicaríeis estes sonhos
absurdos a que estão sujeitos os sábios como os ignorantes ? Os maus Espíritos
se servem dos sonhos para perseguir, atormentar, as almas fracas e pusilânimes.”

Recordação dos Sonhos

Na questão 403, do Livro dos Espíritos, Allan Kardec indaga :

“Por que não nos lembramos de todos os sonhos ?”

R : – “Nisso que chamas sono só tens o repouso do corpo, porque o Espírito
está sempre em movimento. No sono ele recobra um pouco de sua liberdade e se
comunica com os que lhe são caros seja neste ou noutro mundo. Mas, como o corpo
é de matéria pesada e grosseira, dificilmente conserva as impressões recebidas
pelo Espírito durante o sono, mesmo porque o Espírito não as percebeu pelos
órgãos do corpo.”

Algumas considerações em torno da resposta acima :

No estado de vigília:

  • as percepções se fazem com o concurso dos órgãos físicos;
  • os estímulos exteriores são selecionados pelos sentidos;
  • são transmitidos ao cérebro pelas vias nervosas;
  • no cérebro físico, são gravados para serem reproduzidos pela memória
    biológica a cada evocação.

Quando dormimos:

  • cessam as atividades físicas, motoras e sensoriais;
  • o Espírito liberto age e sua memória perispiritual registra os fatos sem
    que estes cheguem ao cérebro físico;
  • tudo é percebido diretamente pelo Espírito;
  • excepcionalmente, por via retrógrada, as percepções da alma poderão
    repercutir no cérebro físico;
  • quando lembramos, dizemos que sonhamos.

Conclusão

A análise dos sonhos pode nos trazer informações valiosas para nosso
auto-descobrimento. Contudo, devemos nos precaver contra as interpretações pelas
imagens e lembranças esparsas. Há sempre um forte conteúdo simbólico em nossas
percepções psíquicas que, normalmente nos chegam acompanhadas de emoções e
sentimentos.

Se, ao despertarmos, nos sentirmos envolvidos por emoções boas, agradáveis,
vivenciamos uma experiência positiva durante o sono físico.

Ao contrário, se as emoções são negativas, nos vinculamos certamente a
situações e Espíritos inferiores.

Daí a necessidade de adequarmos nossas vidas aos preceitos espíritas,
vivenciando o amor, o perdão, a abnegação, habituando-nos à prece, à meditação
antes de dormir, para nos ligarmos a valores bons e sintonia superior. Assim,
teremos um sono reparador e sonhos construtivos.

SONO & SONHOS – AME / PROGEM

Unidades Feal

FUNDAÇÃO ESPÍRITA ANDRÉ LUIZ |||

Feal

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