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Temos que ser cruéis?

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‘Temos de ser cruéis. Temos de recuperar a consciência tranquila

 para sermos cruéis’

Adolf Hitler

Dia 06/04/2014 , na rádio CBN, ouvi a voz de Mario Sérgio Cortela entrar pelo rádio e começar uma conversa sobre a  estupidez e a crueldade humana, e o professor citou a frase acima, com a qual iniciamos o artigo e que repetiremos agora.
‘Temos de ser cruéis. Temos de recuperar a consciência tranquila para sermos cruéis’
Não vamos de Hitler e de sua política nazista; não, nós vamos  falar da h-umanidade e lembrar que há séculos nós usamos essa “consciência tranquila” para matar muito mais do que a nós mesmos, mas tudo que divide este Planeta conosco.
Não podemos dizer que a h-umanidade recuperou essa consciência para matar com absoluta tranquilidade, mas vamos nos lembrar que jamais nos despimos dela, é como se ela fosse nossa segunda pele.
Nós matamos e alegamos que o fazemos para sobreviver, alegamos que o fazemos para nos divertir, alegamos que o fazemos para nos vestir. E permanecemos, diante da morte, de consciências plenamente tranquilas.
Nós questionamos quando alguém mata :”Por que ele fez isso, será que não pensou?”
Não importa muito se ele pensou, porque para ele a consciência dele estava tranquila quando ele praticou o crime. E nós fazemos o mesmo diariamente, ignorando o que fazemos de forma a manter paz em nossas ações diárias, mesmo as mais cruéis.O que deveria nos causar pavor é essa aparente tranquilidade diante da dor, diante da morte e da exploração da vida de outros seres . Mas , por mais estranho que possa nos parecer, essa tranquilidade não nos causa qualquer estranhamento.

Nós somos somos cruéis com a maior tranquilidade. Mas tentamos não ver ou tentamos dividir o que fazemos entre psicopatia e necessidade.

Quando um indivíduo h-umano mata outro indivíduo h-umano com crueldade, dizemos que ele tem problemas psicológicos. Quando um ser h-umano abandona, por quaisquer razão seu filhote h-umano, alegamos que ele também sofre de algum transtorno psicótico.

Porém quando matamos um animal de forma cruel – e eles são mortos de forma cruel para virarem a carne que estará em nossos pratos – nós nos achamos perfeitamente “normais”. Quando abandonamos um animal a beira da estrada, sem nos preocuparmos se alguém irá resgatá-lo, se ele morrerá de fome, de sede ou atropelado,conseguimos tranquilamente colocar a cabeça no travesseiro e dormir com a consciência em paz, apagando da mente que somos cruéis, tão cruéis quanto Hitler, quando pediu a recuperação da tranquilidade para poderem ser cruéis, pois ele sabia que uma mente intranquila é  incapaz de provocar a dor do Outro.

O “Animacídio”  – anima, do latim, de alma ou de animal, aquele ser que respira e do latim cídio o sufixo cídio que vem de caedere,  de coedes que significa matar -para nós, seres h-umanos parece não nos transtornar, nos abalar, nos envergonhar…”Temos de ser cruéis”
E como nós somos cruéis …

“Temos de recuperar a consciência tranquila para sermos cruéis”
E como temos a consciência tranquila diante de tanta crueldade .

Não é mais possível que nos enganemos desse modo ou que provoquemos tantas mortes, nós somos nocivos não apenas aos animais, mas a nós mesmos.Temos que ser humanos. Temos que recuperar nossa alteridade para voltarmos a ser humanos.

Temos que ser benevolentes. Temos que recuperar nossa humanidade para ser benevolentes

Sem nossa humanidade permaneceremos cruéis, nocivos e e permanceremos tranquilos diante de nossa própria destruição.

Isso não o assusta?

“É preciso diminuir a distancia entre o que se diz e o que se faz, até que num dado momento, a tua fala seja a tua pratica.”
Paulo Freire