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Teologia de Paulo à Luz da Doutrina Espírita

Teologia é o estudo sistemático e crítico das questões relacionadas à religião e à fé. A palavra “teologia” deriva do grego “theos” (Deus) e “logos” (estudo ou palavra), significando literalmente “estudo de Deus”. Este campo busca compreender a natureza de Deus, os atributos divinos, a relação entre Deus e os seres humanos, a origem do universo, o propósito da vida, a moralidade e outros aspectos fundamentais da existência humana. (1)
A teologia de Paulo é teocêntrica: “Deus” é o tema central de sua teologia. Ele é visto como o Criador de todas as coisas, e Jesus é o modelo supremo que nos conduz à perfeição. O propósito da vida, segundo Paulo, é a salvação, com a humanidade sendo o objeto desse propósito. Essa salvação é alcançada através da perfeição moral. Além disso, a origem do universo é um tema relevante dentro de sua teologia.
Ela é rica e multifacetada, alguns dos princípios fundamentais incluem:
  1. Justificação pela fé
  2. A graça de Deus
  3. A união com Cristo
  4. O papel do Espírito Santo
  5. A igreja como corpo de Cristo
  6. A esperança escatológica
  7. A predestinação
Antes de entrarmos nos temas específicos é bom conceituarmos o que seja salvação sobre o ponto de vista espírita já que esta expressão é muito usada na teologia paulina e em todo Novo Testamento, como já dissemos anteriormente, como propósito da vida segundo Paulo.
No cristianismo tradicional, a salvação é entendida como a libertação do pecado e suas consequências. A salvação culmina na promessa de vida eterna com Deus, onde os crentes serão ressuscitados e viverão em comunhão com Ele para sempre.
Na Doutrina Espírita a salvação se dá através de um processo contínuo de evolução moral e espiritual, onde há também libertação dos erros e das transgressões às Leis Universais. Assim podemos afirmar que salvação tem o mesmo sentido de remissão dos pecados ou recomposição consciencial. No Espiritismo a salvação é um processo contínuo que culmina na redenção e na perfeição do espírito.
1 – Justificação pela fé: Paulo argumenta que a salvação é alcançada pela fé em Jesus Cristo, e não pelas obras da lei. Este princípio é central em suas cartas, especialmente em Romanos e Gálatas.
No cristianismo tradicional justificação tem o mesmo significado de salvação. No Espiritismo podemos dizer que justificação é o ato de tornar-se justo, ou, o que tem o mesmo sentido, ajustar-se à Lei de Deus.
    1. Romanos 3:28: “Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé, independentemente das obras da lei.”
    2. Gálatas 2:16: “Sabemos que ninguém é justificado pela prática da lei, mas mediante a fé em Jesus Cristo.”
O que podemos entender sobre ser justificado pela fé e não pelas obras da lei?
Em primeiro lugar temos que entender o que Paulo entende por fé. A inspiração do Apóstolo dos gentios é o texto de Habacuque: “…o justo viverá por sua fidelidade(Habacuque, 2: 4).
Portanto, para Paulo fé é fidelidade a Deus e ao Seu Messias (Jesus). É preciso ser fiel aos ensinamentos de Jesus exarados no Evangelho, isto é fé, e segundo ele, e a Doutrina Espírita concorda, a justificação vem através desta fidelidade. Por obras da lei devemos entender as obras ligadas aos preceitos religiosos que eram tão comuns no judaísmo àquele tempo, e ainda hoje é nas igrejas católicas e protestantes.
2 – A graça de Deus: Paulo enfatiza que a salvação é um dom gratuito de Deus, oferecido a todos os que têm fé em Jesus Cristo.
No espiritismo, a graça é entendida como a manifestação do amor e da misericórdia divina, que se expressa através da assistência espiritual e do amparo aos espíritos encarnados e desencarnados. Allan Kardec, o codificador do espiritismo, não usa o termo “graça” com frequência, mas os princípios espiritistas refletem a ideia de uma benevolência divina que guia e auxilia os espíritos em sua jornada evolutiva.
Todavia, é preciso compreender que a graça não é de graça. Paulo enfatiza que a graça é um dom gratuito de Deus, mas também destaca a importância da fé como meio de receber essa graça. A fé, segundo Paulo, não é apenas uma crença passiva conforme já dissemos, mas envolve uma fidelidade ativa aos ensinamentos de Jesus, o que implica um compromisso moral e espiritual.
Podemos concluir que a fé é dinâmica e se manifesta através de ações que refletem a fidelidade aos ensinamentos de Cristo. Portanto, enquanto se a graça é um presente de Deus, a fé que a recebe envolve um compromisso ativo e transformador na vida daquele que crê.
    1. Efésios 2:8-9: “Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus; não por obras, para que ninguém se glorie.”
    2. Tito 2:11: “Porque a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens.”
A estas “obras” citadas no versículo já nos referimos como obras da lei, obras do dogmatismo religioso. Podemos ainda dizer que nem mesmo a lei de causa e efeito e nem mesmo a reencarnação salvam, estas são imprescindíveis ao aperfeiçoamento do espírito, mas o que salva mesmo é a fidelidade aos ensinamentos de Jesus. Estes é que nos transformam em Homens de Bem (Kardec) ou Nova Criatura (Paulo).
Por Claudio Fajardo de Castro