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Trabalho Voluntário

A PESSOA QUE FAZ TRABALHO VOLUNTÁRIO

  • “… tem o dom de se doar,… e em algum momento sente-se chamado a desenvolvê-lo…”
  • “… dispõe-se a fazer um trabalho sem interesse de retorno material, apenas espiritual … ou em troca de algo intangível…”
  • “… através da atuação junto à sociedade, sente-se útil…
  • *… doa sua força de trabalho para alguma causa humana, social ou ambiental…”
  • “… tem um conceito mais estruturado do papel do indivíduo na sociedade … pensa e age de maneira coletivas..”
  • “… coloca-se à disposição … contribui… oferece-se sem pensar em retribuição… de livre e espontânea vontade…”
  • “… valoriza a satisfação pessoal de ter colaborado para tornar os outros mais felizes…”

Segundo definição das Nações Unidas, “o voluntário é o jovem ou o adulto que, devido a seu interesse pessoal e ao seu espírito cívico, dedica parte de seu tempo, sem remuneração alguma, a diversas formas de atividades, organizadas ou não, de bem estar social, ou outros campos…”

Em recente estudo realizado na Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança, definiu-se o voluntário como ator social e agente de transformação, que presta serviços não remunerados em benefício da comunidade; doando seu tempo e conhecimentos, realiza um trabalho gerado pela energia de seu impulso solidário, atendendo tanto às necessidades do próximo ou aos imperativos de uma causa, como às suas próprias motivações pessoais, sejam estas de caráter religioso, cultural, filosófico, político, emocional.

Quando nos referimos ao voluntário contemporâneo, engajado, participante e consciente, diferenciamos também o seu grau de comprometimento: ações mais permanentes, que implicam em maiores compromissos, requerem um determinado tipo de voluntário, e podem levá-lo inclusive a uma “profissionalização voluntária”; existem também ações pontuais, esporádicas, que mobilizam outro perfil de indivíduos.

Ao analisar os motivos que mobilizam em direção ao trabalho voluntário, (descritos com maiores detalhes a seguir), descobrem-se, entre outros, dois componentes fundamentais: o de cunho pessoal, a doação de tempo e esforço como resposta a uma inquietação interior que é levada à prática, e o social, a tomada de consciência dos problemas ao se enfrentar com a realidade, o que leva à luta por um ideal ou ao comprometimento com uma causa.

Altruísmo e solidariedade são valores morais socialmente constituídos, vistos como virtudes do indivíduo. Do ponto de vista religioso acredita-se que a prática do bem salva a alma; numa perspectiva social e política, pressupõe-se que a prática de tais valores zelará pela manutenção da ordem social e pelo progresso do homem. A caridade (forte herança cultural e religiosa), reforçada pelo ideal, as crenças, os sistemas de’valores, e o compromisso com determinadas causas, são componentes vitais do engajamento.

Não se deve esquecer, contudo, o potencial transformador que essas atitudes representam para o crescimento interior do próprio indivíduo.

MOTIVAÇÕES PARA A AÇÃO

Uma das razões freqüentemente apontadas para o engajamento em trabalhos voluntários é que nas atividades diárias não existem muitos desafios nem realizações, nem liberdade de ação suficiente, e nas empresas em geral não existe uma missão, apenas conveniência.

Também é comum que as pessoas realizem alguma atividade “socialmente útil”, como forma de retribuir à sociedade todo o conhecimento e experiências adquiridas ao longo da vida, ou apenas para ter uma ocupação do seu tempo livre, às vezes produto inclusive da situação de desemprego. Outro forte motivo alegado é a necessidade interior de fazer o bem, uma satisfação íntima pelo prazer de servir, estar bem consigo mesmo beneficiando o outro, dando de si, sem esperar nada em troca.

Verificam-se certas mudanças nos padrões do voluntariado nos últimos anos. As pessoas estão mais interessadas em se envolver em mais de uma causa, oferecendo seu trabalho voluntário em diferentes atividades. Também atuam mais na defesa dos direitos (advocacy) e no ativismo político. Enquanto ainda desejam se envolver com atividades de serviço, também desejam fazer diferença através de petições, abaixo-assinados, influência nas políticas públicas, e outras formas ativas de participação cívica. É necessário considerar a crescente noção de cidadania e de defesa de direitos humanos e sociais presente na sociedade atual.

O principal diferencial das práticas filantrópicas atuais com relação ao passado reside no fato de que sua população clientela não é mais concebida como sujeitos dependentes e tutelados. Os cidadãos engajam-se em atividades voluntárias não apenas para exercitar a caridade, mas para exercer suas cidadanias na defesa dos seus direitos e os dos outros.

Segundo documentação dos pesquisadores, o trabalho voluntário pode melhorar a auto-imagem, promover um sentimento de realização e competência e agir como um antídoto para o stress e a depressão. De fato, alguns estudos mostram que os voluntários tendem a ser mais saudáveis e felizes e viver mais que aqueles que não o são. Na realidade brasileira, segundo dados recolhidos na prática, voluntários de camadas socioeconômicas baixas, com problemas de inserção social, rejeição, falta de raízes devido às constantes migrações, encontram no trabalho voluntário um forte componente para conformarem sua identidade, aumentarem sua autoestima, e se sentirem valorizados no meio social em que atuam.

O TERCEIRO SETOR

O Terceiro Setor, espaço privilegiado para a ação voluntária, cumpre basicamente as seguintes funções:

  • Iniciar novas idéias e processos.- o ambiente é propício para a inovação. A cada momento surgem idéias sobre como fazer as coisas de modo diferente, e se possível, melhor do que antes, inovando-se em áreas onde os órgãos públicos carecem de conhecimento ou temem se aventurar.
  • Influenciar políticas públicas: organizações voluntárias podem testar novas idéias, iniciar serviços controvertidos em seus estágios iniciais, e podem exercer influência direta na formatação e promoção de políticas públicas.
  • Apoiar minorias ou interesses locais: podem experimentar novas idéias com menos precaução que os governos, podem apoiar causas e interesses que seriam rejeitados por preconceitos ou interesses prioritários das maiorias.
  • Promover parcerias: Com freqüência as organizações voluntárias estimulam e coordenam atividades nas quais tanto o governo como a empresa privada interagem em prol do bem público.
  • Ajudar outros países: as organizações voluntárias oferecem ajuda em situações onde o auxílio dos governos seria politicamente inaceitável.
  • Promover a cidadania participativa e o altruísmo.- uma das mais importantes contribuições das organizações voluntárias, além do que fazem pelos seus beneficiários, é a transformação pessoal dos seus participantes voluntários.

SENTIDO COMUNITÁRIO

Na história européia, a filantropia e a caridade eram predominantemente virtudes privadas. Eram noções perpétuas, imutáveis, até certo ponto rígidas.

Já que era mais virtuoso dar do que receber, o valor da caridade provinha mais dos motivos do próprio doador do que dos efeitos da sua ação.

Nos Estados Unidos, o espírito filantrópico desenvolveu-se, mudou, floresceu e se institucionalizou de uma maneira peculiar. A nota dominante era a preocupação com a comunidade. Os propósitos da filantropia eram o enriquecimento da qualidade de vida das comunidades. O foco mudou do doador para o receptor, da salvação das almas para a resolução de problemas, da consciência individual para as questões comunitárias.

Através da participação dos seus membros, esperava-se que a comunidade gerasse seus próprios benefícios, hoje em dia sendo vista cada vez menos como o alvo da generosidade do doador e cada vez mais como uma parte integrante do capital social.

No Brasil não existe uma forte tradição comunitária. Talvez se explique historicamente pelo fato de os colonizadores aqui apartarem movidos por interesses individuais, pela ânsia do lucro rápido, para extrair as riquezas do Novo Mundo com o único objetivo de enriquecer a metrópole.

IMPACTO DO SETOR VOLUNTÁRIO

O setor voluntário joga um papel integrador, reunindo indivíduos, grupos, instituições e inclusive países que em outros contextos poderiam estar em conflito ou competição entre si. Assim como produz novas idéias sobre comportamento social, o setor é ativo também na preservação de antigas tradições e valores da cultura.

Através da participação em atividades voluntárias, as pessoas encontram espaço para seu crescimento pessoal, para a “auto-atualização” segundo termo cunhado por Maslow. O processo de se informarem, de aprimorarem seu espírito crítico, leva-os à conscientização dos problemas. Para muitos, a ação voluntária permite a utilização de talentos, habilidades e potenciais não aproveitados no seu dia a dia profissional.

Por último, os voluntários representam um recurso latente de participação para causas ou ações de que a sociedade como um todo venha a precisar em situações de emergência, constituindo-se num enorme reservatório de energia em potencial que pode ser mobilizada em prol do bem comum.

O papel tradicional do indivíduo voluntário prestando serviços de assistência continuará corno uma importante contribuição e uma saída para o compromisso pessoal. Este papel, porém, deve ser continuamente submetido à análise e redefinição para passar nos testes de relevância e prioridade.

INFLUÊNCIAS CULTURAIS E RELIGIOSAS

Quase todas as religiões, mesmo as mais novas, compartilham os ensinamentos de Jesus, Moisés, Alá e Buda, expressas na Bíblia, no Velho Testamento, no Alcorão, nos Dez Mandamentos, na Torah. E todas elas consideram a caridade como a maior das virtudes.

Na tradição judaico-cristã, a caridade era diretamente relacionada com o alívio das necessidades dos pobres, famintos, doentes (tradição do Bom Samaritano). Já entre os gregos e romanos, o objeto da doação não eram os indivíduos necessitados, mas o público em geral, a cidade.

A intenção não era tanto aliviar o sofrimento, como enriquecer a qualidade de vida. Este conceito grego, mais amplo, está mais intimamente relacionado com a idéia atual de instituição filantrópica.

Embora as pessoas tenham se reunido para propósitos assistenciais e solidários desde o começo dos tempos, as modernas formas associativas do esforço voluntário foram muito estimuladas pela Reforma, e seu movimento pela liberdade de associação, incentivado pela urbanização da sociedade durante a revolução industrial, e expandiram-se rapidamente no século XX. Estas organizações foram criadas e muitas existem até hoje para preencher grande variedade de propósitos, das necessidades individuais dos seus membros a serviços mais amplos para as comunidades.

Em pesquisa recente no Brasil, Emerson Giumbelli afirma que mesmo com suas divergências, espiritismo e catolicismo são semelhantes quanto ao significado da caridade: a salvação está relacionada ao “outro”, e este pode ser o “pobre”, o “necessitado” ou o “desvalido…” Mais do que um valor, a caridade é um mandamento, que mobiliza recursos pessoais (voluntários) e financeiros (contribuições) para ações filantrópicas, seja em instituições específicas ou nos diversos centros espíritas. A maioria das instituições espíritas se declaram com fins assistenciais (71%), o que demonstra que a motivação religiosa e a atividade assistencial estão articuladas, a última não existindo desvinculada da primeira. É porque a caridade faz parte da doutrina espírita que a filantropia adquire sentido.

Tanto a militância pelas causas sociais como o voluntariado partem de uma emoção, entre elas a indignação, ou a compaixão. O importante ponto em comum é que ambos se transformam a si mesmos, e assim, em conjunto, os indivíduos, as comunidades, e o país caminham em direção à confiança e à solidariedade.

É lícito pensar em “politizar a ação voluntária” no sentido de não perder de vista as causas reais dos problemas, possibilitando que o voluntário se transforme e transforme seu entorno, sentindo-se co-responsável pelas soluções a médio e longo prazo.

Pressente-se um esgotamento dos antigos modelos de voluntariado, ou seja, da simples ação apenas pela boa vontade, e do trabalho somente por motivos pessoais. O trabalho voluntário enquanto exercício de cidadania deve não só procurar a defesa de direitos, mas também assumir cada vez maiores responsabilidades.

VALORIZAÇÃO E PRECONCEITOS

Existem na sociedade certos preconceitos, ao se ver o voluntariado não como um trabalho senão apenas como um passatempo. Também é comum se associar o perfil do voluntário ao de senhoras desocupadas e sem especialização; às vezes, os voluntários são alvo da desconfiança dos funcionários contratados das instituições, que se sentem ameaçados em seus postos de trabalho.

Por outro lado, algumas causas sensibilizam mais a sociedade em geral, especialmente a criança doente ou deficiente, e os voluntários que se dedicam a este segmento contam com grande valorização e prestígio social pela sua escolha, dependendo do tipo de instituição ou do tamanho do projeto.

VOLUNTÁRIOS “PROFISSIONAIS”

Muitas organizações sem fins lucrativos ainda dizem: “Nós não remuneramos os voluntários, portanto não podemos exigir nada deles…” Hoje se faz necessária uma mudança de atitude: “Os voluntários precisam obter muito mais satisfação de suas realizações, exatamente porque não recebem nenhuma remuneração…” A constante transformação do voluntário, de amador bem-intencionado a membro não remunerado da equipe, profissional e treinado, é o progresso mais significativo no setor sem fins lucrativos.

A priori, as pessoas não são “voluntárias em si.. “ A instituição que as acolhe tem que transformá-las em voluntários, aprimorando e desenvolvendo seu impulso solidário para transformá-lo em compromisso. É fundamental considerar o bem-estar do voluntário, sua gratificação, satisfação, felicidade e prazer ao realizar o trabalho solicitado, assim como o potencial de desenvolvimento pessoal (profissional e emocional), e sobretudo, as motivações que o levaram até a instituição.

Na relação entidades/voluntários, o espaço para a ação tem que ser um sistema motivador. Deve existir uma política definida, conceito e objetivos claros sobre o trabalho voluntário; objetivos específicos: resultados e metas claramente definidos para o trabalho voluntário; sistemas de capacitação, aperfeiçoamento, avaliação, e motivação constantes; e um sistema de informação, com indicadores de resultado, para dar retorno da ação, como uma espécie de prestação de contas dos resultados atingidos pelo esforço comum. A maior frustração de um voluntário é a falta de organização da entidade.

Ao estudar programas voluntários, uma conclusão inevitável é que eles requerem um certo nível de suporte financeiro, especialmente para garantir a contratação de um diretor ou coordenador. Conforme o depoimento de muitas instituições ouvidas, é recomendável que o gerenciamento do corpo de voluntários esteja em mãos de um profissional remunerado, funcionário efetivo da instituição, para garantir a continuidade dos planos, e evitar sucessivas mudanças de rumo na política do corpo de voluntários.

A chegada dos voluntários nas instituições deve ser preparada cuidadosamente: é preciso perceber que as instituições possuem uma história, uma cultura, uma dinâmica e uma equipe que já está desenvolvendo um trabalho, o que a iniciativa da inserção do voluntário vem se somar às presentes e não procura negar o já realizado.

Mas quais são as necessidades deste pessoal não remunerado? Que razões eles têm para permanecer na instituição? Sua primeira e mais importante exigência é que a organização tenha uma missão clara, que dirija todas suas atitudes. A segunda é treinamento. Uma das maneiras mais eficazes para motivar e manter os voluntários veteranos é reconhecer sua competência utilizando-os como agentes para treinar os recém-chegados.

Por seu lado, as pessoas devem gostar do trabalho voluntário que realizam e devem ser seletivas, aceitando aqueles que melhor se encaixem nas suas habilidades e preferências. Devem se comprometer apenas com o tempo de que realmente dispõem para executar as tarefas, e não assumir responsabilidades que não poderão cumprir.

Os voluntários se afastam da instituição quando a prática do grupo não satisfaz suas necessidades e expectativas. Para obter os melhores esforços de uma pessoa na equipe, ela precisa:

  • saber o que se espera dela
  • sentir que pertence à organização
  • sentir que honestamente se precisa dela
  • poder partilhar o planejamento das metas do grupo em clima de liberdade
  • sentir que é possível alcançar os objetivos e que os mesmos têm sentido para ela
  • ter delegação de responsabilidades que desafiem suas habilidades.

Não menos importante é o fato de que o trabalho voluntário deve ser fácil para o indivíduo, o que deve priorizar a escolha por ações próximas de sua residência, para tornar acessível o seu desempenho, fator relevante, por exemplo, no recrutamento de voluntários da terceira idade.

Outrossim, a entidade deve considerar pelo menos uma ajuda de custo para cobrir despesas de material, transporte, alimentação ou outras, originadas pelo seu trabalho, e mais especialmente para voluntários de baixa renda, que não têm possibilidades de contribuição financeira.

Até onde sabemos, parece mais fácil perder um voluntário do que ganhar outro. Portanto, uma estratégia de estímulo será sem dúvida profissionalizar esta ação não remunerada dentro da instituição. Se as ONGs quiserem atrair e manter seus voluntários, terão que utilizar a competência e os conhecimentos que eles aportam.

Precisarão lhes oferecer realizações com um propósito. Profissionalizar o setor requer uma missão clara, aprendizado e ensino contínuos, gerência por objetivos e auto-avaliação, alto nível de exigência mas a correspondente liberdade de ação e responsabilidade pelo desempenho e pelos resultados.

VOLUNTARIADO NO BRASIL

O trabalho voluntário, as ações voluntárias e a concepção de voluntário não são temas com forte tradição de estudos ou mesmo debates na sociedade brasileira. Historicamente este tipo de trabalho esteve vinculado à atuação de damas caridosas da sociedade, essencialmente tratando-se de um trabalho feminino. Só recentemente, nas últimas décadas, em decorrência da luta por direitos humanos, civis e sociais é que este trabalho começou a ser visto, em algumas esferas da sociedade civil, como possibilidade de ação cívica, bem como de ação voltada para o bem alheio (ou público).

A ação voluntária pode ser apenas uma ajuda informal (ao vizinho, ao colega), um esforço no sentido de consolidar o espírito comunitário, uma ajuda formal, através dos serviços sociais organizados, e/ou uma oportunidade para mudanças sociais. No Brasil de hoje, em maior ou menor grau, estão presentes as quatro vertentes, com certa predominância da terceira. Organizações tradicionais, especialmente as ligadas a movimentos religiosos e variadas instituições da área da saúde, vêm realizando desde há décadas importantes contribuições no aproveitamento do trabalho voluntário.

Na década de 90, o surgimento da Ação da Cidadania contra a Miséria e pela Vida, constituiu-se em fato de extrema relevância para revitalizar uma consciência adormecida na sociedade brasileira: a solidariedade, traduzida em esforço voluntário.

A proposta da Ação pela Cidadania foi deixar de esperar por ações estruturais que não estariam ao alcance do cidadão, mas estimular o gesto imediato, o alimento para quem tem fome, partindo para ações emergenciais como um primeiro passo. A partir deste movimento, muitos outros surgiram com a mesma proposta: fazer com que a sociedade tome iniciativas imediatas para resolver os seus problemas e, ao mesmo tempo, pressione o Estado para que ele cumpra seu papel de formular políticas públicas.

PROGRAMA DE ESTÍMULO AO VOLUNTARIADO NO BRASIL

O Programa de Estímulo ao Voluntariado ora apresentado tem como objetivo geral promover o conceito e a prática da cidadania no país pela participação consciente, solidária e comprometida dos indivíduos em ações voluntárias, oferecendo canais organizados para a ação.

Seus objetivos específicos são: valorizar a imagem do voluntário, aumentar o número de indivíduos e ações voluntárias, qualificar os agentes voluntários, e produzir e socializar informações.

As duas grandes linhas estratégicas propostas contemplam inicialmente a criação de uma rede de Núcleos de Voluntários, em grandes cidades de várias regiões do país, e uma ampla campanha de marketing e comunicação, embasadas em sólidas parcerias entre os diversos atores.

Entre as atividades que estes Núcleos realizariam, destacam-se:

  • o reconhecimento, a valorização e a difusão das ações voluntárias já existentes;
  • a promoção do valor social do trabalho voluntário;
  • a conscientização, mobilização e engajamento de novos voluntários;
  • a organização da oferta e da demanda;
  • a capacitação das entidades para o gerenciamento dos voluntários;
  • a capacitação de voluntários em habilidades específicas;
  • a realização de pesquisas sobre a realidade atual do esforço voluntário e a publicação dos resultados das ações já existentes;
  • a publicação e distribuição de Manuais de Orientação gerais e específicos.

Sugerimos que estes Núcleos promovam programas de capacitação, para aumentar o conhecimento e as habilidades das organizações sobre o recrutamento e o gerenciamento dos voluntários, e focalizem suas ações em seis áreas prioritárias: a situação da infância, a pobreza, a saúde, a educação, o meio-ambiente e situações extraordinárias (por exemplo, prevenção de desastres naturais, preparação para Olimpíadas e outros).

Os Conselhos de cada Núcleo seriam formados por dirigentes locais de organizações que já trabalham com voluntários, considerando as especificidades de cada um, para compor um corpo diretivo com “expertise” em diversas áreas temáticas, assim como em técnicas de recrutamento, seleção, treinamento, gerenciamento e reconhecimento de voluntários.

DETALHAMENTO DAS ÁREAS DE RESPONSABILIDADE DOS NÚCLEOS

  1. informação e comunicação: · pesquisa, cadastro/catálogo de oferta e demanda, banco de dados, produção de material de apoio, distribuição, divulgação, socialização de experiências bem sucedidas, insucessos e suas causas, diversas mídias.
  2. ação política:
    • articulação entre as organizações, intercâmbio de experiências;
    • parcerias entre diversos atores (Estado, Empresa Privada, Sociedade Civil); fortalecimento dos mecanismos democráticos de participação (Conselhos, Fóruns); aspectos legais do trabalho voluntário, legislação trabalhista, estatutos, regulamentações, cumprimento das leis existentes;
    • propostas de políticas públicas eficazes em relação ao desenvolvimento e seguridade sociais; exigência de sua existência e de seu cumprimento;
  3. marketing; mobilização, incentivo e reconhecimento:
    • promoção de mudança da imagem do trabalho voluntário freqüentemente visto ainda sob o viés do antigo ranço assistencialista e como um simples passatempo, amador e desvalorizado.
    • estratégias gerais de incentivo ao protagonismo social, fomentando a construção da cidadania pela participação e ampliando a visão de comunidade;
    • reconhecimento público do valor do trabalho voluntário
  4. acolhida, seleção, encaminhamento, orientação:
    • processo de acolhimento dos interessados em voluntariar que não sabem a quem se dirigir:
    • “triagem” na recepção, avaliação de suas capacidades, habilidades, e potencialidades, encaminhamento seletivo de acordo com a demanda, orientação.
  5. capacitação:
    • capacitação dos dirigentes de instituições e dos formadores de voluntários;
    • identificação e desenvolvimento das lideranças comunitárias;
    • capacitação dos voluntários em conteúdos gerais, no seu papel de protagonista social, na formação de atitudes e da sua mentalidade; na sua postura, compromisso, responsabilidade, incluindo a transcendência, trabalhando suas motivações, limitações, frustrações;
    • conhecimento, compilação e divulgação de treinamentos especializados nas áreas de saúde, educação e outras, para articulação entre entidades da área.
  6. avaliação:
    • processo de avaliação contínua da ação voluntária no país.

MODELO DE FUNCIONAMENTO DOS NÚCLEOS

Os Núcleos de Voluntários, para cumprir com a sua missão de incentivar, promover e organizar o trabalho voluntário no país, deverão desempenhar as seguintes funções:

  1. nas relações com os voluntários
    • acolhida, recepção, informações
    • organização da oferta e da demanda (cadastro, banco de dados)
  2. nas relações com as entidades, orientação para:
    • recrutamento, seleção, encaminhamento, orientação, desligamento
    • gerenciamento dos voluntários
    • treinamento
    • descrição das tarefas
    • acompanhamento, supervisão
    • avaliação
    • motivação, estímulo e reconhecimento
    • treinamento dos funcionários, relações com os voluntários
    • aspectos legais, estatuto das instituições, relações de trabalho
    • encontros e intercâmbios, seminários de formação
  3. nas relações gerais com a sociedade
    • planejamento comunitário
    • desenvolvimento de programas preventivos e com uma atitude pró-ativa na resolução dos problemas
    • parcerias com todos os potenciais agentes de mudança social
    • ênfase no desenvolvimento de programas de trabalho voluntário corporativo ou empresarial
  4. na produção de conhecimento
    • pesquisa, estatísticas, tendências
    • banco de dados sobre ações voluntárias
    • sistematização das experiências
    • organização e socialização de bibliografia
  5. na disseminação e divulgação
    • comunicação: diversas mídias
    • publicações; manuais específicos
    • encontros, conferências e seminários públicos
  6. nas relações interinstitucionais
    • participação nos Fóruns sobre trabalho voluntário
    • participação nas entidades associativas internacionais
    • intercâmbio de experiências, conferências nacionais e internacionais

DETALHAMENTO DO PROGRAMA DE CAPACITAÇÃO

  1. Liderança: desenvolvimento de habilidades de liderança dos dirigentes dos Núcleos, dos membros de seus Conselhos, da equipe técnica. Deverão se capacitar para inspirar confiança e demonstrar credibilidade e excelência na sua ação, e deverão poder treinar outros líderes comunitários.
  2. Cooperação e colaboração entre os Núcleos: estabelecimento da rede, Capacitar para que sejam catalisadores e mobilizadores de voluntários sobre problemas específicos enfrentados pelas suas comunidades. vês da organização e sistematização sensibilização, e torná-los perenes, atrás deste enorme potencial voluntário no Brasil-
  3. Sistema de qualidade do modelo: permitir que os Núcleos tenham acesso a informações atualizadas sobre as melhorias práticas. Treinar para recolher, sistematizar e disponibilizar informações.
  4. Planejamento financeiro: auxiliar os Núcleos a encontrar equilíbrio financeiro e estabilidade, treinando líderes e Conselhos para se engajarem em planejamentos financeiros de longo alcance, para identificar e aceder a fontes apropriadas de financiamento.
  5. Marketing: treinar os Núcleos para obter visibilidade e posicionamento dentro de suas comunidade, para assumir um papel protagônico na mobilização de voluntários e na resolução dos problemas da comunidade.
  6. Avaliação de impacto: desenvolver entre os Núcleos a capacidade de determinar o sucesso reduzindo os problemas comunitários.
  7. Tecnologia: treinar as equipes dos Núcleos para poder avaliar e utilizar tecnologia apropriada, para melhorar todos os aspectos do funcionamento.
  8. Treinar multiplicadores: capacitar multiplicadores para proporcionar maior alcance da ação, melhor construção e desenvolvimento de habilidades da equipe e dos voluntários.

MARKETING SOCIAL E ESTRATÉGIA GERAL DE COMUNICAÇÃO

Na sociedade atual, o ser humano recebe milhares de mensagens diferentes por dia, em diversos meios e formatos. Para que uma mensagem obtenha destaque na mente de uma pessoa e seja assimilada em detrimento de todas as outras, é necessária a confluência de vários fatores: predisposição do indivíduo, adequação da linguagem, do momento, do canal, etc.

Os problemas sociais quase sempre pedem uma mudança, seja da sociedade como um todo ou de um grupo específico. O desafio e o objetivo específico do marketing social é planejar e gerar esta mudança social.

A maior parte da população sabe da existência dos problemas sociais. Eles estão estampados nos jornais e noticiários de TV e rádio, que exercem relativamente bem seu papel de denúncia, e também no cotidiano, nas esquinas das ruas, no ar que se respira, basta olhar o ambiente que nos cerca.

Mas o que a maioria das pessoas não sabe é da existência dos canais para participar efetivamente do processo de mudança e melhoria da qualidade de vida da comunidade. Ou não foram atingidos por campanhas que contivessem o argumento adequado para romper a inércia e engajá-los na luta por urna causa social.

Campanhas de cunho social existem há tempos, mas seu retorno não é facilmente rnensurável, e alguns exemplos indicaram que os resultados ficam aquém do esperado. Após as campanhas publicitárias da Ação pela Cidadania, que contaram com a força da imagem singular do Betinho, e amplo apoio dos meios de comunicação para sua divulgação maciça, o nível de consciência em geral da população mudou; perdeu-se a vergonha de falar sobre o sonho de um país melhor.

Durante os três anos e meio da Campanha da Ação Pela Cidadania foram criados, produzidos e veiculados gratuitamente 28 comerciais, 32 anúncios, 11 spots de rádio. Publicitários, fotógrafos, diretores de cinema, cenógrafos, produtores de elenco, maquinistas, eletricistas, locutores, produtoras, agências de propaganda e praticamente toda a mídia nacional, prestaram sua solidariedade através do seu trabalho voluntário. Caso as atividades fossem pagas, calcula-se que seriam necessários cerca de 2 milhões de dólares para a produção, mais de 2,5 milhões para remuneração dos artistas participantes, e cerca de 20 milhões de dólares para a sua veiculação nestes três anos.

As mensagens chamavam “todos” a lutar em benefício do “outro”, a responsabilidade de “cada um…” O desafio agora é colher os frutos desta sensibilização, e torná-los perenes, através da organização e sistematização deste enorme potencial voluntário no Brasil.

Em geral, campanhas de arrecadação de recursos sempre dão retorno mais imediato, especialmente quando o canal de participação está bem estruturado (doação a ser cobrada na conta telefônica, por exemplo). Já para engajar indivíduos em trabalho voluntário as ações necessárias são mais complexas, e envolvem o uso de estratégias de comunicação mais dirigidas, orientadas a públicos específicos, num trabalho mais próximo, quase de corpo a corpo, para reforçar o apelo das campanhas massivas.

Para atingir uma efetiva mobilização e engajamento, devemos considerar diferentes públicos alvos:

  • Instituições sem fins lucrativos que já utilizam ou que precisam de trabalho voluntário. Elas seriam as parceiras iniciais e as geradoras de demanda.
  • Empresas que desejem fomentar o espírito voluntário entre seus funcionários e que possam colaborar com recursos humanos e financeiros para a manutenção do Programa.
  • Todas as pessoas com predisposição ao trabalho voluntário; aqueles que “querem fazer algo mas não sabem como… “
  • Governos, pela imprescindível articulação com as políticas públicas.
  • Imprensa, pelo seu papel difusor.
  • Agências de comunicação, promovendo a produção das diversas peças.
  • Veículos de comunicação, fornecendo espaços gratuitos.

Neste Programa o “produto” a ser colocado no mercado são idéias e comportamentos. O comportamento é resultado da conscientização e da internalização de atitudes e valores sobre a importância do voluntariado. Uma campanha de mobilização em direção ao trabalho voluntário deve ter duas fases iniciais: a conscientização sobre o que é ser voluntário (valorização do conceito), e a geração de fluxo de candidatos para os Núcleos (incentivar a disponibilidade de fazer).

Em síntese, uma estratégia geral de Comunicação deve despertar a consciência e a participação de indivíduos, mostrando que eles podem ser agentes de transformação, quebrando a estrutura de cegueira e indiferença. Ela teria os seguintes objetivos específicos:

  • Relançar o conceito de Voluntário. Criar uma identidade, mudar a imagem de 1 produto antigo e desgastado. Valorizá-la, enfatizando o exercício da cidadania pela participação.
  • Propor ferramentas concretas de ação. Remetendo à informação e treinamento disponíveis nos Núcleos de Voluntários.
  • Atrair e mobilizar participantes.
  • Informar resultados, prestar contas para reforçar a credibilidade. Este cuidado colabora para diminuir a desconfiança e o medo da corrupção.
  • Levar a uma mobilização do meio político, através da pressão da opinião pública, para que soluções estruturais venham a ser adotadas, objetivando mudanças.

MOTIVAÇÃO PARA A AÇÃO: A NECESSIDADE E A POSSIBILIDADE CONCRETA DE FAZER O BEM, AOS OUTROS E A ELAS MESMAS. A CHANCE REAL DE ROMPER COM A INÉRCIA.

ESTRATÉGIAs ESPECÍFICAS DE ESTÍMULO Ao TRABALHO VOLUNTÁRIO

Para promover um efetivo engajamento, as estratégias são múltiplas e diferenciadas, dirigidas tanto ao público que já desenvolve alguma ação, como aos indivíduos voluntários em potencial; também precisam ser considerados como públicos alvos as próprias organizações que utilizam este tipo de serviço, sejam governamentais ou do Terceiro Setor, e os fornecedores de serviços (comunicação, veiculação, criação gráfica, impressão, distribuição, etc.).

Não se deve esquecer que líderes atuantes na comunidade, formadores de opinião, empresários sensíveis à problemática social, são importantes alvos a atingir para contribuir com sua experiência profissional na composição dos Conselhos das organizações e dar assim maior impulso, credibilidade e visibilidade às ações.

As estratégias de estímulo ao engajamento voluntário da sociedade não necessariamente devem ser orientadas apenas por faixa etária, mas ligadas às habilidades, talentos e interesses das pessoas, porque muitas ações podem ser igualmente desempenhadas por jovens, adultos e idosos. Podem ser considerados também outros grupos segundo diferentes critérios: profissionais liberais ativos, que podem doar horas de trabalho; profissionais aposentados, que podem ensinar seu ofício; funcionários de empresas, e outros.

Também é muito importante que as instituições informem claramente ao voluntário em potencial quais os objetivos do trabalho, a curto, médio e longo prazo. Os objetivos quantitativos, as metas a atingir, devem ser bem explícitos, e a gerência orientada para os resultados; os objetivos qualitativos devem contar com um minucioso plano de avaliação do impacto, sem descuidar dos objetivos para o desenvolvimento pessoal e profissional dos próprios voluntários.

Desta maneira, os candidatos sentem-se participantes de um processo bem planejado, bem controlado e que lhe fornece medidas concretas do alcance de sua ação, e do seu próprio crescimento.

Ao implantar estratégias específicas, deve existir previamente uma demanda clara e definida e, sempre que possível, devem se basear em pesquisas prévias.

Diversos grupos de público de voluntários:

  • crianças (escoteiros, bandeirantes, alunos de 12 grau, etc.)
  • jovens (estudantes de escolas, colégios, universidades; jovens da comunidade, membros de clubes e associações religiosas, culturais, de serviço)
  • idosos, terceira idade em geral
  • adultos, sociedade em geral (indivíduos, sindicatos, clubes, associações)
  • profissionais aposentados
  • profissionais liberais e/ou autônomos
  • profissionais ativos, funcionários de empresas e suas famílias – pessoas que estiveram doentes, ou sofreram emocionalmente por diversos motivos, ou que foram dependentes de tóxicos, etc.(para grupos de auto-ajuda).

Diversos grupos de público beneficiário:

  • crianças e adolescentes (de rua, institucionalizadas, da comunidade; de diversas classes sociais, com diversos tipos de necessidades: dificuldades de aprendizagem, problemas de saúde, e outros; jovens em situação de risco: “pré-delinquentes”, prostituídos/as)
  • idosos (asilos, casas de repouso, nas famílias da comunidade)
  • população com carências, em geral (habitação, alimentos, serviços de saúde)
  • doentes, deficientes, dependentes (pacientes e seus familiares)
  • vítimas de desastres e catástrofes naturais
  • meio ambiente, ecossistema
  • artes, cultura: museus, orquestras, acervos, monumentos, manifestações de arte popular, diferentes etnias, etc.

Diversos tipos de ação:

  • ajuda emergencial ou em situações extraordinárias (desastres: primeiros socorros, abrigos, alimentos, roupas, mutirão para reconstrução de casas danificadas; preparação para grandes eventos nacionais, como Olimpíadas, etc.)
  • ajuda assistencial, (arrecadação e distribuição de alimentos, agasalhos, captação de recursos materiais e financeiros, serviços de atendimento em saúde e educação, etc.)
  • campanhas pontuais de doações diversas: remédios, equipamentos, dinheiro
  • companhia, lazer, recreação: visitas e passeios com crianças, idosos ou doentes
  • aconselhamento de jovens: estudo, profissões
  • saúde: serviços médicos, psicológicos, de enfermagem, nutrição, medicina preventiva, vacinação; pacientes e familiares em hospitais, conforto emocional; grupos de auto-ajuda;
  • educação: de adultos -alfabetização, ofícios-; ajuda a crianças/jovens com problemas de aprendizagem, orientação vocacional e profissional.
  • defesa dos direitos (advocacy), diversas causas
  • capacitação em geral, profissionalização, a jovens e adultos.
  • meio ambiente: reflorestamento, prevenção de desastres ecológicos, denúncias, proteção de animais.

PROTAGONISMO SOCIAL DOS JOVENS

Acreditamos que um programa de voluntariado deve propiciar aos adolescentes e jovens o acesso a práticas em causas ligadas ao bem comum, ao meio ambiente, à preservação de bens culturais, ao resgate de memória histórica, assim como a proporcionar companhia e lazer a outros indivíduos.

Pode se estimular a participação promovendo debates e encontros em escolas e universidades, distribuindo material informativo (folhetos, brochuras, cartazes, fichas para cadastro), e estimular a reflexão sobre o tema através de concursos de textos, artigos e teses sobre voluntariado.

Seguem, apenas a modo de exemplo, alguns tipos de trabalho voluntário que os jovens podem realizar.

Trabalhos de tipo individual, estabelecendo relações pessoais sólidas com o beneficiário:

  • jovens estudantes ajudando crianças com problemas de aprendizagem nas escolas da comunidade, como “tutores…
  • jovens “adotando” uma criança sem pai/ou mãe na comunidade, acompanhando seu desenvolvimento e desempenho escolar. –
  • jovens que superaram problemas de dependência, como drogas, álcool e outros comportamentos auto-destrutívos, auxiliando jovens que estejam enfrentando a mesma situação.
  • jovens que superaram doenças graves, fazendo companhia e aconselhamento a crianças ou jovens na mesma situação.
  • jovens que “adotam um avó”; fazem companhia, oferecem distração e entretenimento, aulas de informática ou leituras para um idoso solitário, na comunidade ou em instituições.

Trabalhos em grupos:

  • Programas de manejo e conservação da natureza em reservas ambientais, programas de limpeza e conservação de parques, praças, jardins e pátios de escolas ou entidades.
  • Diversos tipos de atividades culturais para a comunidade: shows, mostras, exposições, feiras.
  • Acampamentos de trabalho de fins de semana: estudantes universitários selecionando uma comunidade e ajudando na reparação (pintura, telhado, parte elétrica e hidráulica) das casas de habitantes de baixa renda.

VOLUNTÁRIOS DA TERCEIRA IDADE

As pessoas da terceira idade, geralmente já aposentadas, têm mais tempo disponível nesta etapa da vida; também costumam sofrer as conseqüências da solidão, seja por não terem familiares próximos, ou pela falta de oportunidade de convivência assídua com filhos e netos. Por outro lado, numa cultura que sobrevaloriza a juventude, o idoso sente-se discriminado e inútil.

O trabalho voluntário apresenta-se assim como uma grande oportunidade de se manter ativo, física e intelectualmente saudável, motivado e participante. Sua experiência e suas habilidades, quando aproveitadas em programas bem planejados, são de grande valor para a comunidade; não se deve esquecer o valor cultural de transformação que representa a promoção da reinserção do idoso na sociedade, mostrando às crianças e jovens o quanto estas pessoas acumularam de experiência e o quanto podem ainda transmitir.

Os voluntários da terceira idade podem usar seus conhecimentos em atividades que beneficiem rápida e diretamente os outros, por exemplo:

  • Pessoas que levam distração, jazer, cultura, (apresentam fitas de vídeo ou cinema, contam histórias, ensinam artesanato) a crianças doentes internadas em hospitais.
  • Pessoas da terceira idade, saudáveis, que fazem companhia e pequenos reparos domésticos nas residências de idosos doentes, que moram sozinhos ou que não podem se locomover
  • Voluntários que organizam passeios, viagens e programas culturais (aulas de atualização, artesanato, concertos, museus) para pessoas da sua mesma idade e interesses.
  • Pessoas que “adotam um neto”, acompanhando os estudos, ajudando nas lições, proporcionando lazer a uma criança da sua comunidade.
  • Pessoas com experiência nos esportes, que podem organizar e treinar times comunitários, e formar novos treinadores.
  • Professores, aposentados ou não, que gravam fitas de áudio de livros didáticos ou temas científicos para estudantes deficientes visuais: ou que datilografam obras em sistema Braille.

PROFISSIONAIS LIBERAIS: MÉDICOS, ARQUITETOS, ADVOGADOS, PSICÓLOGOS…

Em cada categoria profissional existem aqueles que possuem uma atitude transformadora. Falta às vezes um reforço à vontade e um canal de participação.

Na área da saúde, são inúmeros os casos de experiências no Brasil em que médicos, dentistas, fonoaudiólogos, psicólogos e psiquiatras, oftalmologistas e tantos outros prestam serviços voluntários.

As associações de classe e os Sindicatos, podem se mobilizar para variados programas, de acordo com sua especialidade:

  • seus próprios consultórios ou nas instalações da comunidade) pessoas que não poderiam pagar pelos seus serviços.
  • os arquitetos e engenheiros podem realizar trabalhos de reurbanízação e melhoria de comunidades menos favorecidas, assim como mutirões de reparações e adequações nas casas populares.
  • advogados podem auxiliar uma determinada comunidade ou bairro, ajudando os moradores na obtenção de documentos, no encaminhamento de pequenas causas comerciais, trabalhistas, familiares, de direitos do consumidor
  • contadores e analistas podem ajudar as instituições comunitárias com o planejamento financeiro, análise de orçamento, técnicas de levantamento de fundo.

VOLUNTARIADO EMPRESARIAL: MOTIVANDO OS FUNCIONÁRIOS …

Muitos empresários com sensibilidade social já perceberam que a promoção do voluntariádo entre seus recursos humanos traz grandes benefícios, e nesse sentido estão iniciando programas específicos. Algumas vantagens detectadas na promoção do trabalho voluntário na empresa:

  • é positivo para a comunidade, pois ajuda a diminuir os problemas da mesma.
  • é positivo para os trabalhadores porque eles desenvolvem novas habilidades; têm a oportunidade de experimentar novos papéis ou funções, ao participar de pequenos grupos de discussão e planejamento. Estas novas habilidades de liderança e trabalho em equipe são trazidas para seu exercício profissional dentro da empresa. Também adquirem uma maior consciência sobre a realidade social, o que favorece seu crescimento pessoal.
  • é positivo para a empresa porque: ganham um reforço positivo de imagem; contam com funcionários mais conscientes, mais preparados e mais produtivos (o fato de se sentirem úteis na comunidade pode ser um importante aspecto motivacional) podem ter uma sociedade melhor, ampliar mercados. Podem ser um diferencial nas suas relações no meio empresarial.

Contudo, como grande parte da população, muitas empresas já sensibilizadas gostariam de realizar alguma ação, mas não sabem o que nem como fazer. Existem algumas medidas básicas com que os empresários poderiam promover o trabalho voluntário nos seus quadros:

  • estimular o trabalho voluntário em horários fora do período de trabalho
  • liberando algumas horas mensais do seus funcionários para se dedicarem ao trabalho voluntário (esta tendência, bastante comum nos Estados Unidos, está decrescendo devido aos problemas enfrentados pela economia)
  • criando projetos comunitários para serem implementados voluntariamente por seus funcionários
  • motivando seus funcionários a criarem grupos de trabalho que, identificando problemas da comunidade, busquem soluções, podendo contar com apoio estrutural ou financeiro da empresa.

OUTROS TEMAS PARA ESTUDO E REFLEXÃO

Sugerimos a seguir algumas questões e temas que não foram abordados neste documento, mas que com certeza precisarão ser discutidos em vários setores da sociedade para um melhor entendimento do espírito solidário em nosso país, e do potencial efetivo de trabalho voluntário dos indivíduos:

Marco conceitual

  • A vida no Brasil no Século XX; perspectiva histórica. Concepção atual de cidadania e democracia. Desafios nas escolhas. Avaliação dos papéis das associações voluntárias e da filantropia em nosso país.
  • De que maneira esta herança pode nos ajudar a desenvolver o engajamento social, na escolha pela participação.

O indivíduo na sociedade: motivações que levam a agir em benefício dos outros

  • Por quê as pessoas escolhem (ou não) atuar em benefício de outros?
  • Quais os fatores em nossa sociedade que promovem o desenvolvimento da responsabilidade?
  • O papel da auto-imagem no serviço ao próximo.
  • Razões variadas para ajudar aos outros: altruísmo, reciprocidade, interesse próprio.
  • A importância da legislação para proteção e promoção do trabalho voluntário.
  • Escolhendo participar. Diferentes estratégias e tipos de mudança: dilemas da escolha.
  • Caminhos para participar: locais, nacionais, globais.

Concepções atuais sobre a responsabilidade e a cidadania

  • Noções sobre quem é responsável pelo bem estar da população.
  • Discussão do papel do governo, da iniciativa privada, do Terceiro Setor, da sociedade civil.
  • Cooperação e tensões entre os diferentes setores.
  • O papel das organizações voluntárias, as instituições filantrópicas, as fundações, na resolução de problemas da comunidade.

Participação política hoje; como praticamos a cidadania

  • Por quê participar?
  • O que significa ser um cidadão responsável?
  • Ampliando os conceitos, do interesse individual para toda a comunidade; prevenção, posteridade.
  • Desafios para a participação política em uma sociedade cada vez mais tecnológica; quais os fóruns para discutir soluções possíveis?
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