A Violência da Miséria
Ainda em sobressalto pela violência das ações terroristas, repetidas em menor
escala na Espanha e Israel, e ainda com a marcha e contramarcha das notícias de
guerra, ficamos a pensar onde foi parar a mansidão de um Francisco de Assis, de
um Gandhi, de Uma Madre Teresa de Calcutá e tantos e tantos outros homens e
mulheres que elegeram a vida como trabalho de amor e esperança.
Pensávamos nas vítimas, e o que poderia ter ocorrido dentro dos aviões
lançados sobre as Torres que eram o orgulho de uma cidade. Se os adultos não
podiam entender o que se estava passando, a não ser que iam morrer, imaginem o
que deve ter se passado na cabeça das crianças, ao perceberem que iriam morrer?
Meu Deus, quanta insensatez. Corpos pulverizados. Vidas sacrificadas num ato
brutal para chamar a atenção do mundo. Hoje a televisão nos traz as imagens para
dentro da nossa casa e da nossa consciência. Pouco antes vimos crianças serem
hostilizadas brutalmente a caminho da escola, apenas porque os seus pais
professam uma religião diferente.
Com dor inaudita tomamos conhecimentos de que revolucionários decepam com uma
machadinha, a sangue frio, braços de adolescentes, nas intermináveis guerras
civis da África.
Mas, como foi cruel ver a fotografia de uma criança africana, com uns três
anos de idade, ajoelhada e dobrada para o chão, com o rosto em terra, costelas à
mostra, apesar do inchaço do ventre, e a poucos passos atrás um urubu esperando
a morte completar o seu trabalho, para então devorá-la.
Lamentamos que o quadro seja cruel demais para a sua sensibilidade, caro
ouvinte do Sol Nas Almas, mas a nossa intenção é mesmo a de chocar, pois
digitamos esse texto com os olhos marejados de lágrimas.
As crianças no avião morreram sob uma violência brutal e instantânea. O
pequeno africano, como tantos milhões, nos países pobres do mundo, mas que
compram arma e desenvolvem bombas atômicas, estão morrendo lentamente e os
corvos esperam o banquete de carniça. Morrem por falta de solidariedade de amor.
O deixai vir os pequeninos é apenas uma frase para enfeitar discursos pomposos.
Elas morrem de inanição porque gastamos trilhões de dólares com armas
assassinas. Porque nações desavergonhadas vendem armas para os dois lados em
guerra. Porque nações hipócritas guardam em seus bancos o dinheiro dos ladrões
do mundo inteiro. Porque pessoas corruptas desviam dinheiro público para os seus
cofres, superfaturam obras e exibem seu status nas colunas sociais, enquanto
mais de um bilhão não tem o que comer, para viver um pouco mais.
Lembro aqui palavras do Prof. José Herculano Pires: … Chamar de Cristão o
mundo atual, é blasfemar contra o Cristo e escarnecer do seu Evangelho.
O Espiritismo tem uma grande missão na Terra, o de esclarecer, iluminar,
restabelecer a verdade. O homem precisa saber que não passará por esses caminhos
uma só vez. Voltará para corrigir seus erros.
O Reino de Deus, diz ainda Herculano Pires, está acima da sociedade de
classes, do mundo injusto de ricos e pobres, das competições políticas e
econômicas. O Reino de Deus está dentro de nós, na aspiração divina da justiça e
do amor, que é o próprio reflexo de Deus na consciência humana.
por: Amilcar