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Kardec e Darwin

José Reis Chaves

Kardec e Darwin foram dois grandes cientistas que vieram ao mundo no alvorecer do Século 19. O primeiro, um médico francês e aluno de Pestalozzi, foi o Codificador do Espiritismo, o segundo era um naturalista e fisiologista inglês. Kardec pesquisou a evolução dos espíritos, Darwin, a dos corpos biológicos.

Nós somos espíritos imortais. E o Nazareno disse que nós devemos buscar a perfeição de Deus, o Pai. Nós somos hoje os espíritos dos homens de ontem, inclusive os dos homens das cavernas. E depois de inúmeras reencarnações, chegamos à evolução e perfeição em que nos encontramos atualmente. Se não houvesse evolução e as reencarnações que a possibilitam, seríamos forçados a pensar que Deus foi muito injusto com aqueles espíritos de outrora dos homens da caverna, que só teriam vivido mais como bichos do que como seres humanos propriamente ditos! A evolução é, pois, uma lei natural tão real como o é a da Gravidade, e é até sagrada.

A Igreja, como afirma o sábio francês padre François Brune, acredita na vida após a morte, ou a chamada vida eterna, O livro mas na prática, tem agido como se ela não existisse, pois não a estuda, e é até contrária ao seu estudo. A mesma coisa se pode dizer dos nossos irmãos protestantes. Isso nos faz lembrar do que o Mestre afirmou, ao referir-se aos sacerdotes judeus de sua época: “Não entram no reino dos céus, e não deixam outros entrarem!”. É necessário, pois, que os católicos e protestantes despertem também para o estudo do espírito, e não só do corpo, como vêm fazendo há séculos, pois o espírito é mais importante do que o corpo. “A carne para nada aproveita, o que importa é o espírito que dá vida” (João 6, 63).

Foi revolucionário o livro de Darwin: “Da Origem das Espécies” (1859), principalmente porque ele entrou em choque com as idéias da interpretação literal da Bíblia, quando a exegese e a hermenêutica ainda eram muito elementares e tímidas. A Igreja estava, pois, sem força moral para enfrentar aquele poderoso materialismo efervescente, após a Revolução Francesa, o que se agravava mais ainda pelo fato de ela estar, justamente naquela época, deixando a Inquisição. Foi quando surgiram também os não menos revolucionários livros científicos e espiritualistas de Kardec, entre eles o “O Livro dos Espíritos” (1857), os quais deram um verdadeiro “chega-pra-lá” nas idéias materialistas e anti-religiosas de Darwin e de seus contemporâneos Marx e Compte. Por isso dizemos com o escritor e pastor presbiteriano do Rio de Janeiro, Neemias Marien”: “O maior reformador do Cristianismo não é Lutero, mas Allan Kardec.” De fato, até Kardec, não se tinha feito ainda um estudo racional e científico da Bíblia.

Darwin foi um dos grandes cientistas da evolução da vida material, e Kardec o foi da evolução da vida do espírito na matéria e fora da matéria!

Autor do livro “A Face Oculta das Religiões” (Ed.Martin Claret), entre outros. E-mail: [email protected]